Portugal: frio e horário de inverno não impediram brasileiros de votar
Eleitores aguardaram pacientemente na fila e poucos usavam adereços verde-amarelos, vermelhos ou camisetas alusivas aos presidenciáveis
atualizado
Compartilhar notícia
Domingo de sol no Porto, Portugal, mas com muito frio e vento. A temperatura máxima chegou a 13°C, com sensação térmica de 11°C. Um desafio para os brasileiros que enfrentaram longas filas durante a manhã, ao ar livre, apesar do ritmo rápido. Funcionários do consulado já orientavam nas próprias filas a respeito das seções eleitorais de cada eleitor.
Mesmo com os temores do juiz eleitoral de que a lei fosse desrespeitada, praticamente não houve incidentes e, no Porto, não foi necessária a presença ou a intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Os eleitores aguardaram pacientemente na fila e poucos usavam adereços verde-amarelos, vermelhos ou camisetas alusivas aos candidatos que disputavam a Presidência do Brasil. Comparado ao primeiro turno, o clima no Porto contrariou as expectativas de que haveria acirramento dos ânimos. Pouquíssimas palavras de ordem a favor de um ou outro presidenciável.
A imprensa portuguesa, mais uma vez, promoveu uma ampla cobertura das eleições brasileiras, com destaque na primeira página e na home page dos principais jornais impressos/portais de notícias, como o Diário de Notícias, o Público, o Expresso e o Correio da Manhã. As principais emissoras de TV também estiveram presentes na cobertura das eleições, em especial a RTP e a CMTV, que entrevistaram eleitores e fiscais.
No início da tarde, praticamente já não havia mais filas para votar. Explica-se: muitos brasileiros de outras cidades do norte de Portugal, como Braga, Guimarães e Coimbra têm que se deslocar para o Porto para votar. Isso explica não só a alta abstenção (65% no primeiro turno), como também o fato de as pessoas preferirem ir mais cedo à votação (Coimbra, por exemplo fica a 120km do Porto).
A eleitora Julie Passos, moradora do Porto há 15 anos, acredita que “os dois lados querem o bem. Cada um tem suas justificativas e suas perspectivas. Nós vamos ter as consequências de nossas escolhas e vamos ter que aprender a lidar com elas”.
Sidineia Yamaguchi, que vive em Portugal há 20 anos, justifica a importância de seu voto: “Eu saí da terra, mas a terra nunca saiu de mim. Nunca vi o povo brasileiro, de uma maneira geral, tão engajado politicamente, tão interessado na política”.
O eleitor gaúcho Felipe Breier, morador de Braga há dois anos, demonstrava preocupação. “Mesmo aqui, sofremos influência do que ocorre no Brasil. Talvez seja uma das últimas vezes que eu vote nos próximos 10 ou 15 anos. As pessoas que lutaram tanto pela democracia e pelo direito ao voto não podem ter morrido em vão”, desabafou.
Em Lisboa, a presença das forças policiais garantiu a tranquilidade que não houve no primeiro turno. Porém, em algumas seções, tiveram longas filas, de mais de uma hora, que exigiram paciência dos eleitores brasileiros. O resultado em Lisboa dava vitória a Jair Bolsonaro, com 64,4% dos votos válidos (4.475 dos 6.948).
Independentemente dos números das urnas, o resultado da disputa presidencial é uma preocupação grande de portugueses e brasileiros com o futuro do Brasil.