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A folha corrida de Law Kin Chong, dono do shopping incendiado no Brás

Prisão em flagrante por propina a deputado, devassas da Receita por pirataria e CPIs marcam história do empresário Law Kin Chong

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LAW KIN CHONG E A ESPOSA EM CPI NA CÂMARA MUNICIPAL - METRÓPOLES
1 de 1 LAW KIN CHONG E A ESPOSA EM CPI NA CÂMARA MUNICIPAL - METRÓPOLES - Foto: André Bueno / Rede Câmara

São Paulo – Dono do Shopping 25, no Brás, que pegou fogo na última quarta-feira (30/10), o empresário Law Kin Chong ergueu um império de prédios suspeitos de abrigar comércio de produtos contrabandeados em São Paulo. Foi preso duas vezes por contrabando e condenado por tentar subornar um deputado federal para que aliviasse menções ao seu nome em um relatório da CPI da Pirataria no Congresso Nacional.

Aos 60 anos, o empresário é dono de galerias na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, o que lhe conferiu o apelido de “Rei da 25 de Março”. Parte de suas empresas responsáveis por esses imóveis, nas últimas décadas, passou para o nome de sua esposa, Hwu Su Chiu Law, conhecida como Miriam Law.

O último laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros de São Paulo emitido para o prédio do Shopping 25, que ficou destruído após um incêndio de grandes proporções, estava em nome da Maxim Administração e Participações, empresa que está em nome de Miriam, mas foi fundada por Law Kin Chong.

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Incêndio atinge centro de compras no Brás
Incêndio atinge centro de compras no Brás
Incêndio atinge centro de compras no Brás
Ruas no entorno da Barão de Ladário estão interditadas
Ambulâncias do Samu estão a postos no Brás, onde incêndio atinge shopping
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Incêndio atinge centro de compras no Brás

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Incêndio atinge centro de compras no Brás

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Ruas no entorno da Barão de Ladário estão interditadas

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Ambulâncias do Samu estão a postos no Brás, onde incêndio atinge shopping

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Fumaça pode ser vista em várias ruas do Brás

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Caminhão-pipa chega ao local do incêndio no Brás

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Somente em shoppings administrados pela Maxim, entre 2012 e 2019, fiscalizações da Receita Federal já apreenderam mais de R$ 600 milhões em mercadorias ilegais. Em uma representação contra a empresa e a mulher de Law, agentes afirmaram que, nos shoppings do empresário, vendem-se produtos de alto luxo por valores ínfimos, como R$ 500.

Segundo a Receita, a fórmula para o grupo de Law fugir da responsabilidade pelo material apreendido é alegar ser apenas dona dos prédios e sublocá-los aos comerciantes que ficam em seus boxes. Acontece que agentes do fisco afirmam ter encontrado uma verdadeira “cadeia de falsidade” nos contratos de aluguel, recheados de papéis não reconhecidos por cartórios e assinaturas divergentes de uma mesma pessoa.

Havia até microempreendedor individual responsável pelo aluguel de oito boxes, por R$ 500 mil anuais. Em alguns empreendimentos de Law, mais de 50% dos responsáveis eram chineses e 80% deles vinham de duas cidades específicas do país. Boa parte não tinha sequer registro legal no Brasil.

A representação da Receita Federal foi encaminhada para a Polícia Civil de São Paulo, por não haver indícios de crimes federais, em 2022. Em dois anos de inquérito, o delegado responsável, Cleber Martins, tomou um depoimento e fez subsequentes pedidos à Justiça para esticar as investigações, em razão de diligências pendentes. Ele não especifica nos despachos quais são essas medidas de investigação ainda não adotadas.

Na década de 2000, Law foi preso duas vezes por suspeita de contrabando. Em uma das ocasiões, chegou a passar quatro meses no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, conhecido por abrigar presos famosos e de casos emblemáticos. Por lá, passaram o médico Roger Abdelmassih, o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza e Edinho Nascimento, filho de Pelé.

Nos últimos anos, Law Kin Chong foi investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal para apurar pirataria e contrabando em shoppings no centro de São Paulo. O relatório final do colegiado foi enviado ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), que arquivou o caso.

Foi outra CPI, no início dos anos 2000, que levou à trama que deu ensejo à condenação criminal de Law Kin Chong a seis anos de prisão na Justiça Federal – contra a qual ele apela até hoje. Segundo a acusação, um intermediário do empresário entrou em contato com um deputado federal para negociar propina em troca de um “alívio” no relatório final das investigações sobre pirataria.

O deputado armou um flagrante com um policial, o que levou à prisão do empresário e de um suposto intermediário da negociação que estava com US$ 75 mil em dinheiro vivo, que seriam parte da suposta propina. A proposta indecente era que sua mulher, Miriam, a mesma que é dona do shopping 25, não fosse alvo de uma devassa da Receita Federal à época, em meio à CPI.

Gravado, Law chegou a acertar valores com o parlamentar: “Uma sugestão, porque eu não acho ali na esquina. Eu queria fazer assim. Um agora e mais 30, 60, 90 e 120, pode ser?”. Ele foi condenado inicialmente a quatro anos de prisão e, depois, a seis anos em regime inicial fechado. Neste momento, tem recorrido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para reverter a sentença.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Law Kin Chong, que não se pronunciou. O espaço segue aberto.

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