CR7, Dybala e Higuain: o nascimento de um novo trio de ataque
Nos primeiros jogos do trio como titular, a Juventus aparenta apostar na intensidade dos craques para definir o placar cedo
atualizado
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Dezembro não costuma ser o mês do início das expectativas no futebol europeu. Geralmente, o efeito do novo vem diretamente do impacto das janelas de transferências. As contratações chegam e as possibilidades surgem, aumentando ou diminuindo o interesse do público e da torcida pelo que está por vir.
Só que a Juventus foge um pouco da regra. Sarri passou quase toda a primeira metade da temporada 2019/20 guardando o que muitos cobravam e esperavam ver: Dybala, Cristiano Ronaldo e Higuaín juntos em campo. Por incrível que pareça, o trio só foi começar seu primeiro jogo como titular no dia 15 de dezembro.
Contra a Udinese, o primeiro tempo empolgou e mudou o clima do estádio. Na rodada seguinte, vitória contra a Sampdoria com gols de Dybala e Ronaldo. A Juve não vinha jogando bem nas últimas semanas e algumas vaias foram escutadas no empate com o Sassuolo, por exemplo. Mas por que demorou tanto tempo para acontecer?
Quando Sarri chegou, iniciou um processo de transformação que não seria dos mais simples. Mudar a forma de jogar em um clube hegemônico no cenário nacional não era um desafio pequeno. De repente, a diretoria fez uma aposta: sair de um estilo mais flexível com o vencedor Allegri e buscar um jogo mais ofensivo e capaz de controlar os adversários, tendo em mente o trabalho realizado no Napoli.
Os primeiros meses apresentaram oscilações naturais. A Juve teve atuações muito boas, mas a temporada não é convincente. Para completar, a Inter ganhou competitividade com Conte e surgiu como um real adversário na luta pelo título.
Sarri definiu sua formação e buscou ajustes a partir de então. Com um losango no meio, estabeleceu Pjanic como a referência da distribuição na saída de bola. O bósnio é um dos melhores do mundo na função e encaixa perfeitamente no que o treinador espera do seu meio-campista mais recuado. Com Khedira e Matuidi, apostou na força física para ocupar espaços e pressionar em zonas mais adiantadas. É fato que o alemão não foi bem e acabou superado por Bentancur e Rabiot.
Só que o ponto de maior debate era exatamente no complemento: o “10”, se considerarmos o meia mais avançado do 4-3-1-2. Bernardeschi e Ramsey se alternaram na função e chegaram a fazer alguns bons jogos. Naturalmente, nenhum deles possui a capacidade criativa de Dybala. E por que não testar o italiano?
Segundo Sarri, a resposta era o equilíbrio coletivo. Para um time que se propõe a pressionar a saída de bola dos adversários e que tenta dar liberdade para a dupla de ataque, não seria possível abrir mão de um quarto meio-campista no trabalho sem bola. Em nome do equilíbrio, o fôlego de Bernardeschi ganhou continuidade, especialmente após executar uma função específica de marcação sobre Brozovic no esperado duelo contra a Inter.
Só que, com a bola, a Juve começou a apresentar limitações. O primeiro passe sempre sai com qualidade de Pjanic, mas o meio não era exatamente criativo. Diante de adversários mais fechados, quando a pressão mais adiantada não gerava situações de gol, a equipe pouco criava. E aí começou a maior crítica, já que estava exposto um dilema. Quem escalar se só há espaço para dois dos três? Cristiano Ronaldo jogou muito bem até outubro e é intocável, mas depois teve um mês abaixo. Enquanto isso, Higuaín tem rendido bem como pivô e Dybala concentra o maior brilho individual do elenco na temporada.
Virou a famosa história do melhor ser sempre o que está no banco. E, de fato, quem saía do banco geralmente acrescentava bastante, como fez Dybala em inúmeras partidas. Começou a ficar insustentável abrir mão da qualidade de um deles, e o desempenho coletivo já não agradava.
Desde o início, Sarri falou que escalar o trio seria algo que levaria um tempo para ser trabalhado e ajustado. Até então, eram poucos minutos dentro dos jogos. Quando veio a primeira titularidade, a capacidade ofensiva se mostrou muito positiva para ser ignorada. Ao mesmo tempo, há uma consequência também evidente: os três precisarão se dedicar muito no trabalho sem bola. Inicialmente, parecem dispostos a isso, em nome de uma melhor companhia e do bom entendimento entre eles em campo.
Nos dois primeiros jogos do trio como titular, a impressão é de que a nova Juventus tende a ser um time de início intenso, apostando na capacidade de CR7, Dybala e Higuain para tentar encaminhar ou definir o placar cedo, enquanto houver fôlego. No segundo tempo, muito provavelmente dois deles acabarão substituídos, e Douglas Costa, Ramsey e Bernardeschi viram armas interessantes para determinados cenários.
Qual será o teto para o novo ataque da Juventus, não sabemos. Mas o time ganha uma nova e grande atração para a segunda metade da temporada europeia, projetando Serie A e Champions League.