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Quem vai proteger nossas meninas?

Tenho uma filha de 18 anos. Assim como Jéssica Leite, estuda na Universidade Católica e vai de ônibus para a faculdade. Nos últimos dias, tenho perdido o sono. Minha filha está desprotegida. Há duas semanas, três jovens foram violentadas covardemente. Foram embebedadas e ficaram vulneráveis. Não puderam dizer não! Na terça (14/6), Jéssica morreu. A […]

Autor Maria Eugênia

atualizado

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mulher chorando
1 de 1 mulher chorando - Foto: Reprodução

Tenho uma filha de 18 anos. Assim como Jéssica Leite, estuda na Universidade Católica e vai de ônibus para a faculdade. Nos últimos dias, tenho perdido o sono. Minha filha está desprotegida.

Há duas semanas, três jovens foram violentadas covardemente. Foram embebedadas e ficaram vulneráveis. Não puderam dizer não! Na terça (14/6), Jéssica morreu. A 200 metros de casa, numa pracinha, em plena luz do dia. Levou uma facada certeira no peito e agonizou por 10 minutos.

Diante de tragédias como essas, como uma mãe dorme tranquila sabendo que alguém pode colocar alguma substância dopante na bebida (até mesmo na água) de sua filha e abusar dela?

Por mais que elas sejam bens criadas, orientadas e tenham noção do perigo, nem sempre o caráter, a educação e a atitude são suficientes para barrar a barbárie.

Como uma mãe dorme tranquila sabendo que sua filha pode ser abordada no estacionamento ou na entrada da garagem por um criminoso que não tem nada a perder, disposto a tomar de assalto o carro que ela dirige custe o que custar?

Como uma mãe dorme tranquila sabendo que a vida vale menos do que um celular usado e que uma simples reação pode desencadear um tiro ou uma facada fatal e levar de você o seu maior tesouro?

Como dorme tranquila uma mãe cuja filha, que nunca deu trabalho na escola, que sempre foi responsável e obediente, pode ser assassinada a caminho da faculdade?

Como uma mãe dorme tranquila sabendo que mesmo sem ter a intenção, a sua filha pode despertar o pior dos sentimentos, a obsessão? Afinal, quem ama demais mata.

Como uma mãe dorme tranquila sabendo que a vida vale quase nada nesse mundo em que objetos roubados viram moeda valiosa na troca por maconha, crack, cocaína e outros tipos de drogas?

Quando gestamos nossas filhas, só desejamos o bem para elas… sonhamos com uma vida cercada de amor, realizações e felicidade. Claro que não são princesas enclausuradas em castelos. Devemos criá-las para a vida. Para o bem e para o mal. Elas têm que saber que existem obstáculos, que o mundo não é perfeito e precisamos dar a elas armas para enfrentar as diversidades.

Mas por mais que ensinemos, elas (e nem nós) não estão preparadas para enfrentar tanta selvageria.
Por mais que sejam fortes, elas estão vulneráveis às ações daqueles que contam com a impunidade para matar por muito pouco.

Por mais que estejam atentas, não conseguem vencer a escuridão das nossas ruas. Por mais que sejam amadas, são vitimas daqueles que não sabem dividir. Por mais que sejam bem sucedidas, são alvos daqueles que fracassaram. Por mais que sejam a luz das nossas vidas, significam apenas poder e diversão para aqueles que as maltratam.

Dói saber que não podemos evitar que elas sejam vítimas, que virem estatística. Diante de tantas atrocidades, quem, além de nós, vai proteger nossas meninas?

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