Oficina Burger & Cia. entra no rol das boas hamburguerias do DF

Nunca fora de se estranhar comer um hambúrguer em posto de gasolina. Afinal, as lojas de conveniência das estações de abastecimento (ao menos nas últimas décadas) sempre apresentaram opções de fast-food. Normalmente, eram aqueles lanches embrulhados em papel de alta absorção de calor levado ao microondas no próprio estabelecimento. Não era de se levar a sério.

Curiosamente, neste tempo de explosão da tendência da chamada hamburgueria artesanal, são em postos de gasolina inclusive que se acham algumas das melhores mordidas de Brasília. Sem dúvida, lembramos do Páprica Burger, no contêiner instalado no posto da 204 Norte. E, desde outubro passado, também há, na 214 Norte, uma hamburgueria de respeito. A Oficina Burger & Cia. deverá certamente integrar o ranking que divulgaremos em breve por aqui com as melhores casas do Distrito Federal.

Uma primeira grande sacada da Oficina foi a produção visual, algo essencial para encarar a concorrência feroz do segmento hoje. Embora não atenda à mesa (como na maioria das lanchonetes), o ambiente foi desenhado para se sentar e comer sem pressa. Seja dentro ou fora do ônibus estilizado, cuja carcaça fica estacionada dentro da “oficina” e é equipada por sofás retrôs plastificados e mesinhas de ferro. Até a pia do banheiro unissex fora projetada com adereços de posto de gasolina.

 

No entanto, acho que o brasiliense a esta altura do modismo das hamburguerias já ficou esperto o suficiente para não se deixar convencer simplesmente pelo visual despojado de certa rusticidade de um futuro distópico à Blade Runner, que muitas lojas praticam. A prova final está na qualidade da comida apresentada.

O cardápio não é tão enxuto. Divide-se em categorias de petiscos, burgers e outros sanduíches. O franguinho empanado com um molho que lembra um ranch (creme à base de alho e ervas) não é lá grandes coisas. Apresenta fritura irregular e me parece demasiadamente massudo. Esse preparo integra, inclusive, um dos sanduíches, incrementado por um coleslaw (salada fria de repolho com maionese).

Dos sanduíches, há um de lagarto desfiado bem gostoso e um choripán razoável. O mais interessante mesmo são os hambúrgueres, apesar de todos os preparos serem feitos com pães de alto nível.

 

E hambúrguer nada mais é do que pão e carne. Se a hamburgueria conferir importância suficiente a esses dois elementos, a chance de erro é mínima. E a Oficina Burger, nesse quesito, toma uma atitude importante: terceiriza seu pão. Quem está por trás da receita é a La Panière, padaria francesa da Asa Sul que não deve nada às melhores da cidade.

Muitas hamburguerias se orgulham de produzir todos os ingredientes da composição do sanduíche de forma artesanal. De fato, esse seria um grande mérito se feito com destreza. Contudo, canso de ouvir: “o pão é de produção própria”. De nada vale fazer o próprio insumo se ele não será aquele brioche liso, fofo e com estrutura para segurar o blend de carne carregado de molho e outros pertences.

A Oficina prepara os próprios blends. O principal, de carne angus, com queijo, bacon, salada e uma maionese da casa que não é lá grandes coisas, sai por R$ 38 no combo com fritas fininhas e supercrocantes mais bebida. Considero ainda mais interessante o mero cheeseburger. Quando o blend é bom, quanto menos ingrediente para atrapalhar o sabor, melhor.

Como também é tendência, aqui trabalha-se com refrigerante natural e pink lemonade. O chope é pedido à parte, extraído dos galões da Hop Capital Beer. Afinal, servir comida e bebida de qualidade também depende de saber escolher bem os fornecedores das peças para sua engrenagem. Eis o trunfo na manga desta oficina.

Oficina Burger & Cia.
No posto GT da 214 Norte. Telefone: (61) 99981-9263. De terça a domingo, das 17h às 23h. Wi-fi. Ambiente interno e externo. Desde 2017