Janela de tempo para minimizar sequelas de AVC é de apenas 4h30
Diagnóstico e tratamento feitos durante esse período diminuem, significativamente, os riscos ao paciente
atualizado
Compartilhar notícia
Popularmente conhecido como derrame, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e de sequelas no Brasil e no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2015 foram registrados 183,9 mil internações decorrentes dessa enfermidade – que representa a primeira causa de óbito e incapacidade funcional no país. “Aproximadamente 70% das pessoas acometidas com AVC se afastam do trabalho. E desse total, 40% precisam de terceiros para se manterem no dia a dia”, calcula o coordenador da UTI do Hospital Santa Marta, Sidnei Silva.
O risco de AVC aumenta com a idade, sobretudo após os 55 anos. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a adoção de medidas urgentes para a prevenção e tratamento da doença. Porém, ao contrário do que se acreditava num passado recente, quando o derrame era encarado com certo fatalismo, onde muito pouco poderia ser feito diante da ocorrência, hoje protocolos rigorosos e ágeis executados por hospitais ajudam a minimizar e até eliminar possíveis sequelas.
Para isso, é fundamental se atentar para os primeiros sintomas da doença, como fala embolada, formigamentos e dificuldade de entendimento (veja quadro). “Muitas vezes as pessoas acham que é um mal estar passageiro e esperam por uma melhora. Porém, quando se trata de um acidente vascular cerebral o tempo faz toda a diferença”, alerta a coordenadora de neurologia do Hospital Santa Marta, Luciana Bello Portela.
Protocolo do AVC
Na verdade, a rápida reação de quem auxilia uma pessoa que apresenta esses sinais pode significar a vida ou a morte do paciente. Estudos comprovam que atendimentos feitos em até 4h30 são cruciais para reduzir ou reverter o quadro. “Dentro desse período podemos introduzir o trombolítico, que é um medicamento aplicado por injeção na veia capaz de dissolver o trombo ou o coágulo que entope as artérias cerebrais”, explica a neurologista.
No entanto, a maior preocupação é com a ocorrência de hemorragia. Exatamente por isso, os médicos seguem esse protocolo de atendimento antes de usar a medicação. O processo inclui uma série de exames, como tomografia do crânio e ressonância magnética, além de um acompanhamento constante das percepções do paciente.
“Quando a pessoa chega na emergência, o seu prontuário é carimbado com uma marcação que indica o protocolo de AVCI (isquêmico) a ser seguido. Dessa forma, todo mundo já sabe que esse paciente deve ser rapidamente encaminhado para todos os setores, com prioridade, que constam no protocolo”, explica o coordenador da UTI do Hospital Santa Marta, Sidnei Silva. “Várias equipes ficam preparadas: médicos, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, neurologia, neurocirurgia, laboratório, radiologia, banco de sangue. Todo mundo é envolvido nesse protocolo de AVC”, completa dr. Sidnei.
Foi justamente a velocidade exigida por esse procedimento que ajudou a aposentada Maria de Conceição a salvar o sogro, Francisco Bezerra, de 78 anos, de um derrame em 2014. “Nos preparávamos para ir ao Parque de Águas Claras, quando vi que ele estava com a boca torta e dificuldade para andar”, lembra. Mesmo se negando a receber atendimento, ela colocou o sogro dentro do carro e se dirigiu ao hospital mais próximo, o Santa Marta, localizado em Taguatinga Sul. “O atendente passou o meu sogro na frente, o colocou na cadeira de rodas e os médicos já começaram a fazer exames. Nós chegamos na unidade por volta das 9h50 e às 11h ele já estava na UTI recebendo todos os cuidados”, diz. “Tenho certeza que o que salvou foi a rapidez no atendimento”.
Certificação e excelência
A adoção desse e de outros tipos de protocolos fizeram com que o Hospital Santa Marta recebesse, em março, a acreditação nível III da Organização Nacional de Acreditação (ONA). A certificação máxima emitida pela entidade, reconhecida pela Agência Nacional de Saúde (ANS), atesta que a instituição atende a critérios de excelência e seguem altos padrões e processos no atendimento ao público.
Isso significa que o hospital cumpre os requisitos de segurança do paciente, possui processos integrados, maturidade e cultura organizacional de melhoria contínua da gestão de saúde. Apenas 1,45% de todos os hospitais do Brasil tem a acreditação ONA III.