Coadjuvantes? Quem são as sensações que valorizam os campeonatos
Times como Atalanta, Leicester e Granada têm ajudado a diminuir a fama de previsíveis dos torneios europeus e incomodado os bichos-papões
atualizado
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Uma das maiores críticas recebidas pelos campeonatos europeus é a suposta previsibilidade. De fato, as disputas não costumam passar por tantos candidatos diferentes. Não que o Brasil seja muito diferente atualmente, mas a memória dos tempos de mata-mata mantém viva a ideia de que qualquer um pode ser campeão ou a ilusão de que existem vários concorrentes reais.
Maior ou menor, o desequilíbrio na tabela não necessariamente significa baixo nível de um campeonato. A competitividade está mais no campo do que na tabela de classificação final, e qualquer avaliação deveria valorizar mais os jogos do que apenas os resultados. Equilíbrio tende a gerar mais emoção, que certamente é um dos fatores – não o único.
O último fim de semana colocou em evidência algumas das principais sensações da temporada europeia. Na Inglaterra, o Leicester fez 9 a 0 no Southampton. Na Itália, a Atalanta fez 7 a 1 na Udinese. Dois dos melhores coadjuvantes de seus campeonatos, atraindo holofotes para trabalhos que merecem créditos.
No caso da Atalanta, já não é novidade. O time de Gian Piero Gasperini já soma bons anos e está na Champions League com suas características bem peculiares. No caso do Leicester, a chegada de Brendan Rodgers potencializou um elenco repleto de qualidade. Disputar título? Não parece a realidade para ambos, mas por que não lutar por vaga entre os quatro primeiros? Hoje, não é absurdo dizer que a Atalanta é melhor que Milan ou Roma, assim como o Leicester não deve nada a Manchester United ou Arsenal.
Muito além das goleadas das sensações, outros campeonatos europeus também apresentam surpresas bem mais inesperadas. O Granada começou a semana na liderança do Espanhol, algo impressionante para quem chegou da segunda divisão. A tendência natural é não permanecer por lá, mas o feito é considerável após 10 rodadas. De todas as novidades citadas, é quem se difere por contar com uma média de posse de bola bem inferior, muitas vezes marcando adiantado e buscando a definição mais rápida dos lances. Se o Granada apareceu sem avisar, a Real Sociedad confirma uma alta expectativa criada por reunir bons jovens jogadores, com destaque para Odegaard.
Na Alemanha, o Borussia Monchengladbach é o líder do momento, projetando outro treinador que já chamou atenção nos últimos anos. Marco Rose levou o Red Bull Salzburg, hegemônico na Áustria, a uma semifinal de Europa League, dando sequência ao trabalho que já havia iniciado na base, com o título europeu sub-19 conquistado pelo clube em 2017.
Saindo das grandes ligas, outras surpresas também já se apresentaram. O Famalicão investiu no retorno à elite portuguesa e só perdeu a invencibilidade e a liderança na oitava rodada, ao ser derrotado pelo Porto no confronto direto do fim de semana. Na Turquia, o Alanyaspor aposta em veteranos como Papiss Cissé e Junior Fernandes para liderar, mesmo que o aproveitamento já tenha caído nas últimas semanas. O clube aproveita o instável início das quatro principais forças do país para se segurar enquanto pode.
O início da temporada 2019/20 tem sido bastante rico nas ligas europeias em histórias, surpresas e diversidade de estratégias. Até mesmo nas competições continentais isso tem sido visto. Clubes como Salzburg e Slavia Praga já deram trabalho para gigantes como Liverpool, Inter de Milão e Barcelona. Ou o Dinamo Zagreb, tradicional fábrica croata de talentos, que fez boa Europa League no último ano e tem conseguido competir em um nível pouco habitual para a sua história recente. Por mais que o caminho natural seja a volta da “ordem natural” com o passar dos meses e rodadas, há muito futebol para acompanhar além dos gigantes.