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O tamanho de Mauricio Pochettino no Tottenham

Sob o comando do argentino, clube londrino se acostumou a grandes jogos, disputa de títulos e desenvolveu excelentes jogadores

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Robbie Jay Barratt – AMA/Getty Images
Everton FC v Tottenham Hotspur – Premier League
1 de 1 Everton FC v Tottenham Hotspur – Premier League - Foto: Robbie Jay Barratt – AMA/Getty Images

Chegou ao fim um dos melhores trabalhos dos últimos anos no continente europeu. A demissão de Mauricio Pochettino não foi exatamente uma surpresa, mas o momento, sim. A queda de aproveitamento no início da temporada veio acompanhada de várias discussões.

Qual o nível e que tipo de desgaste poderia gerar a ruptura de uma trajetória indiscutivelmente positiva para o clube? Que o Tottenham não jogou bem em 2019, é fato. Aliás, é possível até dizer que o nível de desempenho já havia caído mesmo no primeiro semestre, quando o time alcançou uma inédita final de Liga dos Campeões.

O casamento de cinco anos e meio produziu resultados marcantes e mudou o patamar do clube. Foram quatro temporadas seguidas no top-4 da Premier League, sendo três delas no top-3. Para se ter uma dimensão, a última vez havia sido o terceiro lugar em 1990, encerrando a grande década de 1980 do clube, que teve títulos de copas nacionais e internacionais.

A atual temporada também representa o quarto ano seguido na Champions League. Antes disso, havia participado de apenas uma edição em mais de 50 anos. Mais do que isso: entrou no mapa dos clubes respeitados no cenário europeu e se acostumou aos grandes duelos internacionais, como nas vitórias sobre Real Madrid e Borussia Dortmund, ou na dura eliminação contra a Juventus em 2018.

Sem falar na final de 2019, que só foi possível após encarar Barcelona, Inter de Milão, PSV, Borussia Dortmund, Manchester City e Ajax. Não é pouco, mesmo para quem tentar reduzir o trabalho ao número de títulos.

De fato, Pochettino nada venceu no Tottenham. Mas tudo mudou durante o período. O crescimento trouxe estabilidade, relevância internacional, desenvolveu inúmeros jogadores e fez um grupo de jovens alcançar, possivelmente, o nível mais alto que poderia. Se a cobrança passou a ser maior, é porque todos se acostumaram com a nova realidade. Mais uma vez, méritos para o trabalho do argentino, por mais que acabe virando vítima do próprio sucesso.

Harry Kane, Dele Alli, Son Heung-Min, Eriksen, Winks, Trippier, Alderweireld, Vertonghen, Dembélé, Dier, Rose… É possível dizer que todos eles atingiram o melhor nível de suas carreiras sob o comando de Pochettino no Tottenham. Muitos surgiram ali, como Kane, um jovem atacante que acumulava empréstimos por equipes de divisões inferiores. Considerar o time forte já é, por si só, um reconhecimento do trabalho que foi desenvolvido.

Mas e os motivos para a queda? A lógica por trás da demissão de quem foi vice-campeão europeu há menos de seis meses? Como veio a decisão de abrir mão de um técnico que a mesma diretoria fez questão de segurar diante do interesse de gigantes como Real Madrid e Manchester United?

São perguntas ainda difíceis de responder. Talvez, o desgaste se manifeste de duas formas. Uma por segurar jogadores que expressaram o desejo de sair em outros momentos (Eriksen e Alderweireld são exemplos). Outra, a possibilidade de ter extraído o máximo que o grupo tinha a oferecer. O nível coletivo e individual talvez tenha batido no teto e não se manteve no início da atual temporada – curiosamente, bem no momento em que a janela de transferências enfim traria um oxigênio, com as contratações de Ndombelé e Lo Celso.

Certamente não foi uma decisão simples, mas claramente veio acompanhada da oportunidade de ter José Mourinho como novo treinador. Uma enorme aposta em algo bastante diferente, virando rapidamente a página de um dos maiores trabalhos da história do Tottenham Hotspur. E quanto a Mauricio Pochettino, a certeza é de que seu nome no mercado despertará o interesse de muitos gigantes.

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