Deu praia… Em Portugal: saiba onde curtir mar e sol em terras lusas
Não tem vendedores ambulantes, arrastões ou culto ao corpo nas praias portuguesas. A água, porém, é gelada: afinal, nem tudo é perfeito
atualizado
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“Here comes the sun, and I say
It’s all right”
(George Harrison)
Depois de falar sobre a neve em Portugal na semana passada, hoje mudo radicalmente de estação e venho celebrar a chegada do calor primaveril. Dias longos de sol, temperaturas amenas à noite. Afinal, são sete meses do horário de verão, com o sol se pondo depois das 20h. Tem gente que não gosta, mas eu sou bicho diurno.
Aliás, a praia merece um capítulo à parte. Esqueça o conceito sociológico de praia conhecido no Brasil. De igual mesmo, só a areia e a água salgada. Não há ambulante vendendo queijo coalho nem mate com limão ou biscoito de polvilho. Esqueça os vendedores de cangas ou óculos com lentes pseudo anti-UV. Pode deixar o celular e suas coisas na areia. Você vai voltar e elas ainda estarão lá.Os casacos voltam para o armário e arriscamos colocar pernas e braços de fora e chinelão à mostra. Um amigo português me disse que o frio é psicológico. Deve ser mesmo, porque mesmo em dias ainda não tão quentes, a malta (turma, em português de Portugal) já vai se despindo dos agasalhos.
Calor combina com praia e elas voltam a encher, como que por encanto. Parece uma revoada de siriris (aqueles cupins alados) que, no calor, surgem do nada.
Hoje, eu entendo o que eu chamava de ingenuidade dos gringos no Brasil ao levarem máquina fotográfica e smartphone para a praia de Copacabana (RJ). Deve ser incompreensível para eles a ocorrência de arrastões e outras atrocidades. Não faz parte das referências culturais dos europeus a violência cotidiana do Brasil.
Para se refrescar com cerveja, água ou refrigerante, só se você levar num cooler. E é isso que todos fazem. Portugueses e gringos lancham sem cerimônia, como se estivessem fazendo um piquenique no bosque. Não é preciso nem dizer que ao fim do dia a praia está limpa, deixando pouco ou nenhum trabalho para os garis.
Outro aspecto que chama atenção é a total ausência do culto ao corpo visto nas praias brasileiras, verdadeiros templos de exibição de glúteos, peitos e músculos. Aqui, ninguém se preocupa com o que você veste ou deixa de vestir. É a idosa fazendo um topless simplesmente porque quer tomar um sol nos seios, sem se preocupar se o que está à mostra fere os padrões de beleza siliconados. Ou o sujeito que estava passando de roupa social e tira só os sapatos para ficar lagarteando ao sol português.
Uma amiga francesa me visitou um dia queria tomar um banho de mar. Fomos a pé até a praia, ela entrou no mar com um biquíni improvisado, saiu e tomou uma chuveirada num daqueles chuveirões no calçadão. Em seguida, pegou o trem na estação ao lado da praia e voltou para o centro de Lisboa. Tão simples e despojado quanto pode ser.
Famílias inteiras, turmas de amigos, casais de idosos, portugueses e estrangeiros (muitos estrangeiros, especialmente nórdicos!) convivendo nesse que talvez seja o lazer mais democrático e barato da Terra. Para não dizer que só estou falando maravilhas das praias portuguesas, a água é gelada. Aí dá saudade mesmo das nossas praias do Nordeste. Bem, não dá para ter tudo…