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Réveillon português: nada de pular sete ondinhas nem usar branco

Em Portugal, a tradição da virada manda comer doze uvas passas e bater panelas à janela para espantar os males do ano velho

atualizado

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New Year concept – cheering crowd and fireworks
1 de 1 New Year concept – cheering crowd and fireworks - Foto: iStock

Fim de ano não tem jeito. A gente fica meio nostálgico, sentimental, faz aquele balanço do ano que passou e as promessas para o novo ciclo que vai começar. Para quem está exilado, a percepção é de que essas sensações ficam bem mais acentuadas.

Entre as centenas de mensagens que todos recebemos via WhatsApp nesse fim de ano, uma em especial me chamou a atenção e me comoveu. É uma canção de Natal interpretada pela Luciana Mello,
pelo Jairzinho (filhos do mito Jair Rodrigues) e pelo Simoninha (filho de outro mito, bem menos conhecido das novas gerações, o Wilson Simonal).

Pois a música, um sambinha bem gostoso, fala de um Papai Noel tropical, de chinelos e de um Natal brasileiro sem gelo e sem neve, mas com o brilho de tantos sorrisos. Ainda que em Lisboa não caia neve e o frio seja perfeitamente suportável, não dá para negar que dá uma saudadezinha do calor do Réveillon brasileiro. Vestir-se de branco, pular sete ondinhas, tomar sopa de lentilhas, levar flores para Iemanjá, guardar sete sementes de romã na carteira, usar calcinha ou cueca da cor associada ao desejo para o ano novo. E aguardar o sol nascer no primeiro dia de janeiro.

Em Portugal não tem muito disso não. Para nós, brasileiros, é estranho ver vestidos pretos nas vitrines para as Festas de Fim de Ano. É chique, elegante, não tem a ver com mau agouro. E com o frio que faz, é preciso ser corajoso para vestir-se de branco e pular as tais sete ondas. Então, o lance é seguir as tradições locais: comer doze uvas passas, fazendo doze pedidos ao soarem as doze badaladas. Bater tampas de panelas à janela para espantar os males do ano que termina. Claro que vestindo “roupa interior” azul…

A comilança é a mesma. Leitão, bacalhau, peru e outras iguarias igualmente “leves”, que comprometem qualquer dieta. Aliás, os leitões merecem um capítulo à parte. Basicamente existem duas formas de assar os leitões. Os leitões de Negrais, assados abertos no forno à lenha, e os leitões da Bairrada, assados no espeto. Nessa (pouco) saudável competição, o resultado é sempre delicioso. O mais bizarro são as bancas à parte que os supermercados montam nessa época para vender os porquinhos assados.

Não recomendo levar crianças, vegetarianos ou pessoas com estômagos sensíveis pois os animais ficam ali expostos inteiros, só faltando aquela maçã na boca. Para completar o “circo dos horrores”, transcrevo a descrição que o site de um desses fornecedores faz sobre os pobres bichinhos: “Os leitões são desmamados por volta dos 35 dias de vida e recriados até atingirem o peso médio de abate de 12 Kg, altura em que abandonam as instalações”. Abandonam as instalações??? Fico imaginando os leitões saindo de mansinho, até caírem numa armadilha… Uma verdadeira carnificina só para deliciar o nosso ogro paladar.

Depois dessa farta ceia, regada a um bom vinho nacional, a queima de fogos. Vou assistir da varanda de casa mesmo, pois aqui não há uma “praia de Copacabana” marcando a entrada de ano. São vários
espetáculos pirotécnicos aqui e acolá. E como nessa época do ano em Portugal estamos duas horas à frente do Brasil, terei o privilégio de comemorar duas vezes, assistindo ao vivo na TV as diversas festas Brasil afora.

Para os meus leitores internautas, um 2018 de paz e prosperidade. Acreditando que o Brasil que queremos e merecemos está em nossas mãos.

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