Advogado de família de estudante morto pela PM pretende cobrar estado
Advogado do estudante de medicina morto em novembro pela PM diz que polícia tem atuado “sem freios” em SP e pretende acionar o estado
atualizado
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São Paulo — O advogado Roberto Guastelli, representante da família do estudante de medicina morto pela Polícia Militar (PM), afirma que pretende acionar estado e demais agentes públicos, após a manifestação da Justiça sobre o pedido de prisão do soldado que atirou contra o rapaz. Para ele, a polícia tem atuado “sem freios” em São Paulo.
“Nesta primeira etapa, nós estamos visando a condenação dos agentes públicos pelo ato ilícito que eles praticaram. Praticaram uma execução contra um cidadão do bem, que estava de madrugada, na rua, que simplesmente fez uma brincadeira, uma traquinagem com o espelho, que não chegou a quebrar o espelho da viatura e foi abordado de uma forma truculenta, uma verdadeira execução, quando não precisava ter sido feito isso”, disse Guastelli.
O estudante de medicina Marco Aurélio Cárdenas Acosta foi morto em 20 de novembro pelo soldado da PM Guilherme Augusto Macedo. Imagens divulgadas em um relatório de investigação apontam que o rapaz estava encurralado, contra as grades, após dar um tapa no retrovisor de uma viatura e ser perseguido por PMs até um hotel, onde esteve momentos antes com a namorada.
O advogado disse que vai entrar com uma ação contra o governo estadual e que também estuda medidas contra os superiores dos PMs envolvidos na ocorrência.
“Depois, tomaremos as medidas necessárias contra o estado e os demais agentes públicos. Infelizmente, o que nós estamos vivendo hoje, essa polícia sem freios, é muito triste e lamentável”, disse Guastelli. “Hoje, qualquer um de nós podemos ser vítimas dessa violência açodada da Polícia Militar”, afirmou.
O advogado disse também que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) precisa mudar a mentalidade. “Infelizmente, o governador, que é o responsável pela Segurança Pública do estado de São Paulo, ele precisa repensar a forma como está sendo feita. Até mesmo o secretário da Segurança Púbica [Guilherme Derrite] precisa repensar, e o comandante da PM [Cássio Araújo]”, afirmou. “Não podemos viver com uma polícia desenfreada, sem limites.”
Atraso nas imagens
Sobre as câmeras corporais, o advogado diz que a Polícia Militar demorou a ceder as imagens que mostraram a ação em detalhes. “Aconteceu um acidente, um evento, a PM, o comandante do batalhão podem dispor das câmeras para a Polícia Civil. Por que não foi feito isso?”, questionou.
O representante da família do estudante diz também que o próprio MPSP pediu que a PM fosse oficiada para responder se havia ou não armas menos letais na viatura. “É uma informação muito importante. Se tivesse arma não letal, porque não foi utilizada? É uma pergunta que precisa ser feita e respondida pela PM. Não era um bandido que estava armado, o Marco Aurélio não era uma pessoa violenta, pelo contrário”, afirmou.