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Vazamento de dados não fará pessoas e marcas saírem das redes sociais

Ainda que com o movimento de boicote ao Facebook, continuaremos a usar aplicativos e outras ferramentas que guardam nossas informações

Autor Leo Renato

atualizado

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Facebook
1 de 1 Facebook - Foto: iStock

Mesmo com toda a repercussão negativa dos últimos dias, o Facebook segue como a maior rede social do mundo. Se você está por dentro do assunto, sabe que a Cambridge Analytica conseguiu dados infringindo o código de conduta da rede social. Mas não vou entrar nesse mérito de como eles foram obtidos. Vamos pensar na coleta de dados e o que as empresas fazem com essas informações. E no que isso impacta no uso de aplicativos e redes sociais.

No caso do Facebook, nesses últimos dias, começou um movimento de boicote à rede, com com as #BoycottFacebook e #DeleteFacebook. Bom, você pode até sair do Facebook, mas migrará para outra rede e nada mudará em relação aos seus dados. Eles continuarão a ser guardados pelas empresas. Até porque, acredito eu, você continuará em alguma rede social, seja ela o WhatsApp, o Twitter ou o Instagram.

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Deixemos de ser ingênuos, sabemos que dados sobre nós são coletados a cada segundo. Desde o momento em que ligamos o GPS no celular até quando publicamos alguma coisa nas redes sociais. Ou até quando não publicamos nada, mas curtimos algum post. E essa coleta incessante de dados pelas empresas tem um motivo: publicidade direcionada.

Os anunciantes podem até estar com o pé atrás com o Facebook, mas acredito que não vão deixar de anunciar em uma empresa com mais de 2 bilhões de usuários e que tem a possibilidade de segmentar muito bem os anúncios.

Não só o Facebook, mas a maior parte das gigantes de tecnologia, são empresas que ganham dinheiro e geram bastante lucro porque têm muitos dados dos usuários. Logo, as empresas têm interesse nesses dados. E aí o Facebook fala para o anunciante: “Eu tenho o seu público aqui. Anuncie para eles”. E é assim que a coisa anda.

Se você já fez algum anúncio no Facebook, sabe que as opções de segmentação são muitas. Você pode escolher atingir apenas mulheres, de 20 a 30 anos, de Brasília, que ficaram noivas recentemente, que usam iPhone e que curtem a página do Harry Potter. Em nenhum outro meio, é possível ter uma segmentação tão específica, com dados demográficos e de comportamento.

Isso é bom para o Facebook, para os anunciantes e para nós. Para o Facebook, é excelente porque consegue ter um lucro absurdo com isso. Os anunciantes ficam felizes porque podem enviar mensagens direcionadas para grupos específicos. E para nós, porque recebemos publicidade que, pelo menos, tem algo a ver com nossos gostos e com o nosso momento de vida.

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Cada vez mais, recebemos mensagens, sejam elas publicitárias ou não, com assuntos mais próximos da nossa realidade. E aí, você sempre se pergunta: “Nossa! Como sabem disso?”. Pois é. Você deixou algum rastro.

Não deixar rastros é, na internet de hoje, praticamente impossível.

Leo Renato Bernardes, especialista em marketing e comunicação digital

Ainda é muito cedo para dizer se o império das gigantes da internet está ruindo ou não com esse problema, principalmente, de privacidade, mas acredito que o vazamento de dados não fará pessoas nem marcas saírem da rede, por enquanto. A maioria das pessoas não vai deixar de usar redes sociais e os aplicativos de transporte ou de rotas por causa disso.


Leo Renato Bernardes é jornalista e especialista em marketing e comunicação digital

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