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É falso que mulher que faz o “L” em vídeo é servidora do TSE

Não procede informação de que mulher em vídeo fazendo o sinal de “L”, que pode ser interpretado como apoio a Lula, seja servidora do TSE

atualizado

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Reprodução/Projeto Comprova
Imagem colorida de postagem falsa
1 de 1 Imagem colorida de postagem falsa - Foto: Reprodução/Projeto Comprova

Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.

Conteúdo investigado: publicações que começaram a viralizar antes do segundo turno da eleição trazem, em vídeo, imagens de uma mulher que usa peça de roupa vermelha e faz o sinal de “L” com a mão, tradicionalmente usado por apoiadores de Lula. Sobreposta à imagem está a frase “Essa é Ludmila Boldo Maluf?”, em referência a uma servidora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que foi citada por Alexandre Gomes Machado, funcionário exonerado da Corte, como sendo a superior a quem enviou e-mail com denúncias sobre suposto prejuízo à campanha de Bolsonaro em inserções de rádio. A postagem afirma que ela foi responsável pela exoneração do funcionário.

Onde foi publicado: Twitter, Facebook e TikTok.

É FALSO que a servidora comissionada do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Ludmila dos Santos Boldo Maluf aparece em imagem fazendo sinal de apoio ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quem aparece em vídeos publicados no TikTok e Facebook e em captura de tela divulgada no Twitter é, na verdade, a farmacêutica Beatriz de Novaes Boldo, que não tem vínculo trabalhista com a Justiça Eleitoral. Beatriz disse que o fato de ter o mesmo sobrenome que Ludmila é coincidência, e acredita que isso contribuiu para que sua foto tenha sido usada indevidamente.

Para o Comprova, falso é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Ludmila ocupa o cargo de assessora chefe do Gabinete da Secretaria-Geral da presidência do TSE. O nome dela foi envolvido em polêmica após ser citado pelo ex-servidor da Corte eleitoral Alexandre Gomes Machado em depoimento à Polícia Federal. Ele relatou ter sido exonerado minutos após enviar e-mail para Ludmila, citando suposto caso de uma emissora de rádio que deixou de passar em sua programação inserções da coligação do então candidato à reeleição, presidente Jair Bolsonaro (PL). O TSE disse que as alegações de Alexandre são falsas.

Em nota ao Comprova, a Justiça Eleitoral informou que Ludmila não era chefe direta de Alexandre. De acordo com o TSE, o ex-servidor estava lotado na Secretaria Judiciária e, portanto, respondia ao comando deste setor. O organograma da instituição mostra que a Secretaria Judiciária é um dos 12 departamentos ligados à Secretaria-Geral da presidência, onde Ludmila trabalha.

Alcance da publicação

O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 1º de novembro, a publicação no Twitter alcançou 41 mil curtidas, 604 comentários e 11,9 retuítes. No Facebook e no TikTok, as publicações foram apagadas. Até 31 de outubro, o post no Facebook registrou 204 visualizações. Já no TikTok, até ser apagado, o vídeo foi visualizado 172,5 mil vezes. Além disso, a publicação na plataforma teve 21,4 mil curtidas, 3,8 mil compartilhamentos e mil comentários.

O que diz o responsável pela publicação

Entramos em contato com os perfis que publicaram o conteúdo nas três redes. No TikTok, a responsável foi Cris Barcelos, que argumentou ter apenas repostado o vídeo com sua opinião. A publicação foi apagada. No Facebook, o vídeo foi postado por Reinaldo Takahashi. Após o contato feito pela reportagem, ele agradeceu pela informação sobre seu post e o apagou. Já no Twitter, o conteúdo foi postado pelo economista e comentarista Rodrigo Constantino, que não respondeu à tentativa de contato do Comprova.

Como verificamos

Em uma das postagens do conteúdo localizada pelo Comprova, havia o comentário de uma pessoa que dizia ser amiga da mulher que aparece nas imagens. O Comprova fez contato com a internauta, que encaminhou o telefone da amiga. À equipe, Beatriz de Novaes Boldo confirmou que sua foto foi retirada da rede social de uma tia e utilizada indevidamente, e garantiu que nunca teve qualquer relação com o TSE.

O Comprova também procurou a assessoria de imprensa do TSE, assim como os responsáveis pelas publicações falsas. Consultou também notícias no site do Tribunal e na imprensa sobre a exoneração de Alexandre Gomes Machado, então servidor do TSE, e sobre a acusação da campanha de Bolsonaro de suposto desequilíbrio nas inserções radiofônicas.

A reportagem não conseguiu contato com Ludmila.

A ferramenta PimEyes foi utilizada como recurso de busca de imagem a partir de um frame do vídeo investigado. A equipe encontrou uma pessoa parecida com a da publicação verificada, foi feito contato com a empresa em que acredita-se que a mulher em questão trabalha, mas não houve retorno.

Mulher em imagem não tem vínculo trabalhista com a Justiça Eleitoral

Publicada em rede social, a postagem aqui verificada afirma que a mulher com lenço vermelho no pescoço, que faz o “L” com a mão, seria Ludmila dos Santos Boldo Maluf, servidora do tribunal. Segundo a postagem, ela seria a responsável pela exoneração de Alexandre Gomes Machado, funcionário do TSE, após ele comunicar a superiores uma suposta fraude em inserções de rádio a favor da campanha de Lula.

O Comprova conseguiu contato com a mulher que aparece na foto, que se identificou como Beatriz de Novaes Boldo. “Sim, sou eu na imagem. Mas eu não trabalho no TSE. Desconheço, enfim, nunca trabalhei, não tenho nenhum vínculo com o TSE. A foto foi um churrasco de família no dia do primeiro turno das eleições. Ela foi postada na rede social de uma tia, mas ela acabou excluindo diante da repercussão. Sou farmacêutica, trabalho na indústria, não tenho nada a ver com TSE ou com Ludmila”, afirmou Beatriz, acrescentado que o sobrenome “Boldo”, em comum com Ludmila, é mera coincidência.

Beatriz disse que pretende dar entrada com um processo contra o responsável pela publicação falsa. Ela encaminhou ao Comprova ata notarial registrada em cartório, na última sexta-feira (28/10), com o print da postagem falsa e a declaração de que as publicações são difamatórias.

Reprodução/Comprova

TSE afirma que a mulher que aparece na imagem não é servidora

Em nota encaminhada ao Comprova, o TSE disse que a mulher que aparece na imagem não faz parte do quadro de servidores da Justiça Eleitoral. A mesma informação foi divulgada em nota de esclarecimento no site do tribunal. A assessoria também encaminhou link da nomeação de Ludmila, publicada em 26 de agosto de 2022. O documento mostra que ela é servidora do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) e está cedida para o TSE.

O nome de Ludmila consta em página no portal do TSE, que mostra o organograma da instituição. Ela também é citada na lista de servidores públicos do tribunal, disponível no Portal da Transparência. Por outro lado, o nome de Beatriz não foi localizado em nenhuma dessas páginas.

Por que investigamos

O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, a realização de obras públicas e a pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população. No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos são divulgados com o objetivo de tumultuar o processo, a propagação de desinformação tende a deslegitimar o sistema e impede que o eleitor tome sua decisão com base em informações verdadeiras.

Outras checagens sobre o tema

A Justiça Eleitoral, por meio do Fato ou Boato, afirmou que a mulher que aparece com adereço vermelho e faz símbolo de candidato não pertence ao seu quadro de servidores. O Estadão Verifica desmentiu que oito rádios do Nordeste tenham confirmado que TSE deixou de repassar materiais de campanha de Bolsonaro.

Dentro do tema eleições, o Comprova mostrou recentemente que o plano de governo de Lula não propõe medidas como nova CPMF, tributação do PIX e congelamento da poupança e que vídeo engana ao usar discurso de Bolsonaro de 2006 para sugerir que ele defende o aborto.

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