metropoles.com

Vini Jr e Davi Brito – Dois heróis de carne e osso

“Tenho escutado o quanto os dois têm resiliência e equilíbrio mental para defrontar o racismo. Nossos heróis não usam capa”

Rodrigo França - Cineasta, ator, diretor teatral, dramaturgo, escritor, roteirista e artista plástico

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Alex Caparros/Getty Images e Globo/Paulo Belote
Vinicius Junio e Davi do BBB
1 de 1 Vinicius Junio e Davi do BBB - Foto: Alex Caparros/Getty Images e Globo/Paulo Belote

No Campeonato Espanhol, Vini Jr comemorou o seu gol com punhos cerrados no Estádio Mestalla, onde sofreu fortes ataques racistas. Por aqui, o motorista de aplicativo Davi Brito está confinado há 57 dias em um reality show, recebendo constantemente violências verbais, dentro e fora do programa, muitas delas com cunho racista. O que aproxima os dois?

Dois jovens negros brasileiros; Vini tem 23 anos e Davi tem 21.

Tenho escutado o quanto os dois têm resiliência e equilíbrio mental para defrontar o racismo. Nossos heróis não usam capa, são de carne e osso.

Primeiro, quero frisar que não há forma correta para o enfrentamento de algo tão perverso. Não podemos cobrar da vítima uma maneira adequada de responder ao racismo. Tem gente que chora, outros respondem, e existem aqueles que se silenciam. Tudo depende do seu estado, da circunstância e do repertório, a partir do letramento racial.

O que é aconselhável é que sempre esteja dentro da legalidade, para que tudo não se vire contra quem deveria ser protegido. E acreditem que, em muitos casos, a denúncia é desacreditada na delegacia, no clube de futebol ou na visão do espectador que julga, minimizando o acontecimento.

A dor é sentida, mesmo não sendo externada.

Em um momento no qual falamos tanto em saúde mental, começo a minha coluna aqui no jornal escrevendo sobre o jovem negro e os índices de transtornos mentais.

O percentual de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior que entre os brancos, segundo dados do Ministério da Saúde. Nos últimos anos, o risco de suicídio ficou estável entre os brancos, mas aumentou 12% para a população negra. Quando pensamos em depressão, os jovens negros chegam a ter 45% mais chances de desenvolver depressão que os brancos.

Dados sérios, para uma parcela em que a maioria não tem condições socioeconômicas de fazer terapia ou não acredita na falácia de que todo tipo de psicanálise é para gente rica ou é supérfluo.

Qualquer tipo de violência fica marcada na vida, querendo ou não. O que nos resta é buscar ajuda, gritar por ajuda. Porque, se tem algo sobre o que não temos gerência, é sobre o outro – este pode nos xingar, nos excluir, nos preconceber. E o que estamos fazendo por nós?

Precisamos cuidar dos nossos jovens, começando a humanizá-los. São fortes, mas a fragilidade faz parte do ser humano. E o racismo os enxerga como coisa, os animaliza.

Jogue no site de busca “Psicologia social”. Possivelmente você encontrará um preço que possa custear. Por aqui são 46 anos de vida, e sempre fazendo análise. Está sendo melhor assim. Acredite!

Ah, beba água e diminua o sal da sua comida.

Rodrigo França é cineasta, ator, diretor teatral, dramaturgo, escritor, roteirista e artista plástico

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?