Por um olhar além dos clichês sobre a vida em Portugal
As diferenças culturais entre Brasil e Portugal na visão de um brasiliense em terras lusas
atualizado
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Escrever a primeira coluna é sempre um momento tenso. Optei pelo mais educado, como minha mãe me ensinou. Fazer as apresentações. Pois, então, vamos lá.
Muito prazer, eu sou o Gui Pacheco, publicitário, professor e jornalista, temporariamente “exilado” em Portugal com a minha família.
Chegando aqui, surpreendi-me com um país incrível, muito diferente dos estereótipos construídos durante séculos no Brasil a respeito dos portugueses. Conhecemos tão pouco sobre Portugal e eles conhecem e admiram tanto o Brasil. É uma pena que tenhamos dado as costas ao país que nos deu a nossa língua e contribuiu para o nosso caldo cultural.
Por isso, resolvi escrever esta coluna contando um pouco das minhas experiências cotidianas por aqui. Com um olhar que pretende ir muito além dos clichês que eternizaram a terrinha: do cantor português Roberto Leal cantando “Arrebita” (para os mais velhos) ao megaídolo metrossexual Cristiano Ronaldo das sobrancelhas perfeitas (para os mais novos). Portugal é muito mais do que isso.
Será inevitável comparar com o Brasil, para o bem ou para o mal. Mas, desta vez, não vai ter guerra de colonizador com colonizado. Só espero que o saldo seja sempre positivo para você, leitor.
O poeta modernista Oswald de Andrade escreveu os versos abaixo há quase um século:
“erro de português”
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Pois nessa descoberta às avessas, cheguei aqui numa manhã de sol, num baita verão de céu azul. Então, o português me despiu. De todos os preconceitos, de todos os clichês.