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Decidir como alimentarei minha alma é de minha responsabilidade

Alguns elementos são como pedras: impossíveis de serem digeridos. Outros parecem menos nocivos, sabemos que serão arrotados ao longo do dia

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1 de 1 luz filme cenário - Foto: iStock

Remédios para indigestão tem sempre um sabor horrível, que nos faz pensar o que seria mais agradável: submeter-se a eles, ou manter-se empanzinado. A capacidade de resolução, encurtando o tempo de mal-estar, faz com que aceitemos o amargo que deixam na boca.

Mas nem sempre é isso. Podemos também sobrecarregar o estômago, forçando-o a processar aquilo que engolimos. Podemos assimilar toxinas que nos levem a diversas reações, com consequências graves não só ao trato digestivo, mas a todo o organismo.

O remédio abrevia o sofrimento ao estimular a produção de enzimas que auxiliam nesse processo. Às vezes, o gosto ruim resolve de forma pouco ortodoxa: botamos para fora aquilo que não conseguimos suportar.

Metaforicamente, todos os dias sorvemos uma série de informações, impressões, fatos, diálogos. E deles somos chamados a dar conta: processar, absorver alguma nutrição ou saber eliminar o que nos faz mal. E, muitas vezes, tal tarefa é desafiadora.

Alguns elementos são como pedras: simplesmente impossíveis de serem digeridos, podem perdurar anos a fio pesando no estômago da alma. Outros parecem menos nocivos, mas são como aqueles alimentos que não suportamos, mas não deixamos no prato para não desagradar o anfitrião. E que, sabemos, serão arrotados ao longo do dia.

Decidir como alimentarei minha alma é de minha responsabilidade, à medida que amplio minha consciência. “Somos aquilo que comemos” é uma lei que se aplica bem nesse caso. Até porque, uma vez sorvido, qualquer conteúdo imprimirá algo em mim, ainda que temporariamente

Se a coisa não caiu bem, precisamos lançar mão de remédios que auxiliem a por fim no desconforto. O entendimento, o mais salutar deles, e também o mais amargo: perceber nossa responsabilidade em aceitar (ou até mesmo escolher) o que estava sendo servido.

Nas relações, das mais diversas naturezas, a conversa é o melhor digestivo. Nela, encontramos a adequação necessária para promover ajustes que evitem novas azias. O entendimento só surge quando estamos dispostos a assimilar conteúdos divergentes, a conjugar juntos enzimas de diferentes naturezas.

Noutros momentos, o expurgo surge como o melhor caminho. A imagem não é das mais bonitas, mas se faz necessária. Purgar, vomitar, suar; eliminar de alguma forma para evitar que o mal se alastre.

Poupar ervas daninhas é comprometer o objetivo da plantação, e ainda poderá nos conduzir ao engano: somos traídos pelo esquecimento e, sem que nos demos conta, estaremos empanturrados novamente com aquilo que devemos evitar.

A alimentação (literal ou metaforicamente) é o primeiro cuidado que recebemos e, por esse motivo, está diretamente associada ao amor próprio. Tudo o que fazemos sob esse propósito favorece nosso desenvolvimento.

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