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Aqui em Portugal, nada de ostentação. Papai Noel só dá lembrancinhas

As vitrines das lojas e as casas portuguesas também não ostentam durante o Natal. Tudo muito simples, sóbrio

atualizado

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Bolo rei
1 de 1 Bolo rei - Foto: Istock

Com o espírito natalino rondando nossos corações, a coluna desta semana não podia ser diferente.

Aqui não tem Simone cantando “Então é Natal…”, na versão tupiniquim do clássico de John Lennon. Nem Papai Noel. O bom velhinho, em Portugal, se chama Pai Natal e não sofre com o calor dos trópicos no fim de ano brasileiro. Com certeza, está bem mais confortável com as temperaturas amenas em torno dos 10ºC. E, como acontece em todo lugar, ele é onipresente: está nos shoppings e nas diversas festas e vilas natalinas espalhadas pelas cidades.

Esta é uma característica típica de Portugal: em todas as cidades e concelhos (com “C” mesmo), montam-se parques com atrações, renas, duendes, pistas de gelo, muita comida – e, claro, a grande estrela, o Pai Natal, a ouvir que as crianças prometem se comportar e escovar os dentes no ano vindouro. É como se, no Distrito Federal, Ceilândia, Guará, Taguatinga, Asa Norte, Asa Sul, etc., montassem, cada uma, a sua própria Vila Natal, competindo umas com as outras para ver quem faz mais bonito. Mas nada exuberante: sem superinvestimentos em árvores de Natal gigantes ou edifícios-sede de bancos ultradecorados.

As vitrines das lojas e as casas portuguesas também não ostentam. Tudo muito simples, sóbrio. Sem luzinhas emoldurando as varandas ou Papais Noéis (ou Pais Natais) infláveis escalando as paredes. Aqui em casa, uma modesta árvore de Natal e um presépio para as crianças se lembrarem do verdadeiro simbolismo da data.

Essa simplicidade está também nos presentes. Esqueça as megastores de brinquedos. Os portugueses e o Pai Natal compram os mimos nos hipermercados – e mais: não há uma equipe de empacotadores embrulhando presentes. É você que faz o seu embrulho. Bem-vindo ao mundo do “faça você mesmo”!

Quanto às iguarias, em várias esquinas, encontram-se carrinhos assando as deliciosas castanhas portuguesas na brasa. Que aqui, naturalmente, são apenas castanhas, pois…

E o famoso, inigualável, bolo-rei. Caro leitor, não sei se você gosta de panetone. No meu ponto de vista, a melhor invenção depois do panetone foi o chocotone, quando algum gênio do marketing percebeu que muitas pessoas, como eu, odeiam frutas cristalizadas e uvas-passas. Pois o bolo-rei é a versão portuguesa do panetone. Um panetone em forma de bolo, generoso naquelas frutinhas e em frutas secas, as quais muita gente fica catando quando não resta outra alternativa.

Que nenhum português nos ouça sobre essa comparação, pois eles acham o tal bolo-rei o máximo. Mas, certamente atendendo a pedidos, criaram por aqui também o bolo-rainha, só com frutas secas, e o bolo-príncipe, com gotas de chocolate. Viva a democracia gastronômica!

Um feliz Natal a todos! Que o Pai Natal não entale na sua chaminé – isso aqui é uma questão que as crianças discutem na escola! – e traga presentes como paz, harmonia e compreensão. Esses não precisam de embrulho.

“O Pai Natal vai chegar / Com brinquedos para dar / São todos pra tocar / Plim-plim-plim, zaz-traz-paz…” ♬♬

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