metropoles.com

WhatsApp não será bloqueado; vídeo sobre suspensão do app é de 2015

É enganosa a notícia que circula em vídeo dizendo que o WhatsApp seria bloqueado por dois dias por determinação judicial

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Projeto Comprova
Imagem colorida de postagem enganoso
1 de 1 Imagem colorida de postagem enganoso - Foto: Reprodução/Projeto Comprova

Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.

Conteúdo investigado: vídeo de 2 minutos e 26 segundos reproduz uma reportagem veiculada no canal de notícias GloboNews. A matéria fala sobre decisão judicial no estado de São Paulo que determinou o bloqueio do aplicativo de mensagens WhatsApp por dois dias.

Onde foi publicado: YouTube, Kwai e WhatsApp.

É ENGANOSO o vídeo que circula pelas redes sociais afirmando que uma decisão judicial mandou bloquear o WhatsApp por dois dias a partir da meia-noite, sem especificar a data para a suspensão. O vídeo é de uma matéria da GloboNews exibida em 16 de dezembro de 2015. O Comprova recebeu, pelo site do projeto, uma sugestão de leitores para a verificação do conteúdo, que circula pelo WhatsApp e pode enganar ao dar a entender que a decisão é atual e estará em vigor durante o 1º turno das eleições de 2022, o que não é verdade.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Na época em que a reportagem foi exibida, o bloqueio tinha sido ordenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) no âmbito de uma ação criminal em São Bernardo do Campo (SP). O motivo do bloqueio não chegou a ser divulgado imediatamente porque, de acordo com o tribunal, a ação corria em segredo de justiça.

O pedido de bloqueio tinha sido feito pelo Ministério Público depois de o WhatsApp ter desrespeitado uma decisão judicial de 23 de julho de 2015. No dia seguinte, o telejornal da rede Globo SPTV noticiou que o bloqueio foi determinado porque o aplicativo não liberou o acesso a conversas para a investigação de uma facção que atuava no roubo a bancos e caixas eletrônicos e também no tráfico de drogas.

A decisão da época determinou que o aplicativo ficaria sem funcionar nos dias 17 e 18 de dezembro de 2015, mas uma liminar do TJ-SP autorizou que as operadoras de telefonia deixassem a plataforma no ar. O bloqueio acabou durando cerca de 14 horas.

Ao Comprova, o WhatsApp informou que não há qualquer bloqueio do aplicativo no fim de semana da eleição deste ano.

Alcance da publicação

Como o conteúdo circula no WhastApp, não é possível definir a quantidade exata de repasses. É identificado, no entanto, com a etiqueta “compartilhado frequentemente” no próprio aplicativo.

O que diz o autor da publicação

Não é possível identificar a origem do compartilhamento, pois o conteúdo circula no WhatsApp.

Como verificamos

Primeiro, buscamos os termos “globonews + j10 + justiça ordena bloqueio do whatsapp” no Google. Os resultados levaram a uma verificação publicada pelo Fato ou Fake, do G1, e a duas notícias do mesmo portal sobre decisões judiciais que ordenavam o bloqueio do WhatsApp no Brasil em 2015 e 2016, além de uma verificação feita em 2018 desmentindo um bloqueio de 48 horas, com base no mesmo conteúdo aqui investigado.

Só a decisão de dezembro de 2015, no entanto, havia sido noticiada pelo portal com vídeo do Jornal das Dez, cuja logomarca – J10 – aparece nas imagens verificadas. O vídeo disponibilizado no portal G1 é o mesmo que está viralizando no WhatsApp.

Em seguida, foi feito contato com o WhatsApp para verificar se havia novas movimentações sobre aquela decisão, e com o Tribunal de Justiça de São Paulo. O TJ-SP respondeu que não era possível verificar o andamento da ação sem um número de processo.

Bloqueio do WhatsApp em 2015

A decisão de dezembro de 2015 foi da juíza Sandra Marques, da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, segundo matéria do portal G1. Apesar da autorização do grampo oficial, o WhatsApp não liberou o acesso às conversas, sendo multado em R$ 100 mil ao dia por descumprimento, além da determinação do bloqueio.

Na ocasião, o aplicativo só ficou fora do ar por algumas horas. No mesmo dia da decisão, o desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, determinou o seu restabelecimento em todo o país.

Outros bloqueios

Além da determinação de dezembro de 2015, outras decisões judiciais ordenaram o bloqueio do WhatsApp no Brasil. Em fevereiro de 2015, a Justiça do Piauí determinou a suspensão do aplicativo em todo o país depois de o WhatsApp se negar a fornecer informações para uma investigação policial. No mesmo dia, uma liminar suspendeu a decisão anterior e o aplicativo não chegou a ficar fora do ar.

Em maio de 2016, foi a vez da Justiça de Sergipe determinar o bloqueio por 72 horas em todo o país, alegando que o Facebook (Meta), dono do WhatsApp, tinha descumprido uma decisão anterior de compartilhar informações para uma investigação policial. Desta vez, o aplicativo chegou a ficar fora do ar por 24 horas, até que outra decisão restabeleceu o serviço.

Dois meses depois, a Justiça do Rio de Janeiro determinou o bloqueio do aplicativo, também porque o Facebook se recusava a cumprir uma decisão de fornecer informações para uma investigação policial. O serviço ficou fora do ar por uma tarde.

Sem determinações de bloqueios nas eleições

De acordo com a assessoria de comunicação do WhatsApp, a informação de um novo bloqueio no fim de semana eleitoral (1º e 2 de outubro de 2022) não passa de um boato. Procurada, a empresa confirmou que a peça em questão trata-se de um vídeo antigo que está sendo usado fora do contexto.

Por que investigamos

O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet e estão relacionados às eleições de 2022, à pandemia da Covid-19 ou às políticas públicas do governo federal. O vídeo aqui verificado é antigo e voltou a circular dias antes da eleição. Sem contexto, o conteúdo pode levar o usuário a acreditar que a proibição do WhatsApp – aplicativo de mensagens amplamente usado no Brasil – é atual e tem relação com pleito de 2022.

Outras checagens sobre o tema

O mesmo conteúdo foi investigado pelo ‘Fato ou Fake’ do G1, que concluiu tratar-se de uma desinformação. O Comprova também investigou que boato de 2018 foi resgatado para afirmar que a Polícia Federal encontrou urnas eletrônicas não zeradas.

Também foram objetos de investigação do Comprova que queixas sobre urnas devem ser registradas com o presidente da mesa, e não em aplicativo do TSE; que vídeo foi editado para parecer que Lula defende o fechamento de igrejas e que não houve redução de seções eleitorais em 2022 em função das mortes por Covid-19.

Neste fim de semana, a equipe do Comprova se uniu a outras 6 iniciativas de checagem de fatos no Brasil para verificar conjuntamente desinformação sobre as eleições. A parceria reúne AFP, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?