Adolescente que atacou escola em Sapopemba agiu sozinho, diz advogado
Jovem que matou colega após ataque a escola não teve ajuda de outras pessoas e agiu por causa de bullying, segundo advogado
atualizado
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![foto colorida de movimentação de policiais e imprensa nos arredores da Escola Estadual Sapopemba, onde ataque a tiros deixou aluna morta - Metrópoles](https://fly.metroimg.com/upload/q_85,w_700/https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2023/10/23100928/escola1-1.jpg)
São Paulo — O adolescente que invadiu a Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital paulista, na manhã desta segunda-feira (23/10), atirou contra alunos e matou uma colega, não teve ajuda de ninguém para praticar o atentado, segundo seu advogado, Antonio Edio.
De acordo com o defensor, que conversou com jornalistas na sede do 70º Distrito Policial (Sapopemba), onde o caso foi registrado, o rapaz vinha sofrendo bullying há anos por ser homossexual e resolveu reagir. Giovanna Batista da Silva, de 17 anos, que levou o tiro na cabeça, porém, não era uma das pessoas que participava dos ataques, ainda segundo Edio.
Policiais civis informaram que o rapaz havia falando sobre o possível ataque em grupos de conversa do aplicativo Discord, mas o advogado negou que ele tenha tido cúmplices para cometer o ato infracional. Antonio Edio diz que, por causa do bullying, o rapaz seria “muito fechado”.
“Isso [a divulgação do caso] não procede. Ele me informou pessoalmente que não participa de nenhum grupo nesse sentido”, disse o advogado. “Se a polícia informou isso, tem que apurar através do inquérito”.
“Ele não comentou [que faria o ataque] com ninguém, foi uma decisão dele, na mente dele, na visão dele, para tentar sair dessa forte pressão que ele sofria devido a esse bullying”.
O advogado afirma que o adolescente e sua família haviam pedido ajuda diversas vezes ao poder público para lidar com a questão do bullying, mas que não teriam conseguido atendimento adequado. Por isso, para Edio, o Estado foi “omisso” com o caso e “poderá e deverá” também ser responsabilizado pelo atentado.
Ameaça e rotina de agressões
A investigação aponta que o adolescente de 16 anos contou à mãe, em abril deste ano, que vinha recebendo ameaças on-line de pessoas que pareciam ser de “grupos rivais”. As ameaças eram feitas nas redes sociais.
Um boletim de ocorrência registrado pelo adolescente, em 24 de abril, menciona que o jovem foi agredido por “diversos alunos”, não identificados, da Escola Estadual de Sapopemba, a mesma onde ocorreu o ataque desta segunda-feira (vídeo acima).
O Metrópoles localizou dois registros, em vídeo, nos quais o adolescente é agredido. Um deles seria do caso registrado no B.O. Já o outro ocorreu no bairro da Liberdade, na região central da capital paulista.
Segundo alunos da escola, o adolescente era alvo de bullying por ser homossexual. Esse teria sido o motivo para o ataque desta segunda-feira.
Grupos rivais
Em alguns vídeos postados no TikTok e Instagram, o adolescente aparece chorando após sofrer violência física. As redes sociais eram usadas por ele, seus seguidores e um grupo rival para alimentar as desavenças entre os jovens.
De acordo com o registro da ocorrência, “a vítima [autor do ataque] tem muitas visualizações de tudo o que lhe acontece”. Além disso, segundo o B.O., “as agressões sofridas pela vítima se generalizaram na internet, e foi percebido que os agressores ganharam muitos seguidores”. Por fim, o estudante diz à polícia que “teme por sua integridade física e que as ameaças se espalhem”.
Segundo a família do adolescente, o Conselho Tutelar e a Diretoria de Ensino foram procurados na ocasião da denúncia. Acionada, a Secretaria de Estado da Educação não se manifestou. O espaço está aberto.
O ataque
Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, morreu após ser ferida com um tiro na nuca, quando se preparava para descer uma escada. Outro estudante ficou ferido e um quarto jovem se machucou ao cair enquanto tentava fugir.
“Começou com dois barulhos de bomba. Pessoal gritando, saindo correndo. Eu pensei: ‘Meu Deus, deve ter acontecido alguma coisa’”, disse um aluno ouvido pelo Metrópoles.
“Tentamos trancar a porta, mandamos todo mundo sair. Saímos correndo, batendo nas portas das salas de aula para todo mundo sair. Caí da escada e machuquei o joelho. Foi desesperador demais, fiquei em pânico”, contou o estudante.
Em nota, o governo de São Paulo lamentou o episódio e se solidarizou com as famílias das vítimas. “Neste momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares”.