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É montagem tuíte atribuído a Bolsonaro com ataques a católicos

Não há qualquer registro com este teor nas redes do presidente, tampouco notícias na imprensa com tais declarações

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Reprodução/Projeto Comprova
Imagem colorida de postagem falsa sobre tuíte de Bolsonaro
1 de 1 Imagem colorida de postagem falsa sobre tuíte de Bolsonaro - Foto: Reprodução/Projeto Comprova

Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.

Conteúdo investigado: captura de tela com suposta publicação de Jair Bolsonaro (PL) no Twitter. No texto, o presidente lamenta o suposto tumulto ocorrido no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, durante feriado em celebração à Padroeira do Brasil. No entanto, afirma que nenhum padre ou pastor deve dizer onde ele pode ou não fazer campanha política e, por fim, cita que a “postura arrogante” de alguns religiosos explica o “crescimento da igreja evangélica e o fracasso da igreja de Roma”.

É FALSO que o presidente Bolsonaro tenha feito um tuíte dizendo lamentar supostos tumultos ocorridos no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, durante feriado em celebração à Padroeira do Brasil, na quarta-feira (12), e criticando líderes católicos. Uma captura de tela com a suposta publicação do presidente no Twitter passou a circular após o feriado. No conteúdo, Bolsonaro teria afirmado que “nenhum padre ou pastor deve dizer onde [ele] pode ou não fazer campanha política” e acusou padres e bispos de terem “postura arrogante”.

Falso, para o Comprova, é qualquer conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

A montagem simula um tuíte da conta oficial de Bolsonaro, com publicação supostamente feita às 20h27 do dia do feriado. Na data em questão, o presidente fez sete postagens no Twitter. Apenas duas mencionam assuntos relacionados à Igreja, nenhuma das quais era aquela compartilhada pelo conteúdo verificado..

Não há qualquer registro na imprensa a respeito do suposto tuíte, tampouco indícios de que a publicação possa ter sido apagada, como indicaria o perfil @projeto7C0, que é, como indica a sua bio, “conta automatizada com objetivo de mostrar os tuítes que sumiram de atores políticos”.

Ao Comprova, a assessoria de imprensa da campanha do presidente afirmou que a publicação é uma “fake news”. O conteúdo também foi checado e classificado como falso pela revista Veja e Estadão.

Alcance da publicação

O Comprova investiga conteúdos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 14 de outubro, a publicação aqui analisada passava de 17 mil curtidas e 2,3 mil compartilhamentos no Twitter. No Instagram, a postagem recebeu uma etiqueta de conteúdo falso e depois acabou sendo apagada.

O que diz o autor da publicação

O Comprova entrou em contato com uma humorista que tinha compartilhado a publicação no Instagram. Antes do envio das mensagens, a mulher já tinha apagado a postagem. Não houve retorno até a publicação desta checagem.

Também procuramos outro usuário que compartilhou o conteúdo falso no Twitter. Sua conta não permite o envio de mensagens diretas e seu perfil é privado no Instagram.

Como verificamos

Iniciamos a checagem buscando pelo suposto tuíte na conta oficial do presidente Jair Bolsonaro na rede social, não sendo encontrada qualquer publicação com este teor.

No Google, buscamos as expressões “Bolsonaro” e “ataques à igreja católica”, que retornam a checagens já realizadas por outros veículos ou agências, como as do Estadão, Veja, UOL e Folha de S. Paulo.

A busca avançada no Twitter mostra que a publicação não existe na conta oficial de Bolsonaro. O conteúdo também não foi localizado na busca avançada do robô do perfil @projeto7C0, uma conta automatizada que mostra os tuítes que são apagados dos perfis de políticos.

Também entramos em contato com a assessoria de campanha do presidente. Consultamos, ainda, as redes sociais dos filhos de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para verificar se algum deles havia publicado algo relativo ao assunto.

Não há registros do suposto tuíte

A montagem simula um tuíte da conta oficial de Bolsonaro, utilizando os mesmos nomes e a descrição de “Candidato à Presidência do Brasil” fixada pela plataforma. A imagem falsa mostra que o suposto post foi feito às 20h27 do dia 12 de outubro de 2022, data em que é celebrado o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Na data em questão, Bolsonaro fez sete postagens no Twitter. Apenas duas mencionam assuntos relacionados à igreja católica. A primeira, publicada às 23h19, trata da ida do presidente à Aparecida (SP) para celebrar o feriado. O post também conta com um vídeo de sua visita à basílica da cidade.

“Assim como em anos anteriores, fui hoje à (sic) Aparecida celebrar o dia de Nossa Senhora Aparecida, data especial para a fé de muitos brasileiros e profundamente marcante para nossa nação. Que Deus siga nos dando força para lutar pelos valores da Virgem e de seu filho Jesus Cristo”, escreveu o político.

Na segunda publicação, feita também às 23h19, Bolsonaro agradece aos católicos do Brasil inteiro pelo apoio. “Sei que que tenho meus defeitos e pecados, mas o combate que estamos lutando é maior do que cada um de nós. Que Deus ilumine o nosso povo neste momento decisivo”, disse.

Não foram encontradas matérias de veículos de imprensa sobre o suposto tuíte. Ao contrário, veículos de imprensa como VejaEstadãoFolha de S.Paulo e UOL repercutiram o fato como publicação falsa atribuída ao presidente. O conteúdo também não foi localizado na busca avançada do robô do perfil @projeto7C0, uma conta automatizada que mostra os tuítes que são apagados dos perfis de políticos.

A assessoria de imprensa da campanha do presidente afirmou que a publicação é falsa e disse, ainda, que “as responsabilidades estão sendo apuradas”, em alusão àqueles que produziram o conteúdo de desinformação.

Ida de Bolsonaro a Aparecida (SP)

A passagem do presidente Bolsonaro pela Basílica Nacional de Aparecida na tarde de 12 de outubro foi marcada por uma série de polêmicas. Ele participou de uma missa no local e desfilou nos arredores da basílica, na companhia do ex-ministro dos Transportes Tarcísio de Freitas (Republicanos) – que disputa o segundo turno do governo de São Paulo contra Fernando Haddad (PT). Bolsonaro e Freitas interagiram com apoiadores.

Após a passagem de Bolsonaro pelo local, o padre Camilo Júnior afirmou em outra celebração que a data não era o momento de pedir de voto, mas de “pedir bênção” à santa padroeira do Brasil. A declaração foi interpretada como uma crítica à postura adotada pelo presidente.

Antes da chegada do político, o arcebispo dom Orlando Brandes, responsável pela Arquidiocese de Aparecida, utilizou a figura de Nossa Senhora vencendo um dragão para falar sobre as dificuldades enfrentadas pelo país, principalmente o “dragão do ódio” e o “dragão da mentira”.

Do lado de fora, bolsonaristas hostilizaram profissionais da imprensa que trabalhavam para a TV Vanguarda, da TV Aparecida, ligada à Igreja Católica, do SBT e também do portal UOL. Muitos, vestidos de verde e amarelo, puxaram gritos em apoio ao presidente e contra o PT e o ex-presidente Lula. Um jovem de vermelho também foi encurralado por apoiadores de Bolsonaro.

Por que investigamos

O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à Presidência, como a peça aqui verificada, podem induzir a interpretações equivocadas da realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema

O conteúdo checado nesta verificação também foi classificado como falso pela revista Veja e pelo Estadão. Sobre o dia de Nossa Senhora Aparecida, o Comprova também já mostrou que post dizendo que Bolsonaro acabará com feriado de 12 de outubro é uma montagem.

Em checagens recentes, mostramos que são montagens as reproduções do Twitter e do G1 que atribuem a Lula declarações sobre desarmamento e que não houve redução de seções eleitorais em 2022; autora de post viral usou metáfora com mortes por covid.

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