Acusação de hacker contra marqueteiro Duda Lima respinga na campanha de Nunes
À CPMI do 8 de Janeiro, Walter Delgatti implicou marqueteiro Duda Lima, contratado pela campanha de Ricardo Nunes, em trama contra as urnas
atualizado
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São Paulo — A acusação feita pelo hacker Walter Delgatti Neto contra o marqueteiro Duda Lima, durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos de 8 de janeiro, nesta quinta-feira (17/8), já respinga na campanha do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Em março, Nunes contratou Duda Lima para iniciar sua pré-campanha pela reeleição no ano que vem, com o objetivo de atrair para sua coligação o PL e o bolsonarismo. Amigo de Valdemar Costa Neto, Lima é marqueteiro do Partido Liberal há anos e fez a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Durante a campanha presidencial, em agosto, Walter Delgatti se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada e com Valdemar e Duda Lima, na sede do PL, em Brasília. As reuniões foram articuladas pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que contratou o hacker para um plano de atacar a credibilidade das urnas eletrônicas às vésperas da eleição.
Nesta quinta-feira, na CPMI do 8 de Janeiro, Delgatti detalhou, em depoimento, o que tratou na reunião que teria tido com o marqueteiro Duda Lima, junto com Zambelli e o irmão dela, o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP), no dia 9 de agosto de 2022, na sede do PL em Brasília.
“O Duda, que é o marqueteiro, inicialmente disse que o ideal seria eu participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas. Era essa a ideia inicial. Falar da fragilidade das urnas”, afirmou o hacker à CPMI. “A proposta inicial não ocorreu porque meu encontro saiu na mídia e por esse motivo eles cancelaram isso”, completou.
Delgatti disse aos senadores e deputados que havia um segundo plano, envolvendo ataque à credibilidade das urnas eletrônicas, no qual Duda Lima também teria participação.
“A segunda ideia era, no 7 de Setembro, eles pegarem uma urna emprestada da OAB, acredito, e que eu pegasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro. O código-forte da urna, eu faria um meu, não o do TSE, só mostrando. A população, vendo que é possível apertar um voto e imprimir outro. Seria essa a ideia”, disse Delgatti.
Em nota, Duda Lima negou todas as acusações feitas pelo hacker.
“Se eu tiver um sósia, preciso conhecer. Nunca participei de reunião com Carla Zambelli e esse rapaz, nem com Valdemar”, diz Duda Lima. “Encontrei com esse rapaz na escada do partido, não sabia quem ele era e nem quem estava com ele. Carla Zambelli não estava e nem Valdemar, quando ele me disse quem ele era. Desconversei, ‘pulei fora’ e segui com minhas atividades”, completou.
O prefeito Ricardo Nunes ainda não se manifestou sobre as acusações feitas pelo hacker contra o marqueteiro contratado para fazer sua campanha à reeleição. Aliados do emedebista já projetam que as suspeitas envolvendo Duda Lima será explorada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que já tenta colar o rótulo de bolsonarista no prefeito da capital.
Segundo auxiliares de Nunes, o prefeito já tem um plano B caso decida trocar de marqueteiro. Trata-se do publicitário Pablo Nobel, que fez a campanha do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em 2022.