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Não há como alcançar o novo sem correr riscos

Tememos que, ao fazer novas apostas, estaremos mais próximos do erro. Isso é uma falácia inspirada por nossas feridas

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“Desta vez, farei diferente.” Muitas decisões são orientadas por essa sentença, o que conota a nossa necessidade de progresso. O importante não é mais reparar uma história pregressa – algo impossível –, mas evitar cometer os mesmos erros.

O tempo passa e, ao percebermos, repetimos as mesmas estratégias, caminhamos pelas velhas estradas. Vem aquela sensação de que nada aprendemos ou, pior, imaginamos que talvez essa seja uma sina a ser cumprida. Mudaram atores e cenários, mas o drama se preserva.

No entanto, tal percepção é um sinal importantíssimo: alguma coisa está diferente. Algo revela uma transformação naquilo que somos. E, assim, talvez a vida não precise mais se encaminhar ao mesmo desfecho. Devemos nos orgulhar do progresso alcançado.

Ainda que a mudança não mobilize forças suficientes para atitudes diferentes, o momento é de observação e determinação. Precisamos entender a interpretação inédita, a emoção surpreendente, o novo gesto – ainda que pareça intruso. O vigor necessário para uma mudança efetiva e notória é resultado da maturação de um propósito.

Algo novo está nascendo e, como um bebê, carece de nosso cuidado, nutrição, amparo e proteção. Ele ainda é frágil, poderá minguar se não receber a devida atenção. Pode ser que esse novo “eu” que desponta seja o resultado da proposição inicial de sermos diferentes.

Defenda-o dos grandes predadores: os preconceitos e as velhas formas de ser. Tendemos a enxergar a realidade a partir das nossas experiências anteriores, isso é uma realidade psíquica. Não é só por facilidade, mas principalmente por nos sentirmos mais seguros quando agimos assim.

E, dessa forma, perpetuamos comportamentos e crenças que empobrecem nossas experiências. Limitamo-nos a um repertório muito estreito, amarrado, que afasta possibilidades de vivências mais interessantes. E, é óbvio, se repetirmos as variáveis, é muito provável que alcancemos resultados muito semelhantes.

O novo carece de ar limpo, água fresca. E não há como alcançar isso sem nos dispormos ao risco. Tememos que, ao fazer novas apostas, estaremos mais próximos do erro. Isso é uma falácia inspirada por nossas feridas.

A confiança está não só na certeza do acerto, mas também em entendermos que quase tudo na vida pode ser remediado – exceto aquilo que não há solução – e que perder nem sempre é sinônimo de prejuízo.

A segurança deriva da constatação de que vencemos não só quando acertamos, mas principalmente quando seguimos firmes, apesar dos equívocos cometidos. Essa é a verdadeira força.

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