Zuckerberg diz combater fakes no Facebook, mas fala pouco do WhatsApp
Nessa semana, o fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, emitiu uma nota para falar sobre as ações que o Facebook.
Leo Renato
atualizado
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Nessa semana, o fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, emitiu uma nota para falar sobre as ações que o Facebook adota desde as eleições americanas, em 2016, com o objetivo de combater as interferências eleitorais. Tudo bem que o gatilho para soltar esse comunicado talvez não sejam as eleições brasileiras, e sim as estadunidenses. Mas um ponto a se questionar é que ele cita muito pouco os outros aplicativos dos quais também é dono: WhatsApp e Instagram, por exemplo.
Com a bagunça que foram as eleições americanas, muito devido às fake news propagadas no Facebook, parece que Zuckerberg quis dar uma “resposta”. Agora, em 2018, ele não quer o Facebook como protagonista negativo das eleições chamadas de meio-termo nos Estados Unidos.
Na nota, ele cita os investimentos em segurança da plataforma e a remoção de mais de 1 bilhão de contas falsas da rede social, entre elas contas brasileiras. O fundador da plataforma também afirma que a empresa mais que dobrou o número de funcionários dedicados à segurança da plataforma. Eram 10 mil em 2017 e agora somam mais de 20 mil.
De acordo com um estudo do Hootsuite, o Facebook ainda é a rede com o maior número de usuários ativos no mundo, com cerca de 2,2 bilhões de pessoas, e no Brasil, são aproximadamente 130 milhões. Além disso, o termo mais buscado no Google também é a rede social.
É claro que usuários de cada país tem uma forma de lidar com o Facebook. Pessoas de determinados países tendem a usar mais o Instagram. E, aqui no Brasil, chegamos ao WhatsApp.
Acredito não ser novidade para ninguém que o WhatsApp é um dos aplicativos mais usados pelos brasileiros. Consequentemente, é um dos lugares onde mais se tem fakes news e contas sem uma “identidade” divulgando informações duvidosas. Em relação à plataforma de troca de mensagens, o fundador e presidente do Facebook cita apenas duas vezes o aplicativo.
Na primeira, ele admite que é mais difícil descobrir se uma conta é autêntica em outras plataformas, como Instagram e WhatsApp. E a segunda quando diz que os sistemas das redes são compartilhados. Então, quando encontram pessoas que promovem a desinformação no Facebook, eles também podem remover contas vinculadas no Instagram e no WhatsApp.
Bom, contar que apenas com o vínculo de contas entre o Facebook e o WhatsApp vai resolver o problema me parece um pouco arriscado. Até porque há alguns movimentos na Internet para deletar as contas de Facebook. Outro ponto é que a rede parece estagnada, sem apresentar novidades. Com isso, começamos a procurar outras formas de nos relacionar, pois somos movidos a essas mudanças.
Não podemos esquecer também que o número de usuários do aplicativo de troca de mensagens já passa de 1,5 bilhão de pessoas e não para de crescer. Como a segurança proposta por Zuckerberg parece que ainda está muito focada no Facebook e lá é possível impulsionar publicações, continuamos a ter muita responsabilidade no tráfego dessas informações falsas no WhatsApp.
As listas de transmissão e os grupos no WhatsApp são gasolina para quem quer propagar a desinformação. E, em época de eleição, as chances de haver um incêndio de notícias falsas aumenta muito. Como Zuckerberg aparentemente está mais preocupado com o Facebook, que é de onde vem o lucro e ainda é a rede com a maior base de usuários, talvez por isso ainda não tenha voltado os olhos para o WhatsApp
Portanto, para nós não custa nada, além de alguns segundos, fazer uma breve pesquisa no Google, pois o buscador continua sendo uma das ferramentas mais poderosas nesse combate às fake news. Até lá, vamos aguardar para que o Facebook apresente uma estratégia para combater essa desinformação no WhatsApp, além da informação de “Encaminhada” no topo das mensagens.
Leo Renato Bernardes é jornalista e especialista em marketing e comunicação digital