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Vamos parar de chamar as parlamentares brasileiras de histéricas

Conseguimos prestar atenção e discutir os infelizes posicionamentos do Bolsonaro e do Feliciano, mas somos incapazes de ficar atentos ao que as senadoras e deputadas têm a dizer

Autor Olívia Meireles

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Sessão extraordinária do Senado que vai decidir sobre a admiss
1 de 1 Sessão extraordinária do Senado que vai decidir sobre a admiss - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Ainda não sabemos como será o fim de 2016. Mas já podemos afirmar que ele será para sempre marcado pelo duelo entre Dilma Rousseff e Eduardo Cunha. O longo e cansativo processo de cassação do mandato dos dois políticos foi exaustivamente transmitido pelas emissoras do Brasil inteiro.

Passaram ao vivo pela Globo News, TVs Câmara e Senado e, em alguns momentos, pelas redes de televisão aberta, como Globo, Record e Band. Difícil encontrar um brasileiro que não parou na frente da telinha durante todo esse processo por, pelo menos, alguns minutos, para ver os nossos deputados e senadores se manifestarem sobre o assunto.

Essas horas ininterruptas de transmissão nos deu a oportunidade de conhecer os nossos representantes e também saber o que eles pensam.

Mas eu garanto que um tipo de comportamento se repetiu (e ainda vai se repetir muito até o fim do processo) em todos os cantos do Brasil. Quando os homens aparecem, as pessoas se surpreendem negativamente ou concordam com a opinião que eles emitem ao microfone.

Mas quando as parlamentares Gleisi Hoffmann (PT-PR), Ana Amélia (PP-RS), Maria Rosário (PT-RS) Tia Eron (PRB- BA) e Vanessa Grazziotin (PTdoB-AM) ou até mesmo a advogada Janaína Paschoal são filmadas pela TV os comentários são sempre: “como elas são histérica”, “por que gritam tanto?”, “por que elas não usam maquiagem?” ou “elas esqueceram a escova de cabelo em casa?”.

A realidade é triste. Conseguimos prestar atenção e discutir os infelizes posicionamentos de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e de Marco Feliciano (PSC- SP), mas somos incapazes de simplesmente ficar atento no que essas mulheres, personagens fundamentais desse processo, têm a dizer, sem fazer um comentário negativo sobre a maneira como elas se apresentam fisicamente.

Não adianta falar que é papo de feminazi. A cena se repete no ambiente de trabalho, dentro de casa, na sala de espera do médico ou na vitrine das lojas de eletrônicos. É só qualquer mulher abrir a boca, independentemente da visão política, que os comentários machistas começam. Próxima vez que começar a transmissão ao vivo, perceba se você repete esses comentários. Se sair da sua boca, pare, por favor. Apenas pare.

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