A cada semana, uma arma é roubada ou furtada das polícias de SP
Desde 2019, segundo dados oficiais, 295 armas de policiais civis e militares foram furtadas ou roubadas no estado de SP
atualizado
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São Paulo — Casos de furto de armas oficiais não estão restritos ao Exército, que ainda tenta recuperar duas das 21 metralhadoras subtraídas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, há quase dois meses.
Dados obtidos com exclusividade pelo Metrópoles mostram que, em pouco mais de quatro anos e meio, criminosos roubaram ou furtaram 295 armas de policiais civis e militares no estado de São Paulo. Isso equivale a um caso a cada seis dias.
Entre 2019 e agosto deste ano, 100 armas foram roubadas e 87 furtadas de PMs paulistas. No mesmo período, a Polícia Civil registrou 108 casos de armamento subtraído por bandidos ou extraviados.
No caso da Polícia Civil, o quantitativo informado é de procedimentos e não de armas, o que indica que o total de armamento subtraído pode ser maior.
Segundo a PM, 53% dos casos registrados no período envolvem roubo, ou seja, resultaram de abordagens violentas, nas quais a vítima é coagida pelo bandido.
Foi o que aconteceu com dois soldados da PM feridos a tiros após um criminoso desarmar um dos agentes e atirar contra os policiais durante uma abordagem em São Mateus, zona leste paulistana, em junho deste ano.
Uma câmera de monitoramento registrou a ação dos bandidos (assista abaixo).
Como mostrado pelo Metrópoles, Dario Gabriel Costa Viveiros sacou a arma de um dos PMs e o feriu com um tiro na face. O outro policial foi atingido com um tiro na perna direita e outro na região do abdômen.
O bandido fugiu, junto com um comparsa, levando a arma de um dos soldados. Os dois policiais se recuperaram dos ferimentos posteriormente.
Armas furtadas do Exército
No caso do furto das armas do Exército, revelado em outubro pelo Metrópoles e que ganhou repercussão nacional, criminosos levaram 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra em Barueri, sendo 13 calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e oito calibre 7.62, que perfuram veículos blindados.
Esse arsenal do Exército, que teria sido furtado entre os dias 5 e 8 de setembro, supera os 12 roubos e oito furtos de armas de fogo de PMs registrados entre janeiro e agosto deste ano. O sumiço das metralhadoras só foi descoberto pela instituição no dia 10 de outubro, durante inspeção.
Segundo o Comando Militar do Sudeste, a ação criminosa teve participação direta de militares. Seis são investigados criminalmente, tiveram seus sigilos bancário e telefônicos quebrados e foram alvos de pedidos de prisão preventiva, negados pela Justiça Militar.
Outros 20 militares foram punidos com prisão administrativa, por terem cometido falha de conduta ou erro de procedimento na fiscalização e controle do armamento dentro do quartel em Barueri.
De acordo com o secretário da Segurança Pública paulista, Guilherme Derrite, as armas furtadas do Exército foram negociadas com o Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro. As duas facções, porém, teriam recusado as metralhadoras por falta de peças e por causa do estado de conservação do armamento.
Até o momento, 19 metralhadoras foram recuperadas, dez no Rio de Janeiro — em ocorrências diferentes na comunidade da Gardênia Azul e na Praia da Reserva, ambas na zona oeste da cidade — e nove em São Roque, no interior de São Paulo. As duas armas ainda não encontradas são as de calibre .50. Ninguém foi preso pelo crime.