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A insegurança é um trampolim para a ruína

Segurança é edificação. Não se constrói da noite para o dia, e depende de diversos fatores

atualizado

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2017-08-292
1 de 1 2017-08-292 - Foto: iStock

Lutar com o que tenho, lidar com o que não tenho. Essa é a equação simples da segurança, da forma como conseguimos nos situar diante das atribulações e da disposição que temos para os enfrentamentos necessários. Na prática, algo bem mais complexo. E, muitas vezes, a insegurança prevalece.

A começar, desconhecemos muito a nossa natureza mais profunda. Apegamo-nos a conceitos rasos sobre nós, muitas vezes para reafirmar êxitos do passado ou para mantermo-nos distantes dos embates.

Essa é uma das principais manifestações da insegurança: a dificuldade para compreender um novo ponto de vista, de estar diante do desconhecido, sem nele se dissolver. O sujeito inseguro é aquele que vê na própria insuficiência o trampolim para a ruína.

Segurança é edificação. Não se constrói da noite para o dia, e depende de diversos fatores. Muitos deles derivam das interpretações que conseguimos fazer sobre a nossa realidade, e também das referências que herdamos do mundo.

A óptica familiar, como nossos primeiros moldes de autoimagem, tem influência decisiva. Há uma espécie de autorização tácita para o desenvolvimento da segurança.

Há pais que estimulam em seus filhos a autonomia, a naturalidade no olhar sobre as coisas, a confiança para lidar com o inédito. Dão conforto para que definam ideias e se projetem diante do novo. Estimulam na criança a confiança em si, as convicções.

Não quero, com isso, demonizar as relações familiares no sucesso dos indivíduos. Afinal, ganhamos inúmeras outras oportunidades na vida para fazer florescer habilidades e potências que não nos foram concedidas por herança.

Mas é fato que indivíduos que não foram (ou não se sentiram) autorizados pelos pais relatam uma grande dificuldade para encontrar um lugar a ocupar no mundo, ou para defender aquilo que são para os demais. Terão de ir além, encontrar novos parâmetros para superar os anteriores.

Por vezes, essa insegurança se manifestará por uma vulnerabilidade descabida diante do inesperado. Noutras, o sujeito se transforma num trator: tem de demonstrar uma suposta força e atropela qualquer outra forma que não seja a que defende. Duas faces da mesma moeda.

A insegurança atravessa todos, a depender da situação em que estamos, e isso não é um problema. Muitas vezes, é a partir dela que aprendemos o que é a prudência, a previdência. Tais fatores também são imprescindíveis para que alcancemos a realização da vida.

Ser seguro não é exatamente ser prepotente, como já falei por aqui tempos atrás. Às vezes, ganhamos bases mais sólidas para viver ao avaliarmos nossas reais competências diante das dificuldades. Conscientes disso, teremos embates muito mais pertinentes às nossas reais necessidades.

Apesar de desconfortável, é pela insegurança que compreendemos as nossas inconsistências. Não ganhamos quando o nosso argumento é o mais aceito, ou quando atuamos com facilidade, e, sim, quando percebemos o quanto ainda nos falta para sermos aquilo que almejamos.

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