metropoles.com

E quando eu sou o problema?

Tendemos a apoiar a nossa versão dos fatos, mas é injusto não se fazer disponível para compreender como o outro interpreta as circunstâncias

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
27
1 de 1 27 - Foto: null

Na semana passada, usei a metáfora da ingestão para discutir a necessidade de filtrarmos os alimentos de nossa alma. E, inclusive, expor a necessidade do expurgo daquilo que pode nos intoxicar. Mas não podemos ser hipócritas: às vezes, nós somos o descarte.

E é difícil lidar com isso. A rejeição é um dos temas mais amedrontadores para o ser humano: ela fala diretamente do valor atribuído pelo outro a nós. Obviamente, fala mais dele do que de nós (“o seu problema, comigo, é problema seu”). Entretanto, ficar com essa interpretação pode ser um escape imaturo, pueril.

Especialmente quando entendemos que, por mais comprometida a visão do outro, ela se baseará em algum indício ou sinal. A interpretação do outro poderá ser exacerbada, mas ela pode ser derivada de algo servido por nós em seu prato.

Nisso, todo banimento deverá ser tomado como um chamado à revisão. Das nossas crenças, das nossas posturas, das nossas ausências e presenças. Tendemos, obviamente, a apoiar a nossa versão dos fatos. Mas é injusto não se fazer disponível para compreender como o outro interpreta as circunstâncias.

Descarte o exagero provocado pela afetação. E, então, lá estará algum motivo – e, por menor que pareça, deverá ser observado, com cuidado, para evitar situações semelhantes no futuro. Revise, compare. E, assim, verá a sua participação no contexto.

Nem sempre a dificuldade para percebermos nossa parcela de erro é falta de humildade. Muitas vezes, estamos tão tomados por questões emocionais, que simplesmente não enxergamos o óbvio – o causador do descarte, do isolamento.

Ouvir o outro lado é a solução simples, imediata. Mas não tão óbvia. A oportunidade não é suficiente, pois é necessário ter disponibilidade real para escutar, antes de querer fazer-se ser escutado.

Em muitos embates, não há um lado certo e outro errado. Há interpretações divergentes da mesma situação. Incompatíveis, em alguns casos. E daí, o melhor é a separação, para evitar feridas maiores, derivadas, principalmente, da falta de respeito.

Nossas escolhas acabam por traduzir quem somos, num determinado momento. A capacidade de transformação é uma dádiva que, quando bem administrada, promove crescimento real. Assim, o pertinente, hoje, pode não sê-lo amanhã. E não há problema nisso.

O problema está nos caminhos que encontramos para descobrir e validar as mudanças que se imprimem dentro de nós. O cuidado com o outro nem sempre é observado da melhor maneira. Toda verdade pode ser bem suportada, a depender da forma como é dita.

Não há relação que se encerre bem quando os artifícios para validar o término são a ocultação, a dissimulação ou a mentira. Ter a justeza nos argumentos, e não escapar de expor, é a forma mais honrosa de sinalizar quando algo não faz mais sentido. Mas, para isso, é preciso ter maturidade.

Nada fará com que o desconforto do sentimento de rejeição toque em quem é desprezado. Isso passa. Especialmente quando compreendemos o expurgo como o desfecho de um processo bem maior – no qual, o mais válido é a nutrição proporcionada, em algum momento.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?