Advogado ataca de ator para ensinar como usar as leis no dia-a-dia
Francisco Rabello, o “Doutor Fran”, acumula mais de 8 milhões de seguidores nas redes com vídeos encenando situações e problemas jurídicos
atualizado
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São Paulo — Alguém pode ser multado por estacionar o carro em frente à própria casa? Um comércio pode dar bala de troco? Se um funcionário quebra o celular da empresa, quem deve pagar? É possível ser preso por ficar bêbado? Pode entrar com comida no cinema? E dividir um refil de bebida com outra pessoa?
Um advogado de São Paulo decidiu responder essas e várias outras dúvidas que as pessoas têm sobre a legislação brasileira, das situações mais cotidianas até as mais improváveis, como encontrar ouro no próprio quintal, em vídeos nas redes sociais.
Francisco Rabello, conhecido como “Doutor Fran”, acumula mais de 8 milhões de seguidores nas plataformas digitais. Aos 36 anos, o advogado mostra um lado roteirista e de ator ao criar pequenas histórias e interpretar as personagens envolvidas em algum impasse jurídico, tudo produzido com uma edição simples e bem-humorada.
“Sempre procurei usar uma linguagem simples. Porque eu sei que a linguagem do direito afasta as pessoas, porque é um português bem arcaico ou latim. Eu faço um conteúdo para que qualquer pessoa consiga assistir e entender, desde uma criança de 8 anos a uma idosa de 100 anos”, afirma Francisco, em entrevista ao Metrópoles.
O advogado conta que começou a fazer os vídeos após ser desligado da empresa em que trabalhava, em meados de 2020, com o objetivo de se recolocar profissionalmente.
“Eu não tinha essa intenção de ficar conhecido como fiquei. Tinha intenção de só mostrar meu conteúdo e, se as pessoas precisassem de um advogado, me procurassem”, diz Francisco.
Atualmente, ele divide a rotina entre a atuação como gestor jurídico em uma empresa, no horário comercial, e a produção dos vídeos, os quais cuida de todas as etapas sozinho.
O advogado reconhece o alcance que tem e seu papel como influenciador. “Tenho essa noção de que eu chego em muita gente, influencio muito as pessoas, principalmente a seguir a carreira. Recebo mensagens de jovens de 18, 19 anos que falam que estão fazendo faculdade de direito por minha causa”, conta.
Francisco afirma que a linguagem formal e técnica não é o único fator que afasta as pessoas do direito. Segundo ele, falta investimento na educação e até interesse por parte dos governantes em não incentivar esse conhecimento.
“Acho que há uma força estatal para que as pessoas não conheçam seus direitos, e não é só no Brasil. Então, o direito acaba sendo uma maneira de controlar o povo. As pessoas que sabem dos seus direitos, vão cobrar por eles. Por isso, não existe matéria de direito na escola, e deveria existir. Na minha concepção, tem que ser ensinado desde jovem, pelo menos os direitos básicos do cidadão. Direito constitucional, direito civil, direito trabalhista, que são coisas que a maioria das pessoas vai ter contato durante a vida”.