Um por todos. E todos por Lucas Brasileiro
A mobilização para ajudar a salvar a vida de Lucas Brasileiro prova que, apesar de muitas de nossas instituições estarem corrompidas, a índole de nosso povo é boa, muito boa
atualizado
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Em tempos de escândalos no atacado, estamos nos tornando insensíveis aos números. Chegamos a 27ª fase da Lava Jato, que descobriu desvios de R$ 21 bilhões e já conseguiu reaver R$ 2,9 bi aos cofres públicos. Foram dezenas de prisões, outras centenas de mandados de busca e apreensão cumpridos. Incontáveis políticos e empresários citados.
São estatísticas que interessam a todos os brasileiros. Menos corrupção é igual a mais riqueza para ser repartida. Hoje, no entanto, este não será nosso foco. Vamos falar de números que interessam a um brasileiro muito específico, o Lucas. Lucas Brasileiro.Ele está no auge. Dia 24 de março, completou 27 anos. Há seis, ele conheceu Rafaela. O encontro entre os dois é um clássico. Ele, professor. Ela, aluna. Das lições de inglês, nasceu a admiração, a paixão e Henrique, um menino de cinco anos cheio de sorrisos e de cachinhos.
O balanço somava positivo na vida de Lucas Brasileiro até que, há três dias, ele descobriu um tumor no cérebro.
Lucas é estudante na Universidade de Brasília. Faz Engenharia Aeroespacial. Rafaela formou-se em veterinária. Eles estão começando a vida agora. Moram em Águas Claras, como tantos outros jovens casais. E, da mesma forma que 150 milhões de brasileiros, dependem do SUS. Mas igual a centenas de outros usuários, Lucas ficou na mão.
Quando a vista faltou e as dores de cabeça começaram, o jovem notou que algo estava errado. Precisaria de ajuda médica. Nunca pensou que a enfermidade seria tão acachapante. Os médicos lhe deram poucos dias para estar em uma mesa de cirurgia. Ele precisa drenar o cérebro e tirar uma amostra do tumor que cresce dentro de sua cabeça. Um procedimento que na rede particular custa em torno de R$ 50 mil.
Claro que a saúde pública tem equipamentos e profissionais capazes de resolver o problema de Lucas Brasileiro. Mas não no prazo que ele precisa. E o jovem, que estuda para lidar com uma das áreas mais rebuscadas do conhecimento, a tecnologia aeroespacial, não conseguiria esperar na fila do Hospital de Base, centro que, em Brasília, realiza esse tipo de tratamento.
Lucas, então, teria de pedir ajuda até para quem não conhece. Foi assim que ele se inscreveu num site especializado em arrecadar quantias para causas nobres, o vakinha.com.
Uma amiga de Lucas entrou em contato com o Metrópoles e pediu ajuda para divulgar a história do amigo. Em algumas horas, a reportagem “Lucas Brasileiro precisa de você para vencer o câncer” já era a mais lida do site, com 15 mil compartilhamentos no Facebook, 10,3 mil reações na página do Metrópoles, entre curtidas e comentários de apoio.
E aí entram os números que interessam a um Brasileiro em especial, mas que mobilizaram outros milhares de brasileiros. No sábado, Lucas havia arrecadado R$ 1,2 mil para bancar a cirurgia que tem de fazer no cérebro. Vinte e quatro horas depois de as pessoas terem conhecido sua história, ele conseguiu os R$ 50 mil que precisa para a primeira etapa do tratamento.
Em tempos de escândalos no atacado, cada brasileiro que ajudou esse estudante, na discrição do anonimato, deu a prova de que muitas de nossas instituições podem estar corrompidas, mas a índole de nosso povo é boa, muito boa.
Torcemos para que as estatísticas de Lucas Brasileiro ainda somem centenas de abraços em seu filho Henrique, milhares de beijos em sua mulher Rafaela, incontáveis viagens ao lado de seus queridos. Hoje, é desses números que queremos falar.