Se disserem que neva em Portugal, ninguém acredita!

Como pode um país tão pequenino ter praias incríveis – das calmas águas do Algarve às ondas gigantes de Nazaré –, além de florestas, campos e até montanhas cobertas de neve? Pois Portugal tem tudo isso e muito mais.

Em plena primavera de abril, com os termômetros começando a subir, uma inusitada decisão familiar: vamos passar um fim de semana na neve?

O destino? A Serra da Estrela.

As facilidades começam no caminho. São apenas três horas de carro de Lisboa até uma cidadezinha chamada Covilhã, uma das portas de entrada da Serra da Estrela, mais conhecida pela produção de um delicioso tipo de queijo de ovelha amanteigado que leva o seu nome. No Brasil, o queijo da Serra da Estrela custa em média R$ 300 o quilo. Ou seja, só para quem realmente pode pagar, em ocasiões especialíssimas – acompanhado, claro, de um bom vinho português…

Chegando a Covilhã, uma decepção para quem esperava encontrar uma vila suíça com casinhas de madeira cobertas de neve. Nem um vestígio daquelas paisagens brancas que encantam as crianças. Meus filhos não escondiam o desapontamento. Havíamos compramos bota, calças e casacos, luvas e gorros, tudo para neve, mas nada de neve.

No aplicativo de trânsito, faltavam só 15km para o destino. Como o brasileiro não desiste nunca, seguimos em frente, já pensando em pedir ao hotel uma indenização pela propaganda enganosa. Então começa uma estrada sinuosa, que vai subindo, subindo e, pouco a pouco, começam a surgir vestígios de neve, até chegar ao alto da serra (confira abaixo).

Uau! De tirar o fôlego! Realmente uma paisagem alpina. E, pela primeira vez na vida, as crianças curtiram o espetáculo e se esbaldaram, com direito aos tradicionais bonecos de neve, guerra de bolas de neve e descidas de trenó nos morros gelados

Tudo isso em Portugal, por um preço muito menos proibitivo que na Suíça. Até eu me arrisquei no trenó. Certo que, comigo, ele mais afundava do que deslizava, mas essa limitação anatômica não diminuiu a diversão.

Abaixo, as memórias do álbum de família: 

 

No café da manhã do hotel, aquele megabufê matinal, com destaque para o… queijo da Serra da Estrela! Além disso, havia todas aquelas delícias da culinária portuguesa, que são o horror para quem está em dieta.

Subindo de carro um pouco mais além do hotel, tivemos a sorte de a estrada estar liberada, pois, por vezes, só é permitida a passagem de carros com tração nas quatro rodas ou com correntes nos pneus. E, assim, chegamos ao ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre, com quase 2.000m de altitude. Frio, vento, muita neve caindo e um minishopping, que vendia, entre outras lembrancinhas, o quê? … O queijo da serra!

Para nós, brasileiros, que precisamos nos programar com antecedência para uma viagem de inverno, seja para Bariloche (Argentina), Valle Nevado (Chile) ou Aspen (EUA) – e esse é um programa para poucos e poucas vezes na vida –, não deixa de ser um privilégio poder chegar numa sexta-feira, fim de dia, e no improviso convidar: “bora pegar uma neve amanhã?”. Coisas que só esse imenso pequenino Portugal pode oferecer.