Quem não gosta de Uber, bom sujeito não é
Sem rodeios, porque, de táxi ou de Uber, circular por Brasília é caro. Então, numa adaptação emprestada de Dorival Caymmi, quem não gosta de Uber, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé. Durante meses, tive a chance de experimentar e comparar os serviços em Brasília e São Paulo. E não […]
Lilian Tahan
atualizado
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Sem rodeios, porque, de táxi ou de Uber, circular por Brasília é caro. Então, numa adaptação emprestada de Dorival Caymmi, quem não gosta de Uber, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé.
Durante meses, tive a chance de experimentar e comparar os serviços em Brasília e São Paulo. E não há meio termo. O Uber é melhor que o táxi, e pronto.
Em geral, o serviço é mais confortável e sempre mais barato. Até porque, quando a tarifa está mais cara, o Uber, inteligentemente, avisa o usuário, dando a opção pela desistência da corrida.
Podemos separar as vantagens do Uber em duas categorias. As de caráter acessório e aquelas fundamentais, que deixam a sua vida mais prática no dia a dia e são capazes de mudar a sua rotina para melhor, definitivamente.
Água, balinha, waze como padrão de rota, e um certo ar cerimonioso são um mimo que o Uber oferece. Bem legal. Mas o que tem potencial para fazer de você, usuário, um sujeito com mais mobilidade dentro dos espaços urbanos é a chance de pagar mais barato numa corrida. Nisso, o Uber, como alternativa para o transporte individual de passageiros, é imbatível. Especialmente, na modalidade compartilhada, que já está disponível em São Paulo, por exemplo.
Ela funciona assim. Você marca a alternativa pool e o motorista pega até quatro passageiros. E racha a conta na mesma proporção. Obviamente, existe a lógica que só um aplicativo perspicaz é capaz de aplicar ao modelo. São todos passageiros relativamente próximos um do outro e que estejam indo mais ou menos para a mesma direção.
Como, então, imaginar que um serviço mais barato e mais bem prestado pode ser ruim? Não, não é. É muito, mas muito melhor que o táxi como conhecemos hoje. Portanto, em termos de relação comercial, o Uber é mais vantajoso para o usuário.
Por que, então, os governantes têm tanta dificuldade de abrir as portas desse serviço em Brasília? Porque terão de admitir como o atual sistema é ruim. Mais que isso, terão de mudar as regras do jogo com os carros em movimento. Mudar gera desgaste político, especialmente se o tema não é consenso. Ou seja, é preciso desapego no presente para tomar a melhor decisão que repercuta a médio e longo prazo. Uma equação difícil de seduzir políticos bitolados no processo sazonal das eleições.Nesse contexto, os taxistas, por mais arredios que sejam, na verdade, se tornaram vítimas de uma amarração que tem a cara mal-ajambrada do governo. De uma hora para a outra, os motoristas, sujeitos a altos impostos e limitação de licenciamentos, se viram obrigados a mirar pelas janelas de seus táxis um serviço muito mais competitivo.
É de enfurecer os taxistas, mas não deveria ser, de jeito nenhum, o gás paralisante que imobiliza metade dos deputados na Câmara Legislativa. É claro que o Uber tem de passar. E mais claro ainda que o governo precisa arrumar mecanismos inteligentes de iniciar uma nova estrada na gestão dos serviços de transporte individual. O Uber está aí para ensinar boas práticas.