A derrota que frustrou Tarcísio, Bolsonaro e Kassab nas eleições de SP
Resultado do primeiro turno na segunda maior cidade do estado frustrou articulação de governador, ex-presidente e ex-prefeito de São Paulo
atualizado
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São Paulo — Enquanto a apuração do último domingo (6/10) sinalizava uma vitória para Tarcísio de Freitas (Republicanos) no pleito capital paulista, com Ricardo Nunes (MDB) alçado ao segundo turno, a poucos quilômetros dali o resultado apontado pelas urnas de outra cidade marcava uma derrota para o governador nas eleições de São Paulo.
Em Guarulhos, segundo maior município do estado, o candidato que reunia o apoio de Tarcísio, Jair Bolsonaro (PL) e Gilberto Kassab (PSD), Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos), recebeu 20,12% dos votos válidos e ficou fora do 2º turno. Em seu lugar, Lucas Sanches (PL) – que apesar de ser do partido de Bolsonaro, não recebia o apoio do ex-presidente – tomou os votos da direita e deslanchou, em primeiro lugar, para o 2º turno contra Elói Pietá (Solidariedade).
Líder de Tarcísio na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Xerife recebeu o apoio do governador desde o início da campanha. Tarcísio gravou vídeos para as redes sociais do deputado e participou de uma caminhada com ele pelas ruas da cidade na semana das eleições.
Bolsonaro também fez uma visita a Xerife às vésperas do pleito e apareceu em postagens no Instagram do deputado. Além deles, o candidato recebeu ainda o apoio do atual prefeito de Guarulhos, Guti, e do secretário estadual de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab. Os cabos eleitorais não foram suficientes, no entanto, para levá-lo ao segundo turno.
O deputado começou a disputa bem colocado, atrás apenas do ex-prefeito da cidade Elói Pietá (Solidariedade). Xerife iniciou a campanha dizendo ser o único capaz de derrotar “os dois PTs” em Guarulhos, uma referência aos adversários Alencar Santana (PT) e Pietá – este último ex-petista que deixou a sigla após ver seu nome pelo partido para disputar a eleição.
No início de setembro, Xerife viu, no entanto, sua vantagem nas pesquisas de intenção de voto ser ameaçada com o avanço de Lucas Sanches (PL), político de 28 anos e ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), que entrou na disputa com a benção de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em meio a um racha da direita na cidade.
Enquanto Lucas subiu do quarto lugar para a vice-liderança nas pesquisas em menos de três semanas, adotando um discurso à la Pablo Marçal (PRTB) em que dizia ser o “único representante da direita na cidade”, Xerife passou a responder a um pedido de cassação movido pelo rival do PL em razão de irregularidades envolvendo a sua vice. Por fim, o resultado das urnas deu vitória ao nome escolhido por Valdemar, frustrando o investimento feito por Tarcísio e Bolsonaro na cidade.
Sucesso da direita e o efeito Tarcísio
O resultado deixa uma marca negativa em meio a uma campanha vitoriosa de Tarcísio, Bolsonaro e Kassab pelo estado. Dos 645 municípios paulistas, 354 serão comandados por prefeitos do PSD, de Kassab, do PL, de Bolsonaro, e do Republicanos, de Tarcísio, a partir de 2025. Em 2020, os três partidos juntos tinham vencido a disputa no primeiro turno em apenas 122 cidades.
Nesse cenário, o maior crescimento foi do partido Republicanos, que conquistou 80 prefeituras no estado neste domingo (6/10) – quatro vezes mais que em 2020, quando elegeu 20 prefeitos. À exemplo da capital paulista, onde o candidato apoiado por Tarcísio, Ricardo Nunes (MDB), despontou na liderança dos votos e disputará o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSol), o governador se mostrou um cabo eleitoral de sucesso.
No interior, o partido de Tarcísio venceu, ainda no primeiro turno, as disputas em Campinas, com Dário Saadi, e Sorocaba, com Rodrigo Manga. No último caso, Manga venceu com 73,75% dos votos contra Danilo Balas (PL), candidato apoiado por Bolsonaro e Guilherme Derrite (PL). Para o segundo turno, a disputa entre as duas legendas da direita se repetirá em Santos, com Rogério Santos (Republicanos) contra Rosana Valle (PL).
Mesmo com as derrotas para o Republicanos, o PL saiu com saldo positivo nas disputa pelas prefeituras do estado de São Paulo, e cresceu de 40 para 10 prefeituras paulistas sob seu domínio. Já o PSD, de Kassab, foi de 62 prefeituras para 203.