Visões estatizantes e críticas a Rollemberg deram o tom da sabatina
Ao se candidatar à reeleição, o governador sabia que seria atacado pela direita e pela esquerda
Hélio Doyle
atualizado
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Ao se candidatar à reeleição, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) sabia, obviamente, que teria todos os demais candidatos contra ele e seria alvo de artilharia pesada vinda dos flancos direito e esquerdo. Foi o que aconteceu, como se esperava, nessa segunda-feira (20/8), primeiro dia das sabatinas realizadas pelo Metrópoles, com a presença de seis dos 11 candidatos ao governo de Brasília.
O bombardeio continuará nesta terça-feira (21), quando serão sabatinados os cinco outros candidatos, entre os quais Rollemberg — que assim terá oportunidade de se defender e tentar mostrar que sua gestão não está sendo ruim ou péssima como dizem seus adversários e as pesquisas de opinião.
Espera-se que o governador compareça, embora a sabatina, marcada para 10h30, não conste de sua agenda de campanha, que prevê apenas uma caminhada em Santa Maria, às 9h. Rollemberg sofre críticas pesadas desde o primeiro dia de seu governo e já conhece bem o que pensam e dizem seus oponentes. Negar-se a responder a perguntas de dirigentes sindicais e de jornalistas não é a melhor opção para um candidato, muito menos para quem busca a recondução ao cargo.
Em linhas gerais, nas seis primeiras sabatinas houve também algumas quase unanimidades: o acolhimento praticamente incondicional, pelos candidatos, de reivindicações de servidores públicos; a negativa em privatizar empresas públicas; e propostas de investimentos públicos e contratação de servidores como solução para desenvolver a economia do Distrito Federal. Só o candidato do Novo, Alexandre Guerra, destoou nesses pontos, com uma agenda liberal.
Os discursos dos candidatos Alberto Fraga (DEM), Ibaneis Rocha (MDB), Fátima Sousa (PSol) e Júlio Miragaya (PT) são muito semelhantes em relação a esses temas, com mínimas diferenças de gradação.
Fraga admite concessões de serviços à iniciativa privada, Fátima e Miragaya nem isso. Renan Rosa, do PCO, é um caso à parte: ele diz claramente que seu partido só será governo em um sistema socialista, com a estatização dos meios de produção e do sistema bancário. E sem escolas privadas. Guerra foi o único que ousou dizer que vai fazer a concessão do metrô e que pode estudar a privatização de empresas públicas e do BRB.
Ibaneis, fluente e tranquilo, teve o melhor desempenho nas sabatinas já realizadas, mostrando que conhece os problemas colocados e tem propostas. Que, no fundo, não se diferenciam muito das de outros candidatos, mas que foram apresentadas com argumentos mais bem estruturados.
Há muitas outras questões a serem analisadas, e as sabatinas que faltam ajudarão a compor melhor o quadro, mas, considerando-se o que disseram os seis que já se apresentaram, Rollemberg está enfrentando cinco candidatos com viés estatizante e um com posições liberais.