Adolescente que atacou escola falou sobre o crime em grupo no Discord
Segundo a polícia, o jovem foi incentivado por pessoas que estavam na plataforma a seguir com o plano que acabou com a morte de uma garota
atualizado
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São Paulo – O adolescente de 16 anos responsável pelo ataque que deixou uma aluna morta e três feridos na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (13/10), falou sobre o crime em um grupo da rede social Discord.
Segundo informações iniciais da Polícia Civil, o jovem teria sido incentivado por outras pessoas que estavam no grupo a seguir com o plano de atacar a escola.
A Polícia Civil de São Paulo investiga a plataforma com a ajuda do Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça. Nesse grupo estariam pessoas que apoiam ataques do tipo, além de outros crimes.
Em nota, a comunicação do Discord afirmou que coopera com as autoridades no caso.
“Estamos cientes do trágico ataque que ocorreu na escola em Sapopemba, em São Paulo, e temos cooperado com as autoridades, assim como fizemos desde o início deste ano para outras investigações, como na Operação Escola Segura”, diz o texto.
A plataforma afirma que tem “políticas rigorosas contra atividades que promovam violência e ódio” e que conteúdos e comportamentos “potencialmente prejudiciais” são investigados, podendo levar ao banimento de usuários e a desativação dos servidores.
O texto diz ainda que 99% dos usuários de Discord não violaram nossas políticas nos últimos 6 meses.
O advogado do adolescente, Antonio Edio, nega que ele tenha planejado o ataque com a ajuda de outras pessoas.
O tiroteio na escola começou durante a manhã. O aluno teria disparado primeiro contra Giovana Bezerra, que morreu, e depois foi em direção a uma sala de aula.
O estudante foi apreendido ainda na escola e deve ser levado para a Fundação Casa ainda nesta segunda-feira.
Ameaça e rotina de agressões
A investigação aponta que o adolescente de 16 anos contou à mãe, em abril deste ano, que vinha recebendo ameaças on-line de pessoas que pareciam ser de “grupos rivais”. As ameaças eram feitas nas redes sociais.
Um boletim de ocorrência registrado pelo adolescente, em 24 de abril, menciona que o jovem foi agredido por “diversos alunos”, não identificados, da Escola Estadual de Sapopemba, a mesma onde ocorreu o ataque desta segunda-feira (vídeo acima).
O Metrópoles localizou dois registros, em vídeo, nos quais o adolescente é agredido. Um deles seria do caso registrado no B.O. Já o outro ocorreu no bairro da Liberdade, na região central da capital paulista.
Segundo alunos da escola, o adolescente era alvo de bullying por ser homossexual. Esse teria sido o motivo para o ataque desta segunda-feira.
Grupos rivais
Em alguns vídeos postados no TikTok e Instagram, o adolescente aparece chorando após sofrer violência física. As redes sociais eram usadas por ele, seus seguidores e um grupo rival para alimentar as desavenças entre os jovens.
De acordo com o registro da ocorrência, “a vítima [autor do ataque] tem muitas visualizações de tudo o que lhe acontece”. Além disso, segundo o B.O., “as agressões sofridas pela vítima se generalizaram na internet, e foi percebido que os agressores ganharam muitos seguidores”. Por fim, o estudante diz à polícia que “teme por sua integridade física e que as ameaças se espalhem”.
Segundo a família do adolescente, o Conselho Tutelar e a Diretoria de Ensino foram procurados na ocasião da denúncia. Acionada, a Secretaria de Estado da Educação não se manifestou. O espaço está aberto.
O ataque
Uma aluna de 17 anos morreu e dois estudantes ficaram feridos nesta segunda-feira. Um quarto jovem se machucou ao cair enquanto tentava fugir.
“Começou com dois barulhos de bomba. Pessoal gritando, saindo correndo. Eu pensei: ‘Meu Deus, deve ter acontecido alguma coisa’”, disse um aluno ouvido pelo Metrópoles.
“Tentamos trancar a porta, mandamos todo mundo sair. Saímos correndo, batendo nas portas das salas de aula para todo mundo sair. Caí da escada e machuquei o joelho. Foi desesperador demais, fiquei em pânico”, contou o estudante.
Em nota, o governo de São Paulo lamentou o episódio e se solidarizou com as famílias das vítimas. “Neste momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares”, informou.