Um novo olhar sobre Miami: a cidade também é polo cultural
Miami se tornou roteiro obrigatório de festivais de arte de renome mundial, além de oferecer museus, teatros e eventos literários
Delio Cardoso
atualizado
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Não é nenhuma novidade que a cidade de Miami, nos Estados Unidos, atrai milhões de visitantes a cada ano, tanto pelo clima subtropical do sul da Flórida, quanto pelas belas praias e vida noturna vibrante. Sem falar que, para os brasileiros, Miami é sinônimo de compras e malas cheias.
Porém, à margem deste conhecido enredo, o que tem se destacado nos últimos tempos são as inúmeras atrações culturais que desembarcaram e acabaram se instalando na cidade, como marco de um novo tempo. Miami se tornou roteiro obrigatório de festivais de arte de renome mundial, além de oferecer museus, teatros e eventos literários.
E tem para todos os gostos. Se a opção for por museus “modernos” e com um “toque global” o Museu de Arte Pérez se destaca. O Pérez é um museu de arte moderna e contemporânea dedicado a coletar e exibir a arte internacional dos séculos 20 e 21. É uma confluência única das culturas do Caribe, da América do Norte e da América do Sul.
Por outro lado, o Museu e Jardins Vizcaya, antigamente conhecido como Villa Vizcaya, é uma atração à parte. Antiga vila de propriedade do empresário James Deering, da fortuna Deering McCormick-International Harvester, o Vizcaya inclui extensos jardins renascentistas italianos, paisagem nativa da floresta e um complexo histórico de dependências da vila.
Outros museus importantes são o de Arte Contemporânea (mocanomi.org), que foca na arte de ponta de artistas emergentes e consagrados, e o Miami Art (miamiartmuseum.org) que tem uma coleção composta por grandes artistas dos séculos 20 e 21, com ênfase na arte que reflete a população diversificada nas Américas.
As universidades locais também têm museus abertos ao público. O Frost Art (thefrost.fiu.edu) da Universidade Internacional da Flórida (FIU) possui um grande acervo de gravuras americanas, arte pré-colombiana e obras de artistas do Caribe e da América Latina. A coleção no Museu de Arte Lowe da Universidade de Miami (miami.edu/lowe) é global, com obras de vários continentes. Para os amantes da arte “descolada”, Miami oferece o Wynwood Art Walk, que nada mais é do que um passeio, a pé, pelo bairro de Wynwood.
Naquele local estão instalados revendedores de arte, galerias, coleções, estúdios de artistas, espaços alternativos de arte e restaurantes, reforçando o conceito de um verdadeiro distrito artístico e impulsionando a imagem internacional de Miami. As exóticas paredes de Wynwood (Wynwood Walls), gravuras pintadas nas fachadas das lojas, são um show a parte.
Para coroar a tendência cultural de Miami a cereja do bolo é o Festival Art Basel, realizado anualmente, e que atrai mais de 100.000 aficionados por arte. São dezenas de feiras, obras de arte consagradas e uma oportunidade única de se integrar com artistas famosos. Não é de admirar que o evento tenha se tornado uma atração global no cenário internacional das artes.
Já o Design District, no centro de Miami, é uma opção reservada aos endinheirados. Além da possibilidade de adquirir a coleção de algum designer de interiores europeu, o local abriga mais de uma dúzia de galerias de arte, além de restaurantes elegantes e um conjunto de lojas sofisticadas.
Ecos do Brasil
Neste boom cultural de Miami, o Brasil está representado por Romero Britto. Artista pernambucano, radicado em Miami desde 1989, sua arte pode ser vista em vários lugares da cidade, seja em praças públicas, exposições privadas, ou mesmo em uma simples caneca, em lojas de souvenir. Romero combina elementos de cubismo, pop art e pintura de grafite em seu trabalho, usando cores vibrantes e padrões ousados como expressão visual de esperança, sonhos e felicidade. Um verdadeiro ídolo na terra do tio Sam.
E, não é apenas isso. A mudança cultural se mostra presente também pelas peças de teatro, antes concentradas em Nova York, que são frequentes na programação cultural da cidade. Destaque para o espaço Adrienne Arsht Center, ampliado para 2.400 lugares e projetado para peças em nível da Broadway. Não por acaso, nesta temporada 2018/2019, está em cartaz a série “Miami na Broadway”.
A programacão inclui “Hello Dolly”, “White Christmas” de Irving Berlin, “Les Misérables”, “School of Rock: The Musical”, “Come From Away”, “The Lion King” e “Hamilton”. Um cardápio cultural para ninguém colocar defeito e inimaginável para a Miami de um passado recente.
Inaugurado na semana passada o Hard Rock Café Hotel, construído em forma de uma enorme guitarra, e situado dentro do complexo do Cassino que leva o mesmo nome, promete se superar em atrações culturais voltadas para shows musicais. Vai se juntar a American Airlines Arena que segue uma frenética programação dividida entre partidas de basquete do Miami Heat e atrações da música pop. Estão agendados shows que variam desde Andrea Bocelli a Lulu Santos, passando por Jonas Brothers, Commodores, Alicia Keys, Ariana Grande, e outros, todos previstos para as próximas semanas.
O que se percebe com o passar dos anos é que Miami mudou muito, deixando de ser uma cidade violenta e apenas um porto de conexão dentro dos Estados Unidos, para se tornar uma cidade vibrante, segura, moderna e multicultural, nada devendo às suas congêneres como Nova York, Londres ou mesmo Paris.
Este novo perfil vem atraindo cada vez mais eventos de peso mundial, como é o caso mais recente do anúncio da etapa de Miami da Fórmula 1, que está prevista para acontecer em 2021. O brasileiro que curte algo diferente, além de encher a mala de muamba, pode incluir Miami em seu próximo roteiro cultural que não irá se arrepender.