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Risco de recessão entre as maiores economias do mundo é realidade

Dados negativos de Alemanha, Inglaterra, Índia e China preocupam. Estados Unidos, por outro lado, tem bons resultados

Autor Delio Cardoso

atualizado

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES

Miami – O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou sua projeção global de crescimento para apenas 3,2%, a menor previsão desde 2009. Preveniu que, para 2020, sua expectativa poderá cair ainda mais, cerca de meio ponto percentual, caso a escalada de disputas comerciais continue a prosperar pelo mundo.

A partir da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos contra a China, esse temor de recessão tornou-se mais visível. A China, obviamente, é a primeira atingida. Os mais recentes dados econômicos que despontam daquele gigante asiático, a partir da taxação americana em 10% sobre a importação de vestuário, produtos eletrônicos e artigos esportivos, são preocupantes.

As principais companhias importadoras, tradicionais parceiras da China, tiraram o pé do acelerador diminuindo, com isso, as decisões de investimentos futuros. E, poderia estar pior, se Trump não tivesse suspendido recentemente a imposição da mesma taxa de 10% sobre outros U$ 300 bilhões de dólares que iriam atingir os mais variados produtos chineses importados pelos EUA. A faca, no entanto, continua no pescoço.

A Alemanha, quarta economia do mundo, divulgou dados que demonstram o encolhimento de sua economia pelo segundo trimestre consecutivo, abrindo a rodada de especulações de que já estaria em plena recessão.

O mesmo cenário ocorre na Inglaterra, que vive sua primeira retração desde 2009. Mesmo com a incerteza do Brexit, as previsões inglesas são um pouco mais animadoras para o restante de 2019, afastando, com isso, o risco real da temida recessão.

No entanto, a complicada negociação do Brexit, sem acordo, muito provavelmente irá desencadear uma desaceleração na economia global. A Índia, sexta economia do mundo, prevendo o pior, tratou de reduzir suas taxas de juros, no que foi acompanhada pela Nova Zelândia e Tailândia.

Os Estados Unidos, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, por sua vez, não estão imunes a estas consequências. Percebe-se um recuo nos investimentos e o que vem segurando a onda é o poder de consumo do americano, que gira 70% de sua economia.

Segundo o Departamento de Comercio americano, gigantes do varejo como o Amazon e Walmart são os termômetros deste incremento. Entretanto, as projeções futuras não são animadoras muito em função da preocupação generalizada com a piora da economia, o que determina um adiamento estratégico nos investimentos de grande monta.

Como tudo na vida tem o seu lado bom e ruim, esse padrão parece se repetir na maior economia do mundo. Com a inflação em baixa, em torno de 2%, o Fed (Banco Central americano) considera este fator ruim, e de risco, pois afeta as taxas de juros, dando pouco ou nenhum espaço para vitaminar a economia em caso de uma recessão.

Pelo lado bom, os especialistas, e porque não dizer os otimistas, consideraram extremamente importante a divulgação dos recentes dados que confirmam que os Estados Unidos seguem, pelo 11º ano consecutivo, com a economia em expansão. O resultado mais visível, que pode ajudar muito Trump em sua reeleição, foi a criação de 136 mil novos empregos, em Setembro, e uma taxa de desemprego de apenas 3,5%, a menor desde 1969. Uma conquista que Trump vai se gabar muito, ainda que no meio da tempestade do impeachment.

O que se pode aferir dos fatos é que os americanos ainda se mostram fortes, a despeito do enfraquecimento verificado nos investimentos e no setor industrial. Se verdade for a lenda que, caso os Estados Unidos espirrem, o Brasil pega pneumonia, a boa notícia é podemos ficar tranquilos.

Desde a posse de Trump os salários dos americanos aumentaram, o mercado de ações quebrou recordes positivos e o emprego obteve seus melhores números nos últimos 50 anos. Pegando emprestado a declaração de Larry Kudlow, diretor do Conselho Nacional de Economia e um dos principais assessores de Trump, “não tenhamos medo do otimismo”. Serve para o Brasil.

DELIO CARDOSO

Carioca, pioneiro em Brasília, mora nos Estados Unidos desde 2015. É advogado e jornalista. Pós-graduado em Direito Internacional pela London School of Economics-LSE. Foi Consultor Legislativo do Senado Federal na área de Direito Civil, Conselheiro da OAB/DF, Professor de Direito Internacional Publico junto a UDF e Editor do jornal Voz do Advogado. Trabalhou no Jornal de Brasília, Correio do Brasil e dirigiu o programa “De Olho no Trânsito”, na TV Brasília e TV Record-DF.

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