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Ao contrário do que diz boato, governadores compraram vacinas

Em vídeo, ex-senador Magno Malta afirma que o governo federal foi o único responsável pela compra dos imunizantes aplicados no Brasil

atualizado

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Projeto Comprova
Captura de tela de vídeo do Facebook. Imagem é sobreposta com a cor rosa e uma etiqueta de conteúdo falso
1 de 1 Captura de tela de vídeo do Facebook. Imagem é sobreposta com a cor rosa e uma etiqueta de conteúdo falso - Foto: Projeto Comprova

Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.

Conteúdo verificado: vídeo no Facebook em que o ex-senador Magno Malta afirma que “nenhum governador comprou uma gota de vacina” e “todas as vacinas no Brasil foram compradas por Jair Messias Bolsonaro”.

É FALSO que nenhum governador tenha comprado vacinas contra a Covid-19 e que todos os imunizantes disponíveis no Brasil tenham sido adquiridos pelo governo federal, como afirma o ex-senador Magno Malta em um vídeo que viralizou no Facebook. Em setembro de 2021, cinco estados firmaram acordo com o Instituto Butantan para fornecimento direto, sem passar pela União, de 2,5 milhões de doses da CoronaVac: Ceará, Mato Grosso, Pará, Piauí e Espírito Santo. Este último é o estado de Malta. O governo capixaba gastou R$ 26,5 milhões na aquisição imediata de 500 mil doses da vacina. Pará e Piauí confirmaram, em seus sites, terem recebido as vacinas. Mato Grosso desistiu da aquisição por já ter imunizantes enviados pelo Ministério da Saúde.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

O próprio estado de São Paulo anunciou o recebimento de 4 milhões de doses da CoronaVac por meio da Secretaria Estadual de Saúde, após acordo realizado diretamente com a Sinovac, biofarmacêutica chinesa responsável pela produção do imunizante.

O Brasil também recebeu doação de vacinas dos Estados Unidos, o que não configura uma compra por parte do Governo Federal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia autorizado em fevereiro de 2021 que os governos locais pudessem comprar imunizantes caso o governo federal descumprisse o Plano Nacional de Imunizações (PNI) ou que as doses disponibilizadas pela União fossem insuficientes para atender a população. No mês seguinte, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que permitia a aquisição por estados e pelo setor privado, desde que todas as doses fossem doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto estivesse em andamento a imunização dos grupos prioritários. A vacinação de grupos não prioritários teve início em maio de 2021.

Ao todo, o governo federal já comprou 564,7 milhões de doses de vacina, das quais 407,4 milhões foram distribuídas até o dia 28 de janeiro deste ano. Ao menos 352 milhões já foram aplicadas, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. O Comprova tentou contato com Magno Malta pelo WhatsApp e pelo Twitter, mas não teve retorno do político. O vídeo foi considerado falso porque o conteúdo é inventado e foi divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem
Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente
Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada
Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes.  O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma
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Diante do cenário de pandemia e da ampliação da dose de reforço, algumas pessoas ainda se perguntam qual é a importância da terceira dose da vacina contra a Covid-19

Istock
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A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente

Tomaz Silva/Agência Brasil
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Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada

Hugo Barreto/Metrópoles
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Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes. O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova

Westend61/GettyImages
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O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Um estudo conduzido pela University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido, mostrou que pessoas que receberam duas doses da AstraZeneca tiveram um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço da vacina da Moderna, e aumento de 25 vezes com o reforço da Pfizer

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
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As reações à dose de reforço são semelhantes às duas doses anteriores. É esperado que ocorram sintomas leves a moderados, como cansaço excessivo e dor no local da injeção. Porém, há também relatos de sintomas que incluem vermelhidão ou inchaço local, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, febre ou náusea

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Vale ressaltar que o uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por Covid-19

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Como verificamos?

O Comprova verificou as páginas oficiais dos estados em busca de notícias acerca da aquisição de vacinas, além de realizar a verificação, nos respectivos portais, de contratos e licitações que pudessem indicar a compra direta dos imunizantes.

Uma vez que o Instituto Butantan está vinculado ao Governo de São Paulo, tomamos o site desse estado como ponto de partida. Encontramos uma notícia tratando especificamente do acordo com outros estados para compra da CoronaVac, sendo mencionada a celebração de contrato com Ceará, Piauí, Pará e Espírito Santo. Verificamos a existência de notícias, documentos e contratos em cada um dos portais das unidades, a fim de confirmar a efetivação das compras.

O Comprova teve acesso, pelo Portal da Transparência, aos contratos efetivados pelo Ceará, pelo Espírito Santo e pelo Pará. Não encontramos documentos nos portais do Piauí, contudo, verificamos a existência de notícias referentes à compra.

Também entramos em contato com as empresas Pfizer, AstraZeneca e Johnson & Johnson, para solicitar informações sobre a compra de vacinas por estados e municípios. Só a AstraZeneca respondeu.

O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a Covid-19 disponíveis no dia 18 de fevereiro de 2021.

Verificação

Estados compraram vacinas

Segundo o Governo do Estado de São Paulo, em 22 de setembro de 2021, foi feito um acordo com outros estados para o fornecimento de vacinas. Após a conclusão do envio da CoronaVac para o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan fechou contrato diretamente com as unidades da federação para a entrega de 2,5 milhões de doses, em cerimônia que contou com a presença dos governadores Camilo Santana (do Ceará), Wellington Dias (do Piauí), Helder Barbalho (do Pará), e Renato Casagrande (do Espírito Santo). Os representantes foram recebidos pelo governador de São Paulo, João Doria, e pelo presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, na sede da instituição.

O atraso, por parte do governo de Jair Bolsonaro, em adquirir os imunizantes, motivou a ação de governadores para que pudessem garantir a distribuição de vacinas à população de seus respectivos estados.

página do Instituto Butantan apontou, em fevereiro de 2021, que a demora por parte do Ministério da Saúde para comprar a vacina chegou a afetar os prazos para envio de matéria-prima pela farmacêutica chinesa. . O presidente do Instituto relatou esse problema também em sua oitiva na CPI da Pandemia. De acordo com Covas, em julho de 2020 o Butantan já havia ofertado a CoronaVac ao Ministério.

demora nas tratativas para aquisição da vacina foi igualmente apontada pelo ex-Secretário de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten, que em depoimento à CPI, disse ter havido demora de dois meses até que o Palácio do Planalto respondesse à oferta pala Pfizer.

Os portais de diversos estados também noticiaram a intenção de compra, o contrato e o recebimento de vacinas adquiridas com o Butantan. Por exemplo, na página da Agência Pará, portal de comunicação oficial do estado, em 27 de setembro de 2021, uma notícia sobre o recebimento de um lote de doses dá ênfase à aquisição direta, sem envolvimento do Ministério da Saúde.

Em 8 de outubro do ano passado, o Portal Saúde do governo do Piauí noticiou a entrega de duzentas mil doses referentes à primeira remessa da CoronaVac comprada pelo estado diretamente do Instituto Butantan. Na ocasião, a Secretaria de Saúde emitiu um convite à imprensa para que estivesse presente no aeroporto, no horário de chegada dos imunizantes.

O Mato Grosso, embora tenha assinado no ano passado o protocolo de intenção para a compra da CoronaVac diretamente ao Butantan, confirmou em e-mail ao Comprova que não fez a aquisição devido à oferta de imunizantes em larga escala pelo Ministério da Saúde.

Por e-mail, a AstraZenecaJanssen e Pfizer nos informaram que todas as vendas de vacinas são realizadas para o governo federal.

O autor do vídeo

O Comprova entrou em contato com Magno Malta, autor da declaração, por WhatsApp e Twitter, mas não obteve retorno. Magno Malta é político pelo estado do Espírito Santo e, atualmente, não ocupa cargos eletivos após a derrota nas urnas em 2018. Durante sua carreira, foi vereador, deputado estadual e federal e senador.

Simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL), Malta desempenha grande influência no governo federal. O Comprova já verificou outras informações compartilhadas pelo político, como a alegação falsa que leite materno substitui a vacina contra a Covid-19 em crianças e uma montagem que colocava o agressor de Bolsonaro ao lado do ex-presidente Lula.

Magno Malta também é conhecido por ter uma forte ligação religiosa, sendo formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Em 2002, o político lançou o livro “Deus tem um trato comigo”, biografia que narra a sua trajetória até a CPI do Narcotráfico.

Por que investigamos?

O Comprova efetua a verificação de conteúdos suspeitos relacionados à pandemia de Covid-19, às políticas públicas do governo federal e eleições que tenham viralizado nas redes sociais. O ex-senador Magno Malta é uma figura pública e o vídeo em que faz a afirmação falsa, de que nenhum estado adquiriu vacinas, alcançou 253 mil visualizações no Facebook e conta com 68 mil curtidas.

Outras checagens realizadas pelo Comprova já mostraram que vacinas não criaram novas cepas do coronavírus ou mais casos de Covid em Israel, e que uma postagem citando aumento de doenças entre militares dos EUA após serem vacinados utilizou dados incorretos. O projeto também já demonstrou ser falsa a alegação de que a Universidade Johns Hopkins teria comprovado, por meio de estudo, que lockdowns tiveram pouca efetividade na contenção da Covid-19.

Esta verificação foi feita por jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.

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