Em Lisboa, alguma polarização, mas muita tranquilidade na votação

Em Portugal, são 39.118 brasileiros aptos a votar nas Eleições 2018, um número 27% maior em relação ao último pleito, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É a terceira maior comunidade de eleitores brasileiros fora do país. A votação ocorreu em três cidades, aquelas em que há representações consulares do Brasil: Lisboa (21.195 eleitores), Porto (14.300) e Faro (3.623).

O Metrópoles acompanhou o dia de votação no único lugar disponibilizado na capital de Portugal, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Dia de sol sem nuvens e a temperatura amena do outono português.

Do lado de dentro do prédio, eleitores desorientados buscavam em listas afixadas nas paredes o seu nome e a seção na qual deveriam votar. Seções alteradas ou que não existiam, falta de informações, mas bastante paciência por parte dos brasileiros que estavam ali dispostos a exercer o seu direito de escolher o próximo presidente. Afinal, muitos vieram de longe, de cidades a mais de 100km de distância, uma vez que nas seções de Lisboa não votam apenas os moradores da cidade.

Havia também dezenas de brasileiros que foram até o local para tentar votar, mesmo não tendo se inscrito no prazo regular, encerrado em maio. Alguns estavam ali apenas para se encontrar com outros brasileiros. Afinal, não deixa de ser uma possibilidade para a comunidade tupiniquim confraternizar. Tinha seções com filas imensas e, logo ao lado, outras quase às moscas. Porém, tudo num clima pacífico e cordial. Dentro do prédio.

O mesmo não se pode dizer da área externa. Fora da faculdade, por volta de 20 simpatizantes de Jair Bolsonaro entoavam palavras de ordem em louvor ao “Mito”, por vezes provocando os poucos adeptos de candidatos mais à esquerda, em especial do PT. O cônsul brasileiro em Lisboa, que também ocupa o cargo de juiz eleitoral daquela zona, precisou intervir algumas vezes (vídeo abaixo), invocando a lei eleitoral que veda a manifestação coletiva em frente do local de votação.

Não houve confronto nem ânimos exaltados, e os manifestantes educadamente se recolhiam para voltar à carga meia hora depois. Mas não houve nenhuma necessidade de intervenção policial, aliás não havia policiais no local, apenas seguranças que estavam ali para zelar pelo prédio.

As vozes dos brasileiros
Matheus Costa, 23 anos, mora em Portugal desde os 4 anos, ou seja, tem poucos vínculos com o Brasil. “Não podia ficar em casa. Mesmo vivendo há tempos em Portugal, decidi que eu precisava vir para acabar com o ódio e a polarização”, disse Costa.

 

José Ângelo dos Santos, 58 anos, vivendo em Portugal há apenas sete meses, disse com uma bandeira do Brasil nos ombros: “Não poderia ficar calado. Tinha que me manifestar contra a corrupção e a roubalheira. A nossa bandeira precisa ser vivenciada e idolatrada novamente.”

 

Rodrigo Fernandes, 33 anos, vestindo a camisa da Seleção Brasileira, emendou: “Minha família e meus filhos estão lá, e a gente quer o melhor para o país”. E profetizou: “Com a vitória de Jair Bolsonaro, muitos brasileiros voltarão para o Brasil”.

 

Lidiane de Carvalho, 40 anos, moradora de Lisboa há dois anos e meio, reforça o valor dos brasileiros fora do Brasil: “Não deixamos de ser cidadãos porque residimos fora do país, é fundamental exercer a cidadania”.

 

Ao fim da tarde, seções vazias, poucos eleitores e quase nenhum manifestante à frente da Faculdade de Direito.

 

Confira fotos dos brasileiros durante a eleição em Lisboa: