Bom é se perder pelas ruas das cidades portuguesas…
Do tamanho de SC, Portugal se organiza geograficamente em ruas, concelhos, freguesias, distritos e bairros. Descobri-los é uma delícia
atualizado
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O nosso Distrito Federal e Portugal têm algo em comum: quem é de fora custa a entender a divisão geopolítica do DF e dos portugueses. Por outro lado, para nós, brasilienses, certamente fica mais fácil compreender essa subdivisão.
Em Portugal, não há estados e municípios. O país é dividido em 18 distritos. Cada distrito é subdividido em concelhos (isso mesmo, com a letra “c”). Cada concelho é dividido em freguesias. E, dentro das freguesias, dependendo do seu tamanho, ainda há uma subdivisão em bairros. Não podemos esquecer que Portugal é um país minúsculo, do tamanho de Santa Catarina.
Por exemplo, o distrito mais conhecido é o de Lisboa, a capital do país. Seria – entre mil aspas, por favor – o “Distrito Federal” deles. Dentro do Distrito de Lisboa, existem 16 concelhos, entre eles o concelho de… Lisboa! É a parte mais conhecida, a que tem cara de cartão-postal da capital. Dentro do Concelho de Lisboa, são 24 freguesias. Só para se ter uma ideia do tamanho, essas freguesias têm entre 10 mil e 30 mil moradores, numa área entre 2km² e 10km².
Muito difícil de entender? Mal comparando, é como se Taguatinga fosse um concelho do DF, e Taguatinga Norte, por exemplo, fosse uma freguesia.
Até aqui foi aula de geografia. O mais gostoso mesmo é andar pelas ruas, bairros e freguesias desse país, e saborear os nomes deliciosos que os portugueses dão aos lugares. Nada de SHIS, SQN ou SBS. Que tal morar numa freguesia chamada Linda-a-Velha? Você caminharia tranquilo por um bairro chamado Pedaço Mau? Cama Porca e Chiqueiro, apesar dos nomes, contam, sim, com saneamento básico. Endiabrada e Traseiros, apesar dos nomes, não são lugares de fama duvidosa. Sem falar nos sonoros nomes estranhos, de origem árabe (todos começados por “Al”), como Alcabideche, Alcoitão, Algarve, Algés, Alfragide ou Albufeira. Lembrando que os árabes andaram por aqui e por todo o sul da Europa, na Idade Média. É pouco? Então não deixe de conhecer Carcavelos, Birre e Carnaxide.Se os nomes das localidades podem parecer bem originais, o mesmo não acontece com os das ruas. Os logradouros têm nomes singelos, às vezes pueris, às vezes carinhosos. Nada de nomes pomposos, homenageando políticos ou pessoas pseudoimportantes, como a gente faz no Brasil.
Tem as Escadinhas de Santa Cruz, a Rua da Buraca, o Beco da Bicha, a Rua da Triste Feia e a Praça da Alegria. A Rua do Chafariz, quanta obviedade, termina em um chafariz. Já na Rua da Padaria, não há nenhuma. E as ruas dos Fanqueiros, Bacalhoeiros e Douradores contam a história de profissões que não existem mais.
As placas das ruas, em azulejos incrustados nos muros, são um charme à parte. Emolduradas e com o brasão do concelho ao qual pertencem, são poesia pura, arte clássica nas ruas. Essa simplicidade dos nomes só complica a vida de quem precisa chegar aos lugares por meio de um GPS. Coloque “Rua Luís de Camões” ou “Rua Vasco da Gama”, e aparecerão várias, às vezes na mesma cidade. O jeito é colocar o código postal, para não ter erro.
Em tempo e para nosso orgulho: a Avenida Brasília, em Lisboa, é uma importante via que margeia toda a orla próxima ao cais do porto e abriga monumentos, como a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos, além do incrível e moderno MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia), tudo a ver com Brasília.