Advogada diz que mulher presa queria ficar com bebê para “ajudar mãe”
Segundo advogada, mãe do bebê Nicolas, de 2 anos, havia pedido que sua cliente ficasse com o menino porque não tinha como criá-lo
atualizado
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São Paulo — A advogada da mulher que presa em flagrante por tráfico de pessoas após ser encontrada com o bebê Nicolas Areias Gaspar, de 2 anos, na última segunda-feira (8/5), disse ao Metrópoles que o objetivo de Roberta Porfirio de Sousa Santos, de 41 anos, era “ficar com a criança” para “ajudar” a mãe.
Nicolas havia desaparecido em Santa Catarina no dia 30 de abril e foi encontrado pela Polícia Militar de São Paulo no bairro do Tatuapé, na zona leste da capital, com Roberta e Marcelo Valverde Valezi, de 52 anos. O bebê estava no banco de trás do carro do casal, sem sinais de maus-tratos.
Nessa terça-feira (9/5), as prisões de Roberta e Marcelo foram convertidas em preventivas pela Justiça paulista.
Ao Metrópoles, Fernanda Ferreira Salvador, advogada de Roberta, diz que a mulher, que mora em São Paulo, foi até Santa Catarina a pedido da mãe de Nicolas, Nathalia Areias Gaspar, para buscar o menino.
“A Nathalia pediu ajuda. Falou que ela e o filho estavam em uma situação de muita vulnerabilidade, com dificuldade para ter suas necessidades essenciais, que a família não custeava, não ajudava. E a minha cliente foi até lá para dar um apoio, uma ajuda mesmo. E Nathalia pediu para ela [Roberta] ficar com a criança”, afirmou.
De acordo com a advogada, Roberta pretendia adotar Nicolas no futuro. “A Roberta pretendia ficar com o Nicolas. Na verdade, seria uma adaptação, ver como seria. E daí, lá na frente, uma possível adoção”, diz ela.
A advogada afirma que Marcelo seria um amigo de Roberta e teria sido o responsável por intermediar o contato entre ela e Nathalia. Questionada sobre como Marcelo conheceu Nathalia, a advogada não soube responder.
“Devolução” da criança
A advogada Fernanda Ferreira Salvador diz que foi procurada no domingo (7/5) por Roberta para que ajudasse a fazer a devolução da criança, devido à repercussão do caso. Fernanda afirma que procurou o Fórum Regional de Tatuapé e relatou o caso ao promotor da Infância e Juventude Vladimir Aparecido Soares.
“A Roberta me contratou no domingo para eu verificar a questão da criança. Na segunda, eu fui até o fórum para explicar o que estava acontecendo para o promotor de Justiça, por conta da mídia, para regularizar as questões e também devolver a criança”, afirma Fernanda.
Segundo a advogada, o promotor disse que a criança ficaria sob os cuidados do Conselho Tutelar e orientou o casal a ir até uma delegacia.
Fernanda afirma que a prisão em flagrante de Roberta e Marcelo foi “premeditada”, uma vez que eles já estavam indo até o fórum.
“Na verdade, quando eles estavam indo para o fórum é que teve essa abordagem. Então, a prisão em flagrante não ocorreu. Ela foi premeditada, foi preparada.”
No boletim de ocorrência do caso, a Polícia Militar disse que o Ministério Público de São Paulo (MPSP) estava ciente da devolução do menino.
Família diz que Nathalia foi “aliciada”
Em entrevista ao Metrópoles, Juliano Gaspar, que é tio de Nicolas e irmão de Nathalia, disse que ela enfrenta um quadro de depressão pós parto e foi “aliciada” pelo casal.
Segundo Juliano, o casal teria entrado em contato com Nathalia por meio de um grupo no WhatsApp voltado a mães de primeira viagem quando ela ainda estava grávida, sem que a família soubesse.
“Essa pessoa tinha conseguido a confiança dela através de um grupo de apoio a mães de primeira viagem. Essa quadrilha talvez seja até dona do grupo. Porque parece que o grupo não foi encontrado. As pessoas ganharam a confiança dela prestando apoio e tudo mais em um grupo que era para isso”, afirmou.