A internet é pra lá de rápida, mas cuidado com o “telemóvel”
Certa vez, um amigo me disse que você só muda de fato para uma casa nova no momento em que a internet e a TV a cabo estão funcionando. Eu ainda acrescentaria: você só está de fato morando em um novo país quando possui um celular (ou no bom luso português, um “telemóvel”) local. Não […]
atualizado
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Certa vez, um amigo me disse que você só muda de fato para uma casa nova no momento em que a internet e a TV a cabo estão funcionando. Eu ainda acrescentaria: você só está de fato morando em um novo país quando possui um celular (ou no bom luso português, um “telemóvel”) local.
Não deixa de ser verdade, pois foi uma das primeiras providências que tomei quando chegamos a Portugal. Em tese, o sistema das comunicações não é muito diferente do nosso. São três grandes operadoras, uma delas ex-estatal. Todas oferecem serviços separados ou em formato de combo (telefone fixo + internet + TV + celular). Mas só em tese somos parecidos.
As (boas) surpresas começam aqui:
– A velocidade da internet normalmente é de 200Mbps para download e 100Mbps para upload. Fibra ótica. Basicão. E com velocidade garantida. Enquanto no Brasil, a gente paga caro por uma velocidade não garantida de uns 32Mbps.
– Telefone fixo para fixo ilimitado. Inclusive para 31 países da Europa.
– Celular praticamente ilimitado.
– E TV com 180 canais, alta definição e em quantos pontos você quiser, inclusive no tablet ou no computador (sem essa história de pagar por pontos adicionais).
Tudo isso por… aproximadamente, 60 euros por mês, em torno de 240 reais. Bom, vou me abster de expressar os sentimentos indignados quando a gente compara com o valor que se paga por um serviço (ruim) no Brasil.
Mas, se há as boas surpresas, também nem tudo é perfeito. Se você liga para a operadora, a ligação é cobrada, bem como ligações para serviços públicos: água, luz, gás… Sim, é isso mesmo, não é 0800.Ok, você tem uma TV de alta definição, na qual, inclusive, pode gravar os programas ou assistir programas passados. Mas só se for para assistir produções internacionais, porque os canais locais são bem fraquinhos. A impressão que se tem é que você ligou a TV nos anos 80, só que com imagem em HD! Programas de auditório trash, telejornais em estúdios antigos, com repórteres e apresentadores sem muita empatia com o público.
Está certo que estamos mal-acostumados com uma TV brasileira de altíssima qualidade, reconhecida mundialmente, tanto nos canais abertos quanto nos fechados.
Então, só nos resta sintonizar os canais de esporte? Sim, se você estiver disposto a pagar mais 20 euros por mês. Se não, tem de se contentar com reportagens, entrevistas e os gols da rodada. Futebol ao vivo, para assistir à Liga dos Campeões da Europa, só pagando. Porque para acompanhar o campeonato português, nem pagando… Tirando o Benfica, o Porto e o Sporting, não dá para sintonizar um Estoril Praia X Moreirense. Um verdadeiro clássico do futebol de várzea.
Para concluir as pegadinhas das telecomunicações, muito cuidado com o uso de dados do celular. Os pacotes não são ilimitados e, de repente, com 10 dias você já estourou os 3GB do mês e corre o risco de ficar sem internet no celular ou ter cobranças extras na conta. Os portugueses acham muito estranho que as pessoas precisem de mais do que esse limite. Certamente, não sabem que os brasileiros são campeões no uso do telemóvel, ops, celular… A dica: fora de casa, use sempre que possível as redes wi-fi, que qualquer birosca tem, sem falar nas redes públicas.
Fico por aqui, porque agora está na hora de me desconectar da internet e me conectar nas coisas boas do outono português.