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Vídeo de Bolsonaro dizendo que esquema de joias foi inventado é falso

Vídeo de Bolsonaro afirmando que caso das joias foi inventado tem indícios de IA para reproduzir voz e imagem do ex-presidente

atualizado

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Captura de tela de vídeo criado com IA em que Bolsonaro diz que esquema de joias foi inventado, com cama identificando o conteúdo como falso. - Metrópoles
1 de 1 Captura de tela de vídeo criado com IA em que Bolsonaro diz que esquema de joias foi inventado, com cama identificando o conteúdo como falso. - Metrópoles - Foto: null

Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.

Conteúdo investigadoVídeo em que Jair Bolsonaro afirma que a Polícia Federal emitiu nota afirmando que ele havia recebido “R$ 6,8 milhões em dinheiro vivo pela revenda das joias nos Estados Unidos”. Na publicação, o ex-presidente diz que o órgão “veio a público desmentir a situação”. Sobre o vídeo foi incluída a frase: “Entenda o caso das joias em 1 minuto”.

Onde foi publicado: TikTok.

Conclusão do Comprova: É falso que a Polícia Federal tenha emitido nota afirmando que o suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas de autoridades estrangeiras durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) foi inventado. O ex-presidente e 11 pessoas foram indiciadas no caso. Apesar de já ter feito declarações ironizando a investigação, também é falso que Bolsonaro tenha publicado vídeo afirmando que a Polícia Federal “desmentiu a situação”.

Circula nas redes sociais um vídeo sobre o assunto com indícios de uso de inteligência artificial. Nele, Bolsonaro aparece afirmando que, após a PF divulgar que ele havia recebido R$ 6,8 milhões pela revenda de joias nos Estados Unidos, a instituição voltou atrás e afirmou que “a história das joias era falsa, totalmente inventada”.

Deformações na imagem estão entre as características que mostram que o vídeo pode ter sido feito com o uso de inteligência artificial. Nos primeiros quatro segundos, a mão esquerda de Bolsonaro não aparece com anatomia natural. Este elemento retorna bruscamente com um corte nos 24 segundos de vídeo. No segundo 30, também é possível perceber o terno deformado na parte do ombro. O microfone também sofre distorções.

Apesar de parecida, a voz de Bolsonaro pode ter sido feita utilizando inteligência artificial, com ferramentas que funcionam como geradores de voz por IA e imitam a fala, principalmente de personalidades que têm grande repertório de conteúdo on-line. Eles reproduzem entonações e as tornam muito parecidas com as originais.

Trecho de vídeo com indícios de IA - Metrópoles.
Captura de tela de vídeo falso em que Bolsonaro alega que esquema de joias foi inventado. Imagem: Reprodução.
Trecho de vídeo com indícios de IA - Metrópoles.
Captura de tela de vídeo falso em que Bolsonaro alega que esquema de joias foi inventado. Imagem: Reprodução.

Mesmo com os elementos, comentários feitos na publicação demonstram que usuários acreditaram que o vídeo é verdadeiro. “Eu nunca duvidei da sua honestidade”, escreveu um perfil. “Eu sou patriota, e sei que você meu presidente é um homem honesto e se preocupa com a nossa nação!”, disse outro.

No início de julho, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas em investigação de suposto esquema de desvio de presentes recebidos quando Bolsonaro era presidente para posterior venda fora do Brasil. Em meio à divulgação do indiciamento, a Polícia Federal confirmou erro em dados divulgados.

Inicialmente, o órgão apontou tentativa de desvio no valor de US$ 4,5 milhões (R$ 25 milhões). Em seguida, sob argumento de erro material em trecho do documento, o número foi retificado para US$ 1,2 milhões (R$ 6,8 milhões).

Diante da correção, Bolsonaro ironizou o relatório. “Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF [Caixa Econômica Federal], acervo ou PF, inclusive as armas de fogo”, disse o presidente em postagem no X.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que divulga suas operações no site e “qualquer informação que circule nas redes sociais que não tenha partido dos nossos canais oficiais de comunicação é de total responsabilidade de quem a divulgou”. O órgão também disse que não se manifesta sobre investigações em andamento.

A reportagem entrou em contato com o perfil responsável pela publicação do vídeo, que tem o nome de “Volta Bolsonaro”. O usuário respondeu com ataques ao trabalho realizado pelo Comprova e palavra de baixo calão. No contato, um dos questionamentos feito pela reportagem foi sobre como o vídeo foi produzido. Na resposta, o autor da postagem disse “não vou falar p* nem uma (sic) de como faço”.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 2 de agosto, a publicação alcançou 519 mil visualizações, 41,4 mil curtidas e 6,8 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Procuramos se o vídeo foi postado nas redes sociais de Bolsonaro e pesquisamos ferramentas que podem ter sido usadas na produção do material. Também buscamos reportagens sobre o tema publicadas em diferentes jornais e entramos em contato com a Polícia Federal.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O vídeo também foi verificado e classificado como falso pelo Estadão Verifica e Lupa. Na área de política, o Comprova já mostrou que Rayssa Leal não dedicou medalha olímpica a Bolsonaro em entrevista e que Malu Mader e TV Globo não receberam recursos da Lei Rouanet para uma novela.

Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

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