Rollemberg tem só duas semanas para sair do lugar e crescer
Governador quer mudar tardiamente a estratégia para evitar derrota no primeiro turno
Hélio Doyle
atualizado
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O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) finge não se preocupar, mas a possibilidade de não estar no segundo turno da eleição está levando sua equipe a discutir intensamente a mudança da estratégia da campanha. Está difícil, porém, chegar a um consenso sobre o que fazer nesses próximos 15 dias para ganhar mais votos e impedir que os adversários cresçam. O grupo que comanda a campanha está tão desnorteado e sem direção que um de seus integrantes, contrariando as normas mais elementares, vazou para a imprensa a intenção de reformular os rumos diante do quarto lugar de Rollemberg na última pesquisa Datafolha.
Na realidade, há um empate técnico entre Alberto Fraga, do DEM (14%), Ibaneis Rocha, do MDB (13%), Rollemberg (12%) e Rogério Rosso, do PSD (11%). A liderança continua com Eliana Pedrosa, do Pros, com 20%. Mas enquanto Eliana, Fraga e Ibaneis cresceram em relação à sondagem anterior do Datafolha, Rollemberg caiu três pontos. O governador também caiu na pesquisa do Ibope, de 12% para 11%, enquanto Fraga e Ibaneis cresceram.
Não são os números que importam tanto, pois margem de erro só não é considerada em propaganda de candidato para alardear seu crescimento ou a queda do adversário. O que chama a atenção, inclusive considerando-se outras pesquisas, é que as intenções de voto para Rollemberg estão estacionadas desde o início da campanha. Enquanto seus adversários cresceram, ele ficou parado.
Incomoda muito ao governador, também, estar formalmente em quarto lugar, atrás até do candidato que, na primeira pesquisa do Datafolha, tinha apenas 2% das intenções de voto. Isso baixa a moral da tropa que faz a campanha e leva eleitores e candidatos a deputado a considerar, erroneamente, que a derrota é inevitável. Ainda não é.
Atraso na mudança
O próprio Rollemberg disse a algumas pessoas que suas pesquisas internas – e que não são divulgadas – indicam que ele está em primeiro lugar. Talvez por isso só agora, depois das últimas edições do Ibope e do Datafolha, é que ele e sua equipe tenham constatado o que já se via desde o início da campanha: a estratégia é equivocada e desconhece o que indicam as pesquisas qualitativas e o sentimento da população. O candidato mantém, nos debates, nas ruas, nas entrevistas e nos programas, uma postura inadequada e que não convence as pessoas. Os programas de rádio e de televisão seguem um modelo que já estava ultrapassado em 2014 e servem menos ainda a um governador que tem altíssima rejeição.
O problema é que mudar a estratégia só agora envolve uma questão fundamental: é preciso mudar certo e para melhor, e uma equipe em conflito e sem comando efetivo, como a de Rollemberg, terá muita dificuldade para fazer isso a duas semanas da eleição. A imagem negativa do governador já está sedimentada em grande parcela da população e, mais importante do que tentar derrubar os adversários que o ameaçam, seria infundir um sentimento positivo por Rollemberg.
O tempo é muito curto para isso e, para estar entre os dois primeiros, será preciso, primeiramente, que Rollemberg desconfie das pesquisas que estão lhe entregando – mesmo que possam estar certas, embora seja improvável que todas as demais estejam erradas.
Terá, então, duas possibilidades para se colocar à frente dos adversários: a primeira é que dois deles cometam erros graves ou sejam vítimas de denúncias pesadas e com grande repercussão; a segunda é que um bom número de eleitores deixe a indecisão, a intenção de anular o voto e de votar em branco ou mude de candidato, optando por Rollemberg para impedir a vitória dos azuis Eliana, Fraga, Ibaneis ou Rosso.
Esse “voto útil” é a esperança maior de Rollemberg, mas a questão é onde buscá-lo. Embora nem todas as intenções de voto nos azuis sejam firmes, muito dificilmente, mas muito dificilmente mesmo, quem optou por um deles votará em Rollemberg. Havendo troca, será entre eles, e não para o governador.
Outros
Os demais candidatos (Paulo Chagas, PRP; Júlio Miragaya, PT; Alexandre Guerra, Novo; e Fátima Sousa, PSol) têm, juntos, 12% dos votos, segundo Ibope e Datafolha. Mesmo que percam eleitores para o voto útil, não serão todos, pois sequer a metade desses 12% abandonará seus candidatos preferidos para garantir a reeleição do governador.
Restam os indecisos, que são 4%, segundo o Datafolha, e 8% para o Ibope, e os que votarão em branco ou anularão (14% e 13%). Um governador com reprovação tão alta a seu governo e rejeição tão elevada precisará ser muito convincente para atrair metade desses eleitores. Mas essa é a tábua de salvação de Rollemberg.
Se não mudar corretamente a estratégia, Rollemberg poderá ficar em terceiro ou quarto lugar. Se acertar, talvez consiga ser o segundo colocado. Mas está difícil, e sua equipe sabe disso.