Rollemberg vai quente contra Ibaneis, que está fervendo
Governador intensifica tentativa de desconstruir o adversário, que também ataca
Hélio Doyle
atualizado
Compartilhar notícia
Há dois meses que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) garante aos brasilienses que tem mãos limpas e a casa está arrumada. Onde quer que vá, apresenta uma lista do que fez em quase quatro anos de governo e do que pretende fazer caso seja reeleito. Mas, pelo jeito, nada disso está convencendo os eleitores, pois Rollemberg teve apenas 13,94% dos votos no primeiro turno e, segundo o Ibope, está levando, de seu adversário Ibaneis Rocha (MDB), uma expressiva goleada de 75% a 25%.
A má estratégia da casa arrumada, mãos limpas e já-estamos-fazendo-o-que-vocês-estão–prometendo-e-vamos-fazer-muito-mais não deu certo em dois meses, e obviamente não dará agora, faltando 10 dias para a eleição. Por isso, para tirar a diferença tão grande que o separa de Ibaneis, Rollemberg decidiu ir com tudo para o ataque. Acha que sua última chance é desconstruir a imagem do adversário e apresentá-lo como um grande risco para Brasília.
Foi isso que se viu no debate promovido pelo Metrópoles e transmitido por seis emissoras de rádio, nessa quarta-feira (17/10). Rollemberg atacou duramente Ibaneis, o que era esperado e considerado normal diante das circunstâncias que o desfavorecem. O que não esteve de acordo com os “manuais” dos debates foi Ibaneis adotar o princípio de que o ataque é a melhor defesa, e, com a mesma veemência, partir para cima do governador.
Com 75% das intenções de votos válidos e 68% de votos totais, apenas 3% de indecisos e 6% dizendo que votarão em branco ou anularão, enfrentando um oponente com rejeição de 59%, a postura natural de Ibaneis seria a de responder aos ataques com tranquilidade, e tentar levar o debate para a apresentação de programas de governo. Mas o candidato não decepcionou os que conhecem seu estilo estourado e agressivo.
O resultado foi um debate marcado por acusações e agressões mútuas dos dois candidatos, que aproveitavam qualquer tema para fustigar o outro, e cujos rostos crispados demonstravam o espírito belicoso de ambos. Muitos que assistiam acharam que faltou pouco para se engalfinharem fisicamente.
Rollemberg apostou no pavio curto de Ibaneis, que sobe o tom com facilidade mesmo sendo isso totalmente desnecessário, e várias vezes conseguiu. O emedebista deixou que fosse reforçada em alguns a imagem de destemperado e arrogante, mas em outros passou a ideia de firmeza e de quem não leva desaforo para casa. Nenhum dos dois ganhou o debate, nenhum perdeu – ou seja, quem está perdendo o jogo continua perdendo.
Na noite desta quinta-feira (18) será divulgada a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno, que provavelmente apresentará números semelhantes aos do Ibope. Ainda haverá outras oportunidades para Rollemberg atacar Ibaneis e para que Ibaneis decida se vai manter a postura que teve no debate do Metrópoles ou se vai ter a tranquilidade de quem está com o jogo ganho e basta tocar a bola até o apito final.