metropoles.com

Policiais foram expulsos de protesto pelo MST, e não feitos reféns

A alegação sobre policiais terem sido feitos reféns foi negada pelo MST e pela Polícia Militar do Paraná, à qual os agentes são vinculados

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Projeto Comprova
Captura de tela de post enganoso sobre policiais que teriam sido feitos reféns pelo MST
1 de 1 Captura de tela de post enganoso sobre policiais que teriam sido feitos reféns pelo MST - Foto: Projeto Comprova

Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.

Conteúdo investigadoVídeo publicado no Telegram traz a seguinte legenda: “Que absurdo, policiais são feitos de reféns por Terroristas MST [sic] em Guarapuava no Paraná”. O registro mostra ao menos dois policiais rendidos por várias pessoas que caminham com bandeiras do MST à beira de uma rodovia, no que parece ser um protesto. Há dois narradores no vídeo, que, aparentemente, gravam a cena de dentro de um carro que percorre a pista. “Pegaram a polícia… refém. Filma, filma”, diz um deles.

Onde foi publicado: Telegram e X (antigo Twitter).

Conclusão do Comprova: Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) não fizeram policiais reféns à beira da rodovia PR-170 na altura de Guarapuava, diferentemente do que alega publicação em canal do Telegram. Três agentes foram rendidos em 19 de outubro e expulsos do trecho da estrada onde era feito bloqueio pela entidade em protesto pela regularização fundiária de comunidades na região.

A alegação sobre os policiais terem sido feitos reféns foi negada pelo MST e pela própria Polícia Militar do Paraná (PMPR), à qual os agentes rendidos são vinculados.

“Os policiais envolvidos na ocorrência passam bem, nenhum deles foi feito refém e já se encontram na sede do 16º BPM”, escreveu a corporação em nota ao Comprova.

A PMPR comunicou ainda que os manifestantes utilizaram “força e agressão” para retirar do local a equipe policial, que, ainda segundo a corporação, se deslocou de maneira pacífica para liberar a rodovia.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até dia 23 de outubro, a publicação no Telegram havia tido 12,7 mil visualizações. No X, onde o vídeo aparentemente foi publicado primeiro, a publicação contava com 360 visualizações.

Como verificamos: O Comprova identificou notícias relacionadas ao vídeo ao buscar no Google pelos termos “Guarapuava Polícia MST refém”. Uma reportagem do G1 exibe o mesmo vídeo que circula no Telegram e contextualiza que os policiais foram rendidos por manifestantes do MST na ocasião.

A publicação do G1 relata que, em nota, a Polícia Militar paranaense negou que os policiais tivessem sido feitos reféns. O Comprova buscou, então, contato com a corporação, que reforçou o posicionamento. O MST também divulgou comunicado, no qual afirma ser falsa a acusação.

O Comprova também tentou contato com o canal do Telegram que fez a divulgação do vídeo, mas não obteve retorno até esta publicação. A reportagem identificou um dos autores que narram o registro, mas não conseguiu entrar em contato.

Rendição de PMs ocorreu após bloqueio em rodovia

A rendição dos três policiais militares ocorreu em meio a um protesto do MST na altura do km 390 da rodovia PR-170, em trecho que passa pelo município de Guarapuava.

Uma reportagem local do G1 PR noticiou que o protesto com bloqueio da rodovia teve início na quarta (18), mas depois foi interrompido. A manifestação foi retomada então na manhã de quinta, quando a via teve o trânsito paralisado por cerca de três horas. Foi nesse segundo momento de interdição em que houve o impasse do MST com os policiais militares, que acabaram rendidos.

“Uma equipe deslocou até local e de maneira pacífica pediu para que os manifestantes liberassem a via, que é a única estrada de acesso a cidade vizinha de União da Vitória, sendo repassado aos manifestantes que há uma Liminar de Interdito Proibitório emitida pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Guarapuava proibindo o bloqueio da via”, escreveu a PMPR, em nota ao Comprova.

A corporação comunicou ainda que, por ocasião das agressões e ameaças proferidas contra os policiais que negociavam o desbloqueio da via, foram expedidos dois mandados de prisão e um mandado de busca e apreensão pela 3ª Vara Criminal de Guarapuava, para serem cumpridos nesta sexta (20) no Assentamento Nova Geração em Guarapuava, a partir de onde o MST mobilizou o protesto.

Foram abordadas cerca de 200 pessoas e dez delas foram conduzidas a uma delegacia da Polícia Civil, ainda de acordo com a PMPR. “Seis pessoas foram identificadas como envolvidas nas agressões aos policiais militares e estão sendo ouvidas pelo Delegado de Polícia que preside o Inquérito Policial.”

MST pede regularização fundiária de 14 comunidades na região

O MST divulgou, em nota, que os bloqueios reivindicam uma resposta da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Paraná (Incra-PR) sobre pedidos de regularização fundiária de 14 comunidades da reforma agrária e de posseiros da região.

“As comunidades estão localizadas nos municípios de Inácio Martins, Pinhão, Reserva do Iguaçu e Guarapuava, em 75 mil hectares de terras griladas por grandes proprietários. Cerca de 2 mil famílias camponesas vivem nas comunidades, algumas há mais de 30 anos, à espera da formalização dos assentamentos”, comunicou o movimento social.

Ao Comprova, o Incra-PR comunicou ter se reunido com representantes de trabalhadores rurais acampados, dos assentados da região de Guarapuava (PR) e da Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) no último dia 19 de outubro para tratar das reivindicações.

O órgão afirmou ainda ter firmado um compromisso de enviar, na segunda quinzena de novembro, uma equipe de técnicos por ações de supervisão e regularização ocupacional ao local.

“Também ficou acordado que, no mês de dezembro, será realizado o cadastramento de acampados e posseiros de Pinhão [município vizinho a Guarapuava] e região, por meio de um novo sistema informatizado, desenvolvido para esse fim”, escreveu o Incra-PR, em nota.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou contato pelo e-mail cedido na descrição do canal “MSP – Movimento Sem Picanha”, mas não obteve retorno até esta publicação. Foi encontrado o primeiro perfil que compartilhou o vídeo no X – sem alegar sequestro –, mas a conta não permite o envio de mensagens e não foram encontrados perfis com correspondência.

O que podemos aprender com esta verificação: Uma das táticas mais utilizadas por desinformadores é o uso de informações reais de forma distorcida ou intencionalmente fora do contexto para enganar e levar a uma interpretação diferente da verdadeira. A publicação confunde ao afirmar que os policiais rendidos foram também feitos reféns pelos integrantes do movimento.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou uma série de publicações envolvendo a atuação do MST. Recentemente, mostrou que post engana ao associar o grupo plantação de maconha na Bahia e que matança de bois no mesmo estado não tem relação com o movimento.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?