A vida de luxo dos denunciados por fraude do PCC nas prefeituras de SP
Ligados ao PCC, líderes de esquema de fraude em licitações públicas viviam em festas e ostentavam imóveis e carros de luxo
atualizado
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São Paulo – Investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) revela a vida de luxo de Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, acusado de liderar o esquema que fraudou ao menos R$ 200 milhões em contratos públicos em benefícios de empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Latrell foi denunciado nesta semana pelo MPSP e está foragido. Segundo a acusação, obtida pelo Metrópoles, o dinheiro oriundo das fraudes do PCC era usado para desfrutar de viagens internacionais, festas regadas a bebidas e servia até para a poupança milionária para bancar a faculdade da filha.
O esquema descoberto envolve fraudes em licitações de mais de dez cidades paulistas, a partir de empresas registradas em nome de laranjas, além do pagamento de propina, via Pix ou dinheiro vivo, para agentes públicos. Outros participantes também usufruíam das regalias, de acordo com a denúncia.
À Justiça, a promotoria relata que Latrell fazia “constantes referências ao seu patrimônio amealhado ilicitamente”. Nos destaques do Instagram, o foragido mantinha posts das suas viagens para Itália, França, Suíça, Argentina e Estados Unidos.
“Vida de Brito”
Com imagens de passeios e baladas regadas a bebidas, esses conteúdos nas redes sociais de Latrell eram intitulados de “Vida de Brito”. Um dos episódios foi publicado em junho de 2023.
O post mostrava ele e o sócio Márcio Zeca da Silva, que está preso e é apontado como um dos elos do grupo com o PCC, participando de uma festa (foto acima) em um condomínio de alto padrão na praia de Boraceia, em Bertioga, no litoral paulista.
Segundo a promotoria, Márcio “ostenta elevado padrão de vida”. Dono de imóveis e veículos de luxo, o sócio de Latrell chegou a ser preso em 2021, com 200 porções de cocaína escondidas no fundo falso da sua Mercedes-Benz.
Também consta na denúncia o episódio em que outros dois denunciados fazem uma foto, com uma garrafa de champanhe em um restaurante, logo após conseguirem manipular um pregão de Itatiba, no interior. O caso aconteceu em outubro de 2021.
“Não surpreende que, enquanto gozam dos valores desviados do erário das licitações fraudadas, desfrutem juntos, ostentando em redes sociais e festejando a vida de supostos empresários de sucesso”, registra o MPSP.
Imóveis e faculdade de R$ 1 milhão
Para a promotoria, o patrimônio de Latrell também é relevante. Levantamento dos investigadores mostra que ele tem uma casa, escritório, clínica odontológica e lojas de roupa em Suzano, na Grande São Paulo, além de outros três imóveis na praia, em Guarulhos e em Mogi das Cruzes.
Ao quebrar o sigilo do celular do acusado, o MPSP descobriu, ainda, que a filha do acusado, que é adolescente, consta como compradora de um apartamento em Suzano.
Uma troca de mensagens, interceptada na investigação, mostra que o foragido decidiu separar R$ 1 milhão para a faculdade de medicina da jovem. De acordo com a promotoria, a poupança seria uma precaução para o caso de ele acabar preso.
“Já separei um milhãozinho, deixei guardado ali para a faculdade. A gente sabe que pode acontecer aquele susto que eu tomei da polícia”, diz trecho da mensagem.
Operação Munditia
Ao todo, o MPSP denunciou 17 pessoas no âmbito da Operação Munditia, que descobriu o esquema de fraude do PCC, deflagrada no dia 16 de abril.
Entre os denunciados, estão quatro vereadores: Flavio Batista de Souza (Podemos), o Inha, ex-presidente da Câmara de Ferraz de Vasconcelos; Gabriel dos Santos (PSD), de Arujá, ambas na Grande São Paulo; Ricardo de Oliveira (PDT), o Ricardo Queixão, de Cubatão, no litoral, e Luiz Carlos Alves Dias, o Luizão Arquiteto, de Santa Isabel, no interior.
O Metrópoles não conseguiu contato com os citados na matéria. O espaço segue aberto para manifestação.