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Vida em Portugal: sem pausas, não é possível haver sequências…

Durante três dias, as dores na coluna foram aplacadas na cidade de Peso da Régua, um recanto produtor de vinho na região do Douro. Confira

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Gui Pacheco/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 peso da régua_portugal - Foto: Gui Pacheco/Especial para o Metrópoles

De tempos em tempos é preciso descansar a coluna. Tanto a coluna Portuguesices como a coluna vertebral e, sem dúvida, uma dor na segunda afeta os humores da primeira.

Pois foi isso que fiz durante um par de três dias, em uma cidadezinha cujo nome não podia ser mais poético: Peso da Régua. Só em Portugal mesmo a gente encontra essas singelezas toponímicas. Um nome como esse, que poderia ser título de um romance de Umberto Eco ou de um livro de poesias do nosso genial Arnaldo Antunes, tem uma razão muito simples.

Havia duas cidades, uma no alto da encosta chamada Peso e outra mais abaixo ao nível do rio, chamada Régua. A junção das duas deu nessa bela cidade de apenas 17 mil habitantes no Vale do Rio Douro, uma das regiões mais charmosas e fascinantes da Europa. O Rio Douro nasce na Espanha e vem serpenteando e atravessando o Norte de Portugal até chegar ao Atlântico, na cidade do Porto.

Não bastasse a beleza das paisagens, a região foi agraciada com o dom de produzir excelentes vinhos, e as encostas do Douro são literalmente forradas pelas vinhas. Era de Peso da Régua que partiam os típicos barcos rabelos, de madeira, transportando os barris de vinho até Vila Nova de Gaia, ao lado da cidade do Porto, onde o vinho envelhecia nas caves para se transformar no famoso vinho do Porto. Mas essa é outra história, mais um dos segredos de Portugal.

No Peso da Régua, uma das vinícolas mais famosas é a Quinta da Pacheca, cuja fundadora lá pelos idos do século 18 chamava-se Dona Mariana Pacheco Pereira. Pensei em dar uma passada lá e exigir o meu quinhão como “legítimo” descendente Pacheco (poderia ser em garrafas de vinho mesmo!), mas achei que era muita cara de pau.

Mesmo para quem não curte beber um bom vinho, a região do Douro tem excelentes motivos para você desfrutar. Muitas das vinícolas permitem a estadia e há excelentes hotéis em toda a região.

Estive lá a convite do @sixsensesdourovalley, uma mistura perfeita de hotel, spa, quinta, gastronomia e… vinhos! O Six Senses é uma rede internacional de hotéis, resorts e spas, com foco em bem-estar, qualidade de vida e, como o próprio nome sugere, explorar os sentidos. A maioria dos hotéis Six Senses está na Ásia e apenas um na Europa, orgulhosamente cá em Portugal.

O Six Senses Douro Valley situa-se numa quinta do século 19, totalmente renovada. Está aí uma coisa que me fascina: mais do que construir algo do zero, é a capacidade humana de recriar espaços a partir do que já existe, dando a esses lugares uma nova destinação. Infelizmente, muitas vezes preferimos demolir a preservar. Apostamos em terrenos vazios para construir em vez de assumir imóveis deteriorados e reformá-los.

No Six Senses percebe-se a convivência do antigo com o moderno, não só na arquitetura e na decoração. São os aromas e os sabores provenientes da horta orgânica em harmonia com a alta gastronomia. São as experiências possíveis de participar da tradição de pisar as uvas com o pé ou aprender a preparar ervas e plantas para temperos ou para chás. Caminhar nas trilhas da propriedade ou fazer uma avaliação fitness.

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Ou talvez uma das melhores experiências do mundo que é… não fazer nada! Ficar à toa, olhando para a paisagem do Douro, com os pés de fora sob o sol morno da primavera, de frente para a piscina. Com o máximo esforço de levar à boca uma taça de vinho português (do Douro, é claro!). Acho que é nesses momentos que conseguimos despertar o sexto sentido.

Definitivamente, meus queridos, a vida não pode ser feita apenas de vírgulas, pontos e pontos e vírgulas. A vida pede reticências também.

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