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Teste do sorvete: um ranking dos 10 melhores do Distrito Federal

Avaliei mais de 30 sorveterias e gelaterias para chegar a este resultado

atualizado

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Não há época ruim para se tomar um sorvete neste Cerradão tão maltratado pela seca – com fundamental ajuda de retrocessos políticos para a sustentabilidade do meio ambiente e de vis incendiários que destruíram parte da bela Chapada dos Veadeiros (GO). Que venham as frentes frias trazendo as chuvas. Sorvete em Brasília se mantém uma categoria em franca expansão.

A capital, desde 2013, simultaneamente ao fenômeno das padarias artesanais e das casas de café especial, encontrou no gelato italiano um outro filão que eleva o nível da produção local e, consequentemente, sua concorrência.

Falava com um amigo de Taguatinga, que trabalha como fornecedor de matéria-prima para sorveterias por todo o DF. Ele me disse uma frase marcante na semana passada: “Este período é o nosso Natal”. Com a seca e as altas temperaturas e, mesmo agora, com uma chuvinha lá outra cá, o brasiliense não fica sem um gelato.

Não vou aqui me delongar falando das infames paletas mexicanas – ah, mas fazem com fruta natural etc. – ou os “saudáveis” frozen yogurts, cuja febre baixou graças a uma oferta crescente de sorvete de verdade. Vale lembrar que o gelato, resultado da mundialmente reconhecida técnica italiana, consolidou-se em Brasília nesses anos 2010, moldando inclusive o paladar do público consumidor.

Paga-se mais caro pelo sorvete produzido pelos profissionais que carregam a pomposa pecha de mestres gelataios. Eles cavam as cubas de sorvete com espátulas e não mais com conchas ou colheres extratoras adormecidas num balde de água turva aguardando o próximo pedido.

Minhas sorveterias da infância, antecipo, não estão nesta lista. Moka’s, na 112 Sul, e a Palato Ice Cream Shop, na 309 Norte, refrescam hoje apenas minha memória afetiva. Voltei a elas e todas apresentam sorvetes doces demais, com muitos cristais de água do congelamento, massa carregada de pigmentos artificiais e sabor idem. Prefiro deixar o saudosismo para lembrar os ótimos produtos que serviam as finadas Cremosità e Rappel, por exemplo.

Foi-se o tempo em que tínhamos como referencial de bom sorvete aquela banana split da lojinha de esquina da Kibon ali na Rua das Farmácias.

Para superarmos uma questão conceitual, quando me refiro a sorvete coloco no mesmo balaio tanto o ice cream, popularizado pelas lanchonetes americanas desde os anos 20 (com seus sundaes e tal) até o gelato italiano que recusa a alcunha de sorvete devido ao seu menor teor de gordura e por incorporar menos ar no processo de fabricação, passando pela tradição francesa dos soberts. Picolés, por demandarem um processo muito distinto, não foram avaliados.

Muita gente já arriscou dizer qual o melhor sorvete de Brasília. O próprio Metrópoles ranqueou suas preferências em abril. Mas era hora de fazer um tour de maior fôlego pelas sorveterias do DF, provando e comparando cada produto.

Atravessei a estiagem cerratense atrás de novas sorveterias e visitando antigas conhecidas. Topei com gratas surpresas, a exemplo do Sensazione Gelateria Italiana no Gama, em breve também em Águas Claras, e da Oni Uno Ateliê de Gelato no Sudoeste – por muito pouco alijadas da lista final. Também me deparei com decepções, caso da recém-importada franquia americana Ben & Jerry e seus sorvetes massudos, com pouca cremosidade, embora não tão doces quanto os de seu conterrâneo Häagen-Dazs.

Como resultado desta peregrinação, de Sobradinho ao Gama, cruzando Sudoeste e Águas Claras, avaliei 32 casas (confira a lista ao final). Consolido portanto um trabalhoso ranking dos dez melhores sorvetes de Brasília. Sintam-se à vontade em discordar.

1) Saborella

divulgação

Indiscutível a qualidade do produto dos irmãos Bruno, Sávio e Homero Kzam, que mantêm a mais antiga sorveteria de processo artesanal de estilo italiano em Brasília. Premiadíssima, a casa merece todo o fuzuê em torno do seu sorvete. Equilibrada proporção de ingredientes (açúcar, leite, creme de leite fresco) com uso de insumos naturais de ótima qualidade. Avelã do Piemonte, açaí paraense, chocolate de São Tomé e Príncipe, pistache iraniano e frutas fresquíssimas (nada de polpa) compõem as cubas, trocadas diariamente. Seus sorbets (produzidos sem adição de leite) também apresentam uma qualidade superior às demais, sem formar cristais de gelo e alcançando cremosidade. O mais bacana de tudo é que a Saborella não se limitou a reproduzir um clássico italiano, mas o recriou de forma particular, dispensando inclusive a espátula. A bola custa R$ 14.

Na 112 Norte, Bloco C, Loja 38, 3340-4894. Segunda a sábado, das 12h às 22h; domingo, das 12h às 21h; e  também no Shopping CasaPark, Via Epia, Guará, 3361-0909. Segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 14h às 20h

2) Fabrizzio Gelato Italiano

Rafaela Felicciano/Metrópoles

A técnica de gelato aqui empregada deve ser a mais bem apurada para o padrão italiano que encontrei. Doces elaborados com destreza e conservados em temperatura perfeita pelo mestre gelataio Fabrício Tonon, cuja família comanda a confeitaria Casa Doce na qual está instalada a sua grife. A espátula atravessa a massa de sorvete na cuba sem muito esforço. Daí é possível perceber que o dueto textura-temperatura tem harmonia. Trabalha com sabores clássicos, com destaque para o chocoblack e o de pistache, esse nobre ingrediente presente em todas as casas mais dedicadas. Gosto muito dos sorbets, especialmente o de morango, sem atenuar o sabor da fruta ou mascará-lo com açúcar em excesso. R$ 98 o quilo.

Na Casa Doce, 112 Sul, Bloco A, Loja 29, 61 3445-2807. Terça a sexta, das 9h às 20h; sábado, das 9h às 19h; domingo, das 9h15 às 18h

3) Bacio di Latte

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Rede paulistana de gelatos chegou a Brasília no ano passado com um projeto de expansão pelos shoppings centers da cidade. Vocês sabem o que acho de se comer em shopping. Gostaria ainda mais da sorveteria se estivesse num comércio de rua. Mas avaliei a qualidade do sorvete e não o empreendimento em si. É preciso reconhecer que as filiais instaladas por aqui fazem um trabalho exímio. Primeiro porque, diferentemente de outras marcas de renome, não se limitam a trazer os preparos diretamente da fábrica em outros estado ou país. A produção da Bacio é feita aqui mesmo, o que garante qualidade de conservação e frescor do produto. Embora mantenha uma linha sem lactose (sorbets), o destaque aqui vai para a manipulação do produto que dá nome à casa. Aliás, nunca tomei um sorvete de leite puro tão cremoso e saboroso. Também considero acima da média a combinação intitulada cremino (leite + gianduia). Preços começam em R$ 11,90.

No Conjunto Nacional, 1º piso; no ParkShopping 2º piso. Telefone 61 3036-2496; e no Brasília Shopping, térreo. Telefone 61 97533-30131. Funcionam de segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo, das 14h às 20h — exceto a do Brasília, das 13h às 19h. Acesse o site para saber também onde estão os quiosques de serviço: http://baciodilatte.com.br/#lojas

4) Sorbê

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Os sorvetes de Rita Medeiros são únicos. Pesquisadora dos frutos do Cerrado, a jornalista e sorveteira apresenta sabores dos mais variados, explorando insumos regionais, obedecendo a sazonalidade das frutas. Ou seja, antes de o sorvete ir para a cuba, há um respeito pelo ingrediente e um senso de sustentabilidade que pauta toda a produção. O risco, portanto, é maior, o que faz com que seus sorvetes não apresentem padrão tão rigoroso como das casas acima. No entanto, trabalha bem com clássicos, como chocolate belga e baunilha, e faz muito bonito com as preciosidades do Cerrado, a exemplo dos sorvetes de marcacujá-pérola, bacuri, murici e jabuticaba. Os sabores, como dito, variam de acordo com a disponibilidade na natureza. Também apresenta bons exemplares de sorbets. A bola custa R$ 10

405 Norte, Bloco C, Loja 41, 61 3447-4158. Segunda a domingo, das 11h às 19h

5) Lo Voglio

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Marca local criada com um ousado projeto de expansão, ocupou o espaço deixado pela ótima Cremosità, na 104 Sul, sem deixar a dever muita coisa em qualidade. Emprega-se aqui a clássica técnica de gelato italiano, servido em espatátulas e adornado com um biscoito parecido com o stroopwaffle. Nas cubas, sabores muito bem equilibrados e combinações felizes, por exemplo, o de doce de leite com Bailey’s. Dos clássicos, pistache e baunilha são irreparáveis. Preços começam em R$ 12 (há uma promoção a R$ 10 para alguns sabores).

104 Sul, bloco A, loja 9, 61 3225-0329 (22 lugares). 10h/21h. Acesse o site para todos os endereços: http://www.lovoglio.com.br

6) Dolce Gelatto

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A Dolce Gelatto começou timidamente na comercial que fica no início do Pistão Sul, próximo ao Taguatinga Shopping em 2014, para logo se mudar para outro endereço em Águas Claras. Bons gelatos, com técnica italiana, cremosidade e matéria-prima de qualidade. Em expansão pelo DF, chegou recentemente ao Pier 21. Qualidade mantida por esses três anos de operação da marca. Aqui você encontra um chocolate belga muito bom, por exemplo. Preços a partir de R$ 10.

Na Avenida das Araucárias, Rua 31 Sul, Águas Claras, 61 3536-8812; e no Pier 21, Setor de Clubes Esportivos Sul, trecho 2, lote 32, 61 3246-7299

7) Brazilian Ice Cream

O pessoal da Brazilian American Burgers começou a produzir sorvete de estilo americano para compor os saborosos milkshakes da casa. Quando soube que abririam uma sorveteria, imaginei que fosse utilizando o mesmo tipo de produto. No entanto, a surpresa foi que nos deparamos com uma gelateria. Confesso que gostaria que produzissem em maior escala os bons sorvetões que preparavam na hamburgueria, mas ao buscar a técnica italiana, encontramos um trabalho bem feito, não excepcional. Para além de sabores tradicionais, aqui você encontra uma combinação saborosíssima produzida com leite de cabra: gengibre com quinoa e mel. R$ 89,90 o quilo.

Na CLSW 301, Bloco C, Loja 44, Sudoeste, 61 3041-4848. Segunda, das 10h30 às 20h; terça a domingo, das 10h30 às 22h

8) Daniel Briand Pâtissier & Chocolatier

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Nem todo habitual frequentador desta tradicional cafeteria e confeitaria francesa sabe que lá depois das vitrines, sobre a calçada, há um carrinho para vender os maravilhosos sorbets produzidos pelo patissier Daniel Briand. A França, como a Itália e os EUA, mantém forte tradição na produção deste doce gelado. Não deixe de experimentar o de maracujá e o de framboesa, absolutamente refrescantes e suficiente cremosos, um desafio enorme para um gelato produzido sem leite. Há também sorvetes. Um de baunilha bem saboroso, embora mais firme do que o ideal, e um de chocolate exageradamente amargo, com aparentes cristais de gelo. A bola custa R$ 10.

Na 104 Norte, Bloco A, loja 26, 61 3326-1135. De terça a sexta, das 9h às 22h; sábado e domingo a partir das 8h

9) Sorvete da Torre

guilherme lobão/metrópoles

Este é meu guilty pleasure. Afinal, há evidentes limitações técnicas. Mas sorvete de verdade não precisa da melhor máquina ou curso de gelataio. João Orlando Góis utiliza técnica caseira e dispensa excessivos conservantes, corantes e saborizadores. Não é um lugar onde tomaria um sorvete de chocolate – a matéria-prima está longe de ser das melhores neste caso. Mas o trabalho de João, um precursor na produção artesanal de sorvete na cidade, merece lugar de destaque. Supera qualquer modismo e é um dos poucos lugares onde confio tomar um sorvete de estilo americano. Sem falar que a bola custa 6 conto. O de tapioca e o de bacuri especificamente são mais saborosos que os produzidos pela Sorbê, embora o sorbet de taperebá pese a mão no açúcar.

Na Feira da Torre de TV, praça de alimentação, Eixo Monumental, 61 99285-9169. De quarta a domingo, das 10h às 17h.

10) Stonia Ice Creamland

No que se refere ao sorvete em si podemos concluir que esta é uma das dez melhores casas na cidade. Sorvete tecnicamente correto e com sabores interessantes. O problema reside na capacidade em se destruir todo o trabalho do mestre gelataio. Por alguns mirréis a mais, o atendente submete o gelato a uma chapa de pedra congelada, na qual irá literalmente fatiar, achatar e misturar o produto com uma série de guloseimas industrializadas, mais frutas, caldas medonhas e, ao final, entregar ao cliente uma massa de aparência pouco convidativa.

Desperdício de um bom produto. Do lado de fora, a Stonia comete outro acinte contra a boa reputação de seu próprio sorvete ao misturar uma solução láctea com toda sorte de coisa numa outra chapa fria em que ao final se raspa o resultado dessa mistureba para servir ao cliente. Uma nova modinha (importada da Tailândia), mas que sai tão cara que não vale nem provar. Mas não se intimide pelos exageros, tome o sorvete, purinho, que você não perderá a viagem e estará seguramente diante de um dos dez melhores exemplares de gelato de Brasília. Preços começam em R$ 11,90.

Na 405 Sul, Bloco B, Loja 22, 61 3244-8772. De terça a domingo, das 12h às 22h; e na Avenida Araucárias, 1525, Shopping Metrópoles, 61 3568-2834. De segunda a domingo, das 10h às 22h

Sorveterias testadas por ordem alfabética:

Abuela Goye
Bacio di Latte
Ben & Jerry
Brazilian Ice Cream
Chiquinho Sorvetes
Daniel Briand Pâtissier & Chocolatier
Delícias do Cerrado
Dolce Gelatto
Fabrizzio Gelato Italiano
Freddissimo
Freddo
Frutos de Goiás
Frutos do Brasil
Gula Gelada
Häagen-Dazs
La Bella
Lo Voglio
Mega Frutti
Mesclattino
Moka’s
Mood Gelato & Café
Nosso Sabor
Oni Uno Ateliê de Gelato
Palato Ice Cream Shop
Saborella
Sabores do Cerrado
Sensazione Gelateria Italiana
Sorbê
Sorvete da Torre
Sr. Sorvete
Stonia Ice Creamland
Torteria di Lorenza
Zagaia

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