A paixão lusitana por carros: até modelos antigos são bem conservados
Veículos novos e com mais de 20 anos, maioria importada, poluentes ou “verdes” dividem as ruas e são mantidos, via de regra, em bom estado
atualizado
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“Brasileiro é apaixonado por carro” diz o slogan de uma marca de postos de combustível no Brasil. Essa é mais uma das nossas semelhanças com os portugueses que também amam uma “viatura”.
É impressionante o cuidado que existe aqui com os veículos. Carros foram feitos para durar, e essa máxima faz todo o sentido em Portugal. É comum vermos automóveis com mais de 20 anos de idade rodando como se fossem novos, tanto no aspecto exterior como em sua motorização. BMWs, Mercedes, Land Rovers, Renaults, Peugeots, Fords e dezenas de outras marcas mundiais com uma certa idade e em perfeito estado.
Para quem gosta mesmo de carros antigos, aqui é quase o Nirvana. O xodó dos portugueses é o Renault 4 francês, um carro pequenininho, produzido na década de 60, com as linhas bem quadradonas. Seria o equivalente ao nosso Fusca, pela relação afetiva e pela quantidade que ainda roda por ruas e estradas.
Portugal tem uma produção automobilística pequenina, menos de 100 mil carros/ano, a maioria feita na AutoEuropa, fábrica do Grupo Volkswagen no país. Para efeito de comparação, o Brasil produz 27 vezes mais. Ou seja, o que impera aqui são os carros importados que, nem por isso, são necessariamente mais caros. Sabe aquele sonho do brasileiro de ter um carrão importado? Aqui em Portugal, ele consegue realizar, e pagando relativamente pouco por um modelo alemão top de linha. Tudo bem que o carro vai ter quase a sua idade ou mais, mas dá para ostentar legal!
Agora, a grande contradição que a gente percebe mesmo é em relação aos combustíveis. Existe uma quantidade imensa de carros a diesel, que eles chamam de gasóleo. E não são só jipes, picapes e SUVs. Veículos pequenos de passeio também utilizam o combustível, que é mais barato, tem um consumo econômico, mas polui demais. Por outro lado, existe um número grande de carros elétricos e há várias estações nas ruas com tomadas para o recarregamento das baterias. O poluente e o ecológico dividem as pistas.
Câmbio automático é raridade, mesmo em veículos mais sofisticados e mais caros. O argumento dos portugueses? “Nós gostamos de dirigir, de sentir que estamos a comandar o carro, por isso preferimos o câmbio manual.” Argumento de quem ama, de fato, o seu automóvel, não há o que discutir.
Outras portuguesices:
– O IUC (Imposto Único de Circulação), equivalente ao nosso IPVA, é bem mais barato. E um dos fatores que pesa no seu cálculo é o nível de emissão de CO2.
– Carro quebrou ou sofreu colisão? A primeira coisa a fazer é colocar o triângulo e um colete fluorescente, que é item de segurança obrigatório nos carros. Boa medida para proteger os motoristas.
– O seguro aqui em Portugal é obrigatório. Não é aquela taxa que pagamos no Brasil a título de seguro obrigatório junto com o IPVA. Fazer um seguro com uma seguradora é obrigatório para poder circular.
– Isso facilita, e muito, a vida dos motoristas quando há um acidente. Existe um formulário obrigatório para os carros chamado Declaração Amigável de Acidente de Automóvel, que, em caso de colisão, deve ser preenchido por ambas as partes e enviado para as seguradoras dos veículos. A ideia é essa mesma, resolver as coisas de forma pacífica, e as seguradoras cobrem os danos.
Para nós, brasilienses, dirigir em Portugal é sentir-se um pouco em casa, pois os motoristas respeitam a faixa de pedestres. Por outro lado, se você comete alguma barbeiragem, eles buzinam sem dó. Ninguém é perfeito.