metropoles.com

Vitória com folga dará respaldo a Ibaneis para não ceder a pressões

Possível futuro governador tem condições de fazer o que Rollemberg poderia ter feito, mas não fez

Autor Hélio Doyle

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles
Ibaneisp
1 de 1 Ibaneisp - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

Se for mesmo eleito no domingo (28/10), e dificilmente não o será, Ibaneis Rocha (MDB), apesar do apoio de 20 partidos e de tradicionais políticos brasilienses, terá condições de fazer o que Rodrigo Rollemberg (PSB) poderia ter feito e não fez: estabelecer novo tipo de relacionamento entre o governo e a Câmara Legislativa, sem o nefasto toma lá dá cá em que secretarias, administrações regionais e cargos são negociados em troca de apoio político.

As condições de Rollemberg para inovar no jeito de fazer política eram até melhores do que as que Ibaneis tem. O governador teve 55,56% dos votos no segundo turno e derrotou os que representavam as principais forças políticas de Brasília: José Roberto Arruda, Joaquim Roriz, Jofran Frejat, Tadeu Filippelli e o PT, cujo candidato, Agnelo Queiroz, sequer foi para o segundo turno. Rollemberg tinha apoio da sociedade para fazer mudanças, e não as fez porque não quis.

Na campanha, Rollemberg havia prometido que não manteria com os deputados distritais e parlamentares federais o mesmo tipo de relação cultivada pelos governos anteriores. Não haveria loteamento de cargos, nem troca de favores entre Executivo e Legislativo. Todos os distritais seriam tratados igualmente e não haveria liberação de emendas de acordo com o apoio dado ao governo, mas com os benefícios para a população.

Já no período de transição, todo o discurso da campanha foi abandonado e começou a série de erros políticos de Rollemberg. Como não gostava do deputado Joe Valle (PDT), apoiou a eleição de Celina Leão (PDT) para presidente da Câmara. Entregou três secretarias a indicados por distritais, desagradando aos demais. Distribuiu as administrações regionais aos deputados que o apoiavam, apesar de ter dito que os administradores seriam indicados pelas comunidades até a realização de eleições diretas.

Os resultados negativos da gestão política de Rollemberg, por esses e muitos outros motivos, como a falta de diálogo, são conhecidos, refletem-se agora na quase certa derrota eleitoral e se mostram no isolamento político e social do candidato que tenta a reeleição

Aliados de primeira hora se afastaram – e alguns se tornaram ferrenhos adversários –, partidos e políticos que mantiveram cargos no governo até o último momento o abandonaram e optaram por adversários e, hoje, não tem apoios reais nem à direita nem ao centro nem à esquerda.

Com exceção de Leila Barros (PSB), ex-secretária de Esportes e Turismo, que se elegeu para o Senado, e de Roosevelt Vilela (PSB), ex-administrador do Núcleo Bandeirante, eleito deputado distrital, nenhum ex-secretário ou ex-administrador do governo conseguiu se eleger. Alguns tiveram votações mínimas.

Dos partidos coligados, apenas o PV, que indicou o candidato a vice-governador, manteve-se ao seu lado, pois a maioria dos militantes do PDT, da Rede e do PCdoB não fez campanha para o governador.

Tudo a favor
Até por conhecer a má experiência de Rollemberg e estar sendo eleito, em boa parte, por ter conseguido se identificar como o “novo” desejado pelos eleitores, Ibaneis não deverá cometer os mesmos erros. Se sucumbir à pressão dos que o apoiaram no primeiro turno e dos aliados no segundo turno para fazer a velha política, estará dando os primeiros passos para o fracasso de sua gestão.

Muitos esperam que, por estar no MDB de Tadeu Filippelli e ter o apoio do PP de Rôney Nemer e Celina Leão, e contar agora com aliados políticos de quase todos os partidos – alguns bem enrolados com a polícia, com o Ministério Público e com a Justiça –, Ibaneis terá de negar seu discurso contra os políticos profissionais e se render ao que chamam de governabilidade – eufemismo para toma lá dá cá e negociatas.

Talvez se decepcionem, pois se se render aos ditames das velhas práticas e métodos políticos, Ibaneis estará perdendo parte do prestígio que ganhou na campanha exatamente por não ser um político tradicional, figura hoje execrada pela população. E, para Ibaneis, é mais fácil cumprir o papel de novo político do que algumas promessas que fez.

Ele conta a seu favor com a possível vitória estrondosa de mais de dois terços dos votos, depois de derrotar, no primeiro turno, os candidatos de José Roberto Arruda e Jofran Frejat (Alberto Fraga), da família Roriz (Eliana Pedrosa) e da maioria dos políticos evangélicos (Rogério Rosso).

Conta também com uma Câmara Legislativa renovada nominalmente em dois terços, com novos distritais conscientes de que é preciso haver mudanças e interessados em valorizar a Casa e melhorar sua imagem.

Ibaneis não precisa repetir o que fizeram seus antecessores, e poderá manter com a Câmara e com os partidos relacionamento respeitoso e republicano. Terá de negociar, claro, pois isso é essencial na atividade política, assim como são a participação de partidos aliados no governo e o respeito à oposição. A questão é como negociar.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?